Prefeitura cede equipamentos, mobiliários e carros para a Fundação do ABC

O nível de concentração de político oportunista por metro quadrado bateu recorde na nesta sexta-feira (15/1), durante a inauguração da UPA Central de Santos, que substituirá a gestão do PS Central em gestão terceirizada.

Como sempre, servidores e diretores do Sindicato dos Servidores Públicos de Santos (SINDSERV) estiveram no local para protestar contra a entrega de uma unidade à iniciativa privada. E não é qualquer iniciativa privada. É a Fundação do ABC, OS que tem diversas irregularidades em contratos sendo apuradas em outros municípios e que vai receber o agrado de R$ 19,2 milhões/ano apenas para fazer a gestão/contratação de parte do pessoal que vai atuar na unidade.

Todo sorte de material e equipamento é cedido pela prefeitura. Parte dos funcionários também pertence ao quadro da administração. Fácil demais para a empresa entrar numa unidade novinha em folha, com todos os materiais e equipamentos prontos, parte dos funcionários já disponíveis e ainda sendo a única a participar do chamamento público que deveria selecionar várias OSs pelo melhor preço e melhor estrutura. Quem não quer uma bocada destas? Resta saber a que preço e quem pagará essa irresponsabilidade, já que não existe almoço grátis, como temos visto agora no Petrolão.

Veja abaixo tudo o que a Prefeitura está dando para a OS, além dos R$ 19,2 milhões por ano. O Decreto foi publicado nesta sexta (15/1), no Diário Oficial do Município.

 

Paulo Alexandre saúda vereadores que votaram a favor das OSs e manda indireta para a categoria que é contra a terceirização

O blá blá dos políticos nos cerimoniais de inauguração é mais intragável que purgante. Mas é preciso ouvir com atenção para saber até onde vai a cara de pau. A do prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) vai longe.

Ele fez questão de dar efusivos parabéns aos vereadores que aprovaram a lei que autorizou o município terceirizar várias áreas dos serviços públicos. E de mandar aquela indireta aos servidores que temem pelo sucateamento e precarização das condições de trabalho nas unidades terceirizadas.

Veja o que ele disse:

“Teremos aqui um novo modelo de gestão. Uma aposta da Prefeitura de Santos na parceria com Organizações Sociais. No mundo inteiro isso funciona. No Ministério da Saúde existem parcerias nesse sentido. Na Secretaria de Estado existem parcerias nesse sentido. Parcerias que são apolíticas, apartidárias, que são para o bem da população, para melhorar e evoluir na qualidade do serviço público. E aqui eu quero fazer um registro. Agradecer os vereadores que votaram e aprovaram essa lei que permite a cidade hoje ter organização social. Político nenhum pode estar na zona de conforto. Não pode ter medo de embate. Quem tem medo de crítica não pode ser político, tem que escolher uma outra atividade pra fazer. Quando a gente tem convicção que está fazendo certo, a gente tem que enfrentar todas as resistências, principalmente aquelas que são corporativas, os interesses que são muitas vezes seletivos. Os vereadores aqui estão de parabéns, porque a gente só pode fazer isso aqui hoje pelo comprometimento da Câmara. Não tenho dúvida de como em todo o lugar a gente tem os bons e os maus exemplos, quem torce pra dar errado sempre cita os maus exemplos, que com certeza não faltam”.

Enquanto afaga os vereadores que fizeram direitinho a lição de casa, o prefeito ataca os servidores que defendem os serviços públicos de qualidade, sem interferência de empresas que apenas visam lucro, dizendo que são corporativistas.

Por que o prefeito de Santos está entregando de mão beijada R$ 19,2milhões, equipamentos, mobiliários e toda a sorte de material e um prédio totalmente novo cedido pela Fundação Lusíada para uma empresa simplesmente contratar funcionários terceirizados e gerenciá-los??? Por que esse mesmo valor não foi investido no PS Central, ou mesmo no novo prédio cedido, mas mantendo o serviço direto, contratando mais profissionais por concurso? Por que a figura do intermediário? E ainda mais de um intermediário que já causou estragos em outros municípios (só em Praia Grande terá de devolver R$ 1,3 milhão aos cofres municipais)?

São perguntas que o discurso festivo do candidato à reeleição para correligionários e políticos não respondeu, mas que os fatos responderão com o passar do tempo.

O prefeito teve oportunidade de elucidar todas essas questões ao ATAQUE AOS COFRES PÚBLICOS, mas sua assessoria de imprensa se recusou a autorizar entrevistas solicitadas. Também tentamos via assessoria e pessoalmente que estas e outras questões fossem respondidas pelo Secretário de Saúde, Macos Calvo. Ele se negou a falar, tal como a assessoria de imprensa recomendou.

Dentre as perguntas que o ATAQUE AOS COFRES PÚBLICOS faria está a seguinte: Por que o Prefeito não cumpriu a promessa que fez aos servidores, durante debate na época de campanha eleitoral, de que HOJE MANTIDOS PELOS SERVIDORES SERIAM MANTIDOS? Se a UPA Central vai substituir o PS Central, os serviços hoje executados pelos servidores não foram mantidos. Eles foram terceirizados/privatizados para uma OS. Veja a declaração no vídeo, a partir do 04’23”

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