DISPUTA ENTRE OSs PODE TER LEVADO A EXECUÇÃO DE DIRETOR DE HOSPITAL, APURA POLÍCIA

O lucro decorrente da corrupção extraída dos contratos com organizações sociais são tão expressivos que as disputas entre estas entidades podem gerar contornos sanguinolentos, como mostra a reportagem do Jornal O Globo.

O jornal detalha que o recém-nomeado secretário estadual de saúde, o médico Carlos Alberto Chaves, solicitou ao secretário estadual da Polícia Militar, Coronel Rogério Figueiredo, a cessão de um fuzil para ser usado por policiais que fazem sua escolta.

No ofício enviado na última quinta-feira, Chaves solicita um fuzil de modelo compacto, quatro carregadores e 100 munições. Diz O Globo:

Ex-diretor de grandes unidades de saúde do estado, Carlos Alberto Chaves tem fama de “xerife”, e ficou conhecido por fazer “choques de gestão” por onde passou. Ele chegou a ser ameaçado quando foi diretor do Hospital Estadual Getúlio Vargas, no ano de 2007.

Mas o que chama a atenção é que a polícia fluminense já investiga uma possível execução de um diretor de hospital terceirizado para uma OS, em São Gonçalo. Tudo indica que José Dídimo do Espírito Santo, diretor-executivo do Hospital estadual Alberto Torres (Heat), foi morto a tiros por encomenda e, não, em meio a um assalto.

Investigadores da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSGI) trabalham com a hipótese de execução motivada por uma disputa de poder na troca da gestão entre duas OSs no hospital.

José Dídimo tinha 59 anos, era agente aposentado da Polícia Federal e teria no último dia 5 teria trocado tiros com quatro homens, após ter sido fechado por eles na Rodovia Amaral Peixoto (RJ-104), no bairro Baldeador, em Niterói.

Funcionários da direção do hospital foram intimados a depor, e os agentes buscam imagens de câmeras de segurança que possam auxiliar na investigação.

No dia 28 de setembro, o Instituto de Desenvolvimento, Ensino e Assistência à Saúde (Ideas), de Santa Catarina, assumiu a administração do Hospital Alberto Torres (Heat), em substituição à organização social a Lagos Rio, cujo contrato venceu no fim de setembro. Ambas as entidades provadas são investigadas por irregularidades com recursos da Saúde. (Veja os links no fim da matéria)

Inicialmente, o Estado havia anunciado que a OS seria substituída pela Fundação Saúde do Estado na administração da unidade. Mas, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), a troca do modelo de gestão sofreu um atraso em função do processo de substituição do secretário estadual de Saúde.

“Desta forma, foi aberto um processo emergencial de seleção de nova organização social para a gestão do Alberto Torres. Deverá ser assinado um contrato de um ano, mas com cláusula que permita a substituição desta OS assim que um contrato definitivo for assinado”, informou na ocasião a SES, em nota.

Nos próximos dias, funcionários da unidade de saúde serão convocados a prestar depoimento. O objetivo é saber se José tinha desentendimento com algum profissional do Heat.

Parentes de José Dídimo, que não quiseram se identificar, acreditam que o diretor executivo do Alberto Torres possa ter sido assassinado pelo cargo que exercia no hospital. Funcionários da unidade contam que a vítima era linha dura e que uma desavença entre a gestão nova e a antiga pode ter acarretado em sua morte.

Testemunhas contam que os quatro criminosos desceram no veículo em que estavam – um Voyage – para um assalto. José Dídimo saiu do carro com a arma em punho, dando início a um tiroteio. Ele foi baleado e os criminosos fugiram. A arma do policial federal aposentado desapareceu.

Por meio de nota, a secretaria afirmou à imprensa fluminense que não houve ameaça ao novo secretário ou qualquer integrante da pasta. O texto oficial descreve que “o fuzil foi solicitado de forma oficial à Polícia Militar como parte das medidas de segurança adotadas pela equipe de segurança institucional”.

Confira abaixo matérias já publicadas pelo Ataque aos Cofres Públicos e que citam as OSs Ideas e Lagos Rio em denúncias de irregularidades:

Justiça do Trabalho bloqueia R$ 5 milhões para os terceirizados do Hospital Florianópolis

ORGANIZAÇÃO RESPONSÁVEL POR HOSPITAL REFERÊNCIA EM COVID 19 DESRESPEITOU CONTRATO

DIRIGENTE DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL É PRESO POR DESVIO DE DINHEIRO NA SAÚDE

OS FICHA SUJA REQUALIFICADA POR WITZEL FEZ APLICAÇÃO FINANCEIRA COM DINHEIRO PÚBLICO