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10/06/2021     nenhum comentário

FAMÍLIA COBRA RESPOSTAS APÓS MORTES NO AME POR FALHA NA USINA DE OXIGÊNIO

“Minha irmã não morreu de causa natural como está no atestado de óbito, ela foi assassinada”, diz a irmã de uma das vítimas, questionando o modo como a FUABC tratou a situação

oxigenio

Em entrevista publicada pelo site Repórter Diário, familiares de uma das vítimas fatais da pane na usina de oxigênio do AME de Santo André demonstram indignação com a forma como a situação está sendo tratada pelo governo de São Paulo e pela organização social gestora do AME, a Fundação do ABC. “minha irmã não morreu de causa natural como está no atestado de óbito, ela foi assassinada”, diz a irmã de Wanessa Disselli, de 41 anos, uma das pacientes que faleceu no dia 1º de junho, após o sistema apresentar falha.

Priscila Disselli está revoltada pela perda. “Quando me disseram que minha irmã tinha falecido por conta de uma falha mecânica do equipamento eu quis saber o que tinha acontecido, pedi para colocar essa informação no atestado de óbito e o diretor do hospital disse que não podia, depois que eu fiz o boletim de ocorrência e falei com ele juntamente com meu advogado em uma chamada de telefone, ele já mudou; disse que não colocou porque assim o corpo da minha irmã iria para o IML e ele não queria causar mais esse constrangimento para a família”, disse Priscilla que até o momento não recebeu o prontuário com as informações sobre o atendimento da sua irmã.

“Eu me sinto desamparada de informações, o diretor do hospital disse que não é culpa dele, o prefeito (Paulo Serra –PSDB) também disse que não tem culpa, mas a minha irmã não morreu de causa natural como está no atestado de óbito, ela foi assassinada. Ela entrou no AME com um quadro considerado leve de covid-19 e foi piorando. Os funcionários disseram que havia 15 dias que o equipamento não estava funcionando direito e isso coincidiu com o tempo que a minha irmã ficou internada lá, ela ficou 14 dias, então como um profissional de saúde sabe disso e não tomaram uma providência, esperaram a morte de três pessoas”, lamenta a irmã de Wanessa.

Uma semana após a morte de Wanessa e também de um ouyro paciente de 41 anos e uma idosa, de 81, ninguém foi indicado como provável responsável pela situação e as famílias estão desamparada. Oficialmente o que se sabe é que um processo de apuração foi instaurado na FUABC e que a Secretaria Estadual de Saúde determinou à OS que afastasse prováveis envolvidos. O caso também é investigado pela polícia que ainda está ouvindo os funcionários da unidade.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública disse que “o caso é investigado por meio de inquérito policial instaurado pelo 6° Distrito Policial de Santo André. Exames periciais foram solicitados ao Instituto Médico Legal e, assim que finalizados, serão anexados ao inquérito policial. Oitivas e intimações dos responsáveis técnicos e diretores da unidade de saúde estão sendo realizadas. Detalhes não podem ser passados no momento para não prejudicar os trabalhos”.

A secretaria estadual de Saúde informou que determinou à FUABC que os funcionários envolvidos sejam afastados. “A Secretaria de Estado da Saúde determinou a abertura de sindicância no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Santo André com relação aos óbitos dos pacientes ocorridos em 1º de junho. No próprio dia a pasta estadual determinou que a Fundação ABC, organização social de saúde gestora da unidade, afastasse temporariamente todos os eventuais responsáveis até que os fatos sejam apurados. À ocasião, a manutenção da usina de oxigênio foi prontamente realizada para retomada imediata do serviço. A Secretaria e o AME se solidarizam com as famílias e tomarão as providências cabíveis”, informou a pasta estadual em nota.

Apesar da determinação de afastamento dos envolvidos, a FUABC disse que vai aguardar os laudos periciais e o resultado de uma sindicância para novas providências.

A fundação informou, em nota, que as atividades do Hospital de Campanha do AME de Santo André foram paralisadas no dia 4 de junho, somente três dias após as mortes e que aguarda laudos para um posicionamento mais detalhado sobre o que aconteceu. “A unidade será submetida à perícia externa, realizada por empresa especializada em Engenharia Hospitalar. A perícia terá duração de pelo menos 15 dias e tem no escopo visita técnica na unidade; análise documental; perícia técnica de todos os equipamentos; perícia técnica de processos e planos operacionais; outras ações a partir das verificações nas visitas e análises”, diz a Organização Social de Saúde.

A FUABC também informa que está apurando se houve responsabilidade de algum funcionário.

Apesar do equipamento ser estadual e a demanda para leitos ser organizada pelo Cross (Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde) órgão da Secretaria Estadual de Saúde, na Câmara Municipal de Santo André foi aprovada a criação de uma Comissão de Assuntos Relevantes, para investigar o caso, porém a formação desta comissão ainda não foi instituída.

A escolha dos membros estava prevista para esta terça-feira (08/06), porém não aconteceu. O vereador Ricardo Alvarez (Psol) disse que a pauta do dia estava travada e, portanto, a formação da comissão deve ocorrer somente nesta quinta-feira (10/06).

