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13/03/2017     nenhum comentário

PS Central atende de porta aberta e UPA restringe emergências do SAMU

Servidores da saúde denunciam precarização da unidade, que mesmo sucateada serve de retaguarda para a UPA terceirizada comandada pela Fundação do ABC.

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Enquanto a Fundação do ABC recebe quase R$ 20 milhões ao ano para manter a UPA de Santos, a unidade do antigo Pronto Socorro Central segue sendo sucateada pelo atual governo.

O serviço onde funcionava o antigo PSC está sem alguns equipamentos necessários para monitorização de casos complexos e, mesmo assim, absorve cada vez mais a demanda que deveria ser encaminhada para a UPA.

Mesmo funcionando com déficit de funcionários e com condições não ideais, nas últimas semanas o serviço municipal anexo à Santa Casa teve seu papel como retaguarda da UPA aumentado em muito.

Fontes confirmaram que a unidade está funcionando, na prática, com a ‘porta aberta’ para pacientes de emergência atendidos pelo SAMU. Ou seja, os socorristas que atendem os chamados nas ruas se dirigem diretamente o PSC em vez de seguirem com os pacientes primeiramente para a UPA. A mudança no destino do primeiro encaminhamento é constante e ocorre sempre por determinação superior. No Carnaval essa situação chegou ao ápice e virou quase que permanente.

Vale lembrar que quando a UPA foi inaugurada, o então Secretário de Saúde, Marcos Calvo, garantiu que o PSC funcionaria sempre de ‘portas fechadas’, apenas para atender pacientes oriundos da UPA e que precisassem aguardar vaga de internação. Não é o que vem acontecendo.

A UPA terceirizada consome, por meio da Organização Social Fundação do ABC, grande somas financeiras dos cofres municipais, mas o que tem resolvido os problemas de fato dos pacientes é o serviço municipal, ainda que precarizado.

Para se ter uma ideia, conforme os relatos ouvidos pelo Ataque aos Cofres Públicos, o local teve de ‘ceder’ vários equipamentos médicos para a unidade da Silva Jardim. Além disso, abastece frequentemente a UPA com materiais, insumos e medicamentos. Como se não bastasse, atua com equipes reduzidas, já que os servidores que faziam vários plantões extras agora só podem fazer um por mês, o que compromete o número ideal de profissionais nas equipes.

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Apesar de tudo isso, a unidade municipal é peça chave na hora de salvar vidas de pacientes encaminhados pela UPA. O estado em que alguns pacientes que chegam no antigo PSC, encaminhados do serviço terceirizado, mostra que eles não têm atendimento inicial condizente com o que o caso exige.

“A população não sabe o que acontece realmente. Está anestesiada. Eles (UPA) querem se livrar dos doentes. Vi paciente com varias perfurações, por tentativas frustradas de passar intracath, que é o acesso venoso central. Chegou com quadro de pneumotórax de lá”, diz uma fonte que pede para não ser identificada.

Outra fonte reforça. “A maioria é recém-formado. Estão estagiando, treinando lá. Tentam colocar o intracath (tipo de acesso venoso central) e perfuram o pulmão das pessoas, não conseguem pegar a veia e depois mandam tudo para a UTI do Central com pneumotórax. Fora os pacientes que já chegam contaminados com bactérias por conta de material mal esterilizado na UPA”.

Porta aberta

Os relatos também ressaltam o aumento do volume de trabalho e a sobrecarga na unidade municipal. “Quando eles mandam abrir a porta, vai tudo para o PSC antes de passar pela UPA. Isso está acontecendo com muita frequência. A UPA só está funcionando porque tem o PS. Falta material, eles vão pegar lá no PS. Falta remédio, também pegam lá. E estamos em equipes reduzidas. Agora só pode fazer um plantão extra por funcionário. Quando falta um, temos que trabalhar dobrado”.

Uma outra pessoa ouvida, desta vez na condição de acompanhante de paciente, segue na mesma linha. “No Carnaval foi impressionante. Porta aberta e sem material suficiente. As vezes eles mandam tantos pacientes que muitos ficam internados na sala de emergência. Alguns médicos se recusam a ficar com pacientes enfartados porque nem monitor cardíaco a UTI do PSC tem. Mas a ambulância para remoção que é usada pela UPA é a do PS Central, ou seja, da Prefeitura”.

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Um funcionário que pede para não ser identificado conta que quando a UPA foi inaugurada foram levados vários equipamentos e instrumentos que estavam no PSC para a unidade nova. “Faltava qualquer coisa iam lá buscar. Nós ficamos sem estrutura, mas temos que dar conta. Muitas vezes o paciente que vem da UPA está há dois dias sem tomar banho. Não higienizam porque sabem que vão remover depois. Tem alguns que vem sem acesso venoso. Como uma pessoa fica internada sem acesso? A UPA é uma unidade de aparência. O governo sucateia o serviço público, não repõe nem a inflação nos salários, mas é a experiência dos servidores, mesmo com as piores condições, que garante a retaguarda para o serviço caro prestado pela OS”.

Outro problema mencionado é a falta de segurança na unidade do antigo PSC. “As portas ficam abertas e qualquer um pode entrar. Na parte da noite e durante a madrugada ficamos ainda mais vulneráveis. As pessoas não respeitam o horário de visita, qualquer um entra na enfermaria a hora que quer. Se falamos alguma coisa, nos arriscamos a ser agredidos. Já pedimos providências, mas não fomos ouvidos”.

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Fundação do ABC deve R$ 84 milhões para o INSS

Circulou nas redes sociais na última semana a informação de que a Fundação do ABC, a Organização Social que administra a UPA Central de Santos, está na lista das 500 maiores empresas devedoras da Previdência Social.

Confirmamos a veracidade da informação. Segundo a lista divulgada pelo Ministério da Fazenda, a Fundação do ABC deve exatos R$ 84.411.565,93 e ocupa a 327ª colocação no ranking dos maiores caloteiros do País junto ao INSS. O documento com a relação e os detalhes pode ser acessado por meio do site da ONG Repórter Brasil (www.reporterbrasil.org,br), em um dos links da matéria veiculada no último dia 13 de fevereiro.

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A Constituição Federal diz, em seu 195º artigo (parágrafo 3º do inciso IV), que “pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social não poderá contratar com o Poder Público”.

A grande pergunta é: Por que a Fundação do ABC foi qualificada pela Prefeitura como Organização Social apta a gerir uma unidade de saúde no município se estava em dívida com a Previdência? A Comissão de Publicização não se atentou a esse “pequeno” detalhe? A Secretaria de Saúde comeu bola? Ou a informação era de conhecimento das autoridades e foi convenientemente “ignorada” para que não houvesse interrupção no processo de terceirização e embaraço à única entidade que se candidatou no chamamento público?

Em Santos tudo é possível, ao arrepio da lei. A Fundação do ABC até hoje não cumpre lei municipal aprovada no fim do ano passado, que exige que as OSs detalhem vários pontos dos serviços por elas prestados em seu site. O governo não fiscaliza e minimiza o descumprimento da lei.

Ainda no que tange às OSs, a própria Prefeitura atropela a legislação municipal