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11/08/2020     nenhum comentário

SUSPEITAS DE FRAUDE E SUBNOTIFICAÇÕES RONDAM TESTAGEM DE COVID-19 EM SANTOS

Denúncias ocorrem ao mesmo tempo em que há a elevação da média móvel de mortes pela doença na Cidade

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Mostramos recentemente aqui no Ataque aos Cofres Públicos questionamentos sobre a procedência e o alto custo dos testes rápidos comprados pela Prefeitura de Santos. A vereadora Telma de Souza (PT) fez um requerimento ao prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) pedindo explicações sobre a compra e a empresa que, curiosamente, não é do ramo da Saúde e tem o endereço localizado em cima de uma loja de colchões, em Praia Grande. Veja aqui a reportagem.

Nesta terça (11), o Jornal Diário do Litoral traz mais alguns elementos sobre o assunto, a partir de uma entrevista com um advogado que ingressou com uma ação popular contra a administração municipal, a Fundação Parque Tecnológico de Santos e a Mar Brasil Serviços e Locações Eirelli. Ele alega que houve danos ao erário na aquisição dos kits de testagem sorológica. Veja aqui a reportagem na íntegra.

O advogado Eduardo Elias alega que faltam informações no portal da transparência e questiona o valor da compra em regime emergencial. Segundo a reportagem, a Mar Brasil está sendo investigada pelo Ministério Público (MP) e estaria sediada numa sala que sequer tem luz elétrica. Ela e sua distribuidora também não teriam registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

RESTRIÇÕES A TESTES PCR PREOCUPAM

Além da situação nebulosa envolvendo a compra e a qualidade de testes rápidos (sorológicos) para detectar Covid-19, existem mais problemas em toda a política municipal de monitoramento da pandemia.

Mudanças no laboratório e na testagem da população pelos testes chamados PCR (por swab nasal) podem estar restringindo significativamente o número de resultados positivos e gerando subnotificação de escala considerável, inclusive de pacientes sintomáticos. De acordo com relatos dos profissionais da saúde, as alterações na dinâmica de coletas de amostras comprometem seriamente a luta contra a doença no campo em que este combate é crucial, que é o campo da atenção primária.

A consequência, não por acaso, é o crescimento da média móvel (em um período de sete dias) de mortes de 3 para 4 óbitos (também noticiada nesta terça pela imprensa local, veja aqui).

 

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Outro indicador que reflete as ações equivocadas na política de testagem é a altíssima taxa de mortalidade santista em comparação com outras cidades e capitais.

Os números da Prefeitura até a última terça (11) eram de 498 óbitos confirmados e mais 27 em investigação. No monitoramento por cidades do portal G1, no entanto, a Cidade já aparecia com 500 mortes. Veja abaixo:

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E no monitoramento do sistema oficial de registro civil eram, no dia 11, 568 mortes confirmadas e suspeitas (44 a mais que a soma de mortes confirmadas e em investigação que a Secretaria Municipal de Saúde informa). Veja abaixo:

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Nesta quarta (12), a Prefeitura contabiliza 503 mortes na pandemia.

ENTENDA COMO A SUBNOTIFICAÇÃO ACONTECE

O Ataque aos Cofres Públicos apurou que os equívocos da política de testagem da Prefeitura começaram a gerar grande margem de subnotificação na Cidade desde que, há pouco mais de um mês, o Governo mudou o laboratório que faz a análise dos testes PCR (por swab nasal).

A empresa anterior era o Laboratório Genoma. O novo contrato é com o Laboratório Instituto Adolpho Lutz (IAL), que, segundo apuramos, trabalha com outras empresas terceirizadas nas análises de amostras.

Três foram os fatores que passaram a restringir em cerca de 30% o número de pacientes efetivamente testados, bem na época em que a Prefeitura aumentou a pressão para o Governo do Estado mudar a classificação epidemiológica de Santos, da fase vermelha para a fase laranja. Entenda o que mudou:

  1.  Antes, o Genoma analisava amostras de todos os pacientes com sintomas que procuravam as unidades. Quando o IAL passou a ser responsável pelo serviço, apenas pacientes do chamado grupo de risco passaram a ser testados. As pessoas que não eram idosas e não tinham comorbidades (mesmo as clinicamente diagnosticadas com a doença) não podiam mais ser testadas com o PCR. Muita gente ficou inconformada. Com a grande pressão que a população passou a fazer contra os profissionais das policlínicas, os servidores apelaram à Secretaria e só após uma semana de mudança no contrato é que os testes de todos os sintomáticos passaram a ser feitos. Mas muita gente ficou sem ser testada. Em cada uma das 32 policlínicas e também nas UPAs dezenas de pessoas voltaram para suas casas sem fazer o exame. 
  2. Antes, o Genoma analisava amostras colhidas entre o 3º e o 10º dia de início dos sintomas. Com o IAL, a exigência mudou. Apenas pessoas entre o 3º e o 7º dia de manifestação de sintomas passaram a ser testadas
  3. Com a mudança de laboratório, o número de amostras descartadas/devolvidas também aumentou muito. O IAL diz que esses casos descartados devem-se a amostras colhidas fora da ‘janela’ de sintomas (3º ao 7º dia). No entanto, profissionais fazem esse controle. As informações arquivadas nos prontuários comprovam que só são enviadas amostras de pacientes com início dos sintomas dentro do período estipulado. No entanto, mesmo informando isso ao Laboratório, mesmo a SMS ciente desses descartes equivocados, esses pacientes ficavam sem respostas. Possivelmente estavam com a doença, não foram informados disso e não fizeram o isolamento correto.

Além de tudo isso, há mais dificuldades. A demora maior no resultado dos exames compromete o diagnóstico precoce e, portanto, prejudica a vigilância epidemiológica e a prevenção de novos contágios. Com o primeiro laboratório, os resultados dos testes demoravam em média 3 dias para ficarem prontos. O novo laboratório aumentou essa espera para 10 dias. Isso atrasa o monitoramento dos casos e causa um delay nas ações de controle.

Por isso temos um número tão expressivo de mortes. Na opinião dos profissionais ouvidos pelo Ataque aos Cofres Públicos, o trabalho na ponta, que é a atenção primária e a testagem, não está recebendo o suporte que deve. Isso nos traz mais uma conclusão: Santos, possivelmente, não chegou no pico da pandemia ainda.

Taxa de mortalidade é a mais alta

A taxa de mortalidade de Santos, considerando os dados da Prefeitura, é de 116 óbitos confirmados por 100 mil habitantes. Continua sendo uma das mais altas do mundo, superando as taxas de mortalidade da cidade de São Paulo (85), do Estado (56) e do Brasil (48).

Em números absolutos de mortes confirmadas, Santos está em situação pior do que de algumas capitais como Porto Alegre (RS), Vitória (ES), Boa Vista (RR) e Rio Branco (AC).

Importante lembrar que a situação preocupante tem participação também da maioria dos vereadores, que fizeram coro para o prefeito afrouxar a quarentena e abrir precocemente o comércio, atendendo à pressão dos empresários.

Os vereadores também não cumprem seu papel fiscalizatório, pois se omitem diante da falta de transparência do Governo em relação ao detalhamento dos gastos com a pandemia.

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