O parlamentar apresentou na Casa um requerimento de informações à prefeitura, com base em informações do Conselho Regional de Fisioterapia, porém o requerimento foi rejeitado. “Numa casa onde o governo tem a maioria como em Santo André, é difícil conseguir passar algum pedido de apuração. A oposição fica sem conseguir exercer seu papel e o povo também não pode falar porque desde o início da pandemia a Tribuna Livre foi suspensa, o que poderia ser tranquilamente feito on-line como acontece grande parte dos trabalhos da Casa atualmente”, resumiu.

Um escândalo atrás do outro

Nas últimas semanas a OS FUABC tem protagonizado um caso seguido do outro envolvendo irregularidades e mortes suspeitas de negligência. O último tem a ver com a troca de corpos de pacientes falecidos por coronavírus em um hospital de Mogi das Cruzes, gerenciado pela OS. A situação foi relatada na sexta-feira (4), pela imprensa.

O corpo de uma mulher chegou a ser enterrado por engano, em um cemitério diferente do reservado pela família, isso porque houve falha na hora da liberação no hospital.  Veja aqui.

Dias antes, o escândalo envolvendo a Fundação teve a ver com o fura-fila na vacinação. Funcionários de alto escalão, ligados à presidência da OS foram vacinados antes do prazo correto, sem estarem no grupo de risco. O caso está sendo apurado pelas autoridades policiais, pelo Ministério Público e também em comissões parlamentares de várias Câmaras da região do Grande ABC.

Veja os últimos links sobre estes e outros episódios que depõem contra a empresa :

INQUÉRITO INVESTIGA MORTES POR FALTA DE OXIGÊNIO EM AME GERIDO PELA FUABC

UNIDADE DA FUABC TEM PANE E PACIENTES MORREM SEM OXIGÊNIO

POLÍCIA INVESTIGA ENFERMEIRO SUSPEITO DE MOLESTAR PACIENTE EM HOSPITAL GERIDO PELA FUABC

FUABC DEVE R$ 109 MILHÕES PARA A PREVIDÊNCIA

CONTRATO MILIONÁRIO DA FUABC ‘É PAGO COM SOFRIMENTO DO POVO’, DENUNCIA JORNAL

FUABC É REPROVADA TAMBÉM NA SAÚDE TERCEIRIZADA DE MOGI

COVID: UPA CENTRAL DE SANTOS GERA RECLAMAÇÕES POR ESPERA DE 5 HORAS

Caso em UPA da capital

Em março desta ano, dez pacientes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ermelino Matarazzo, na Zona Leste de São Paulo, foram transferidos durante a madrugada do dia 20 por conta de problemas no fornecimento de oxigênio na unidade.

Na ocasião, uma fila de ambulâncias se formou na porta da UPA para transportar pacientes com Covid-19 para outros serviços de saúde, com mostra o vídeo abaixo. A falha é alvo de investigação do Ministério Público.

Em Santos, a UPA Central, administrada pela FUABC também foi palco de mortes suspeitas de negligência. Antes da pandemia, parte da Câmara tentou abrir uma comissão especial de inquérito (CEI) para averiguar os casos, mas os vereadores da situação conseguiram impedir que o requerimento de instalação tivesse o número mínimo de assinaturas.

Logo que foi aberta, em 2016, a mesma UPA, comandada pela mesma OS, foi alvo de reportagens sobre a morte de um paciente encontrado em parada cardiorrespiratória no banheiro da unidade. O médico que denunciou problemas nos protocolos de atendimento e reclamou do número reduzido de profissionais foi demitido pela empresa. Relembre aqui.

SISTEMA FRAUDULENTO ORGANIZADO PARA LUCRAR ÀS CUSTAS DO ESTADO

Ocips e Organizações Sociais (OSs), ONGs e outros tipos de entidades “sem fins lucrativos” recebendo dinheiro público nada mais são que empresas com redes de atuação (muitas vezes bem organizadas e sofisticadas) para lucrar burlando os mecanismos de controle de gastos em áreas públicas e fraudando o estado. Quase sempre atuam em vários municípios de mais de um estado da federação.

Conforme documento da Frente em Defesa dos Serviços Públicos, Estatais e de Qualidade, “OSs e oscips somente se interessam em atuar em cidades e em serviços onde é possível morder sobretaxas nas compras de muitos materiais e equipamentos e onde pode pagar baixos salários. O resultado é superfaturamento nas compras (o modelo dispensa licitação para adquirir insumos e equipamentos), a contratação sem concurso público de profissionais com baixa qualificação e, por vezes, falsos profissionais.

O dinheiro que é gasto desnecessariamente nos contratos com estas empresas sai do bolso do contribuinte, que paga pelos serviços públicos mesmo sem utilizá-los e acaba custeando o superfaturamento e os esquemas de propinas para partidos e apadrinhados políticos”.

No meio desta pandemia, além do medo de se contaminar e contaminar assim os seus familiares, profissionais da saúde enfrentam também a oferta despudorada de baixos salários e falta de estrutura de trabalho, o que contrasta com a importância da atuação deles no combate ao COVID-19.

É evidente que o saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS e, pior ainda: o risco às vidas.

Todos estes anos de subfinanciamento do SUS, de desmantelamento dos demais direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão da Saúde por meio das Organizações Sociais é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.

Não à Terceirização e Privatização da Saúde Pública! Em defesa do SUS 100% Estatal e de Qualidade!

 

 

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