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15/03/2021     nenhum comentário

FUABC É REPROVADA TAMBÉM NA SAÚDE TERCEIRIZADA DE MOGI

Organização Social que atua no ABC Paulista e em Santos é alvo de denúncias e reclamações de usuários de duas UPAs de Mogi das Cruzes

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Mais uma cidade sofre os reflexos negativos da política da terceirização da saúde nos municípios paulistas. Em Mogi das Cruzes usuários de uma Unidade de Pronto Atendimento contaram à reportagem do jornal Gazeta Regional que sofrem com longas esperas e ambientes com aglomeração.

À frente do serviço está a organização social (OS) Fundação do ABC. A entidade privada, que ostenta uma ficha corrida enorme de irregularidades e investigações por falhas e ineficiência, é a mesma responsável pela gestão da UPA Central de Santos. Há três dias a OS foi alvo de reportagens mostrando os problemas de atendimento na cidade litorânea (veja aqui). E no dia 12 outra matéria mostra que a empresa teve mais uma condenação no Tribunal de Contas, por falhas na prestação de contas relativa à gestão do Hospital Municipal de Bertioga (leia aqui).

Abaixo reproduzimos a matéria do jornalista Aristides Barros. Para ler direto na página, clique aqui.

Demora no atendimento gera reclamações de pacientes que frequentam a UPA do Rodeio, em Mogi

Críticas são sobre a forma como são atendidos, quando são, e a longa espera por informações

Por Aristides Barros / Foto: Bruno Arib

A UPA do bairro do Rodeio, em Mogi das Cruzes, é duramente criticada por pessoas que levam parentes ou conhecidos para receber socorro médico no local – que é gerido pela OSS (Organização Social de Saúde) Fundação do ABC.

As reclamações vão desde a demora no atendimento, ao longo tempo de permanência no local sem que apareça ninguém para prestar informações sobre a pessoa atendida, ou sequer se a mesma está recebendo atendimento.

Na avalanche de queixas surgem denúncias de mau atendimento, como relatado pela universitária Luana dos Santos, que na noite de sábado para domingo (6) levou sua avó Maria Lúcia dos Santos, 71 anos, na UPA. “Ela estava com a pressão alta, chegamos lá e demoraram para chamá-la para a sala do médico. Mesmo depois, ela não foi medicada e também não passaram nenhuma receita. Aí levamos ela para outra UPA da cidade”, disse a universitária.

Ela contou que o mau atendimento à sua avó ocorreu sob a alegação de que a UPA estava sendo lavada e ainda acrescentou que, para aumentar o descaso com as pessoas, viu um médico dedilhando um celular. “Corre mais risco é quem vai naquele lugar precisando de ajuda”, disse.

Devido à pandemia, a recomendação é que acompanhantes de pacientes os aguardem do lado de fora para evitar aglomerações nas unidades de saúde. O mesmo vale para a UPA do Rodeio. Todavia, sem poder entrar, eles ficam sem qualquer informação acerca da pessoa que levaram para ser atendida no local.

Sem contato
O técnico em enfermagem Jonathan Alves de Campos, 20, ficou das 12 horas até às 17 horas esperando que sua mãe fosse atendida. Nas cinco horas em que ficou no local, não recebeu nenhuma informação se ela, que foi para a unidade médica sentindo dor na garganta e nas costas, tinha sido atendida ou não.

Como é profissional da saúde – trabalha na cidade de Ferraz de Vasconcelos -, fez críticas à UPA do Rodeio.

“Olha, a gente está acostumado com essa situação, mas em Ferraz o tempo de espera não é tão prolongado assim. Atendemos com rapidez, até para evitar as aglomerações. Minha mãe ainda está esperando atendimento. Aqui é lento e a unidade está muito cheia, é complicado”, disse.

A dona de casa Maria Giane Silva Costa, que sofre de cólica renal, já estava há mais de duas horas à espera de atendimento. “É difícil, mas fazer o que?”, indaga, afirmando que sempre que vai à UPA se depara com a mesma situação. “Está sempre cheia, lotada e o atendimento é demorado”, falou.

O relógio marcava 16 horas e desde as 10 horas Simevaldo Soares dos Santos aguardava sua esposa sair do local.

“Cheguei de manhã e só duas horas depois é que fomos atendidos. Até agora estou aqui esperando ela sair. A direção do posto deveria atender as pessoas mais rápido”, pediu.

Gerson Mota de Miranda não estava há horas na UPA, como a maioria dos entrevistados. Tinha chegado há cerca de 20 minutos no local, mas também criticou pela demora no atendimento.

“É um tempo curto, mas o estado da pessoa é grave, ela sofre de câncer”, resumiu

O que diz a Organização Social de Saúde
O jornal indagou a Fundação do ABC, que é responsável pela gestão da UPA do Rodeio, sobre as críticas dos usuários e soluções aos problemas apontados.

Em nota, a Organização Social respondeu: “A Fundação do ABC informa que não procedem as informações passadas pela reportagem. Não há absolutamente nenhuma queixa referente às unidades mencionadas nos canais de Ouvidoria e Fale Conosco da FUABC que indiquem os problemas mencionados. Queixas pontuais/individuais com o atendimento não refletem a realidade da assistência global prestada, cujos índices de satisfação estão sempre acima das metas estabelecidas. A Fundação do ABC reitera que seus colaboradores passam por capacitação permanente e que os canais oficiais de atendimento aos usuários são termômetros para a avaliação da qualidade dos serviços prestados e não corroboram com as informações passadas pela reportagem.”

Terceirizar o SUS é ruim por vários motivos

Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as OSs não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.

No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.

Há até casos em que esse as organizações sociais são protegidas ou controladas integrantes de facções do crime organizado, como PCC.

No meio desta pandemia, além do medo de se contaminar e contaminar assim os seus familiares, profissionais da saúde enfrentam também a oferta despudorada de baixos salários e falta de estrutura de trabalho, o que contrasta com a importância da atuação deles no combate ao COVID-19.

É evidente que o saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS e, pior ainda: o risco às vidas.

Todos estes anos de subfinanciamento do SUS, de desmantelamento dos demais direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão da Saúde por meio das Organizações Sociais é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.

Não à Terceirização e Privatização da Saúde Pública! Em defesa do SUS 100% Estatal e de Qualidade!

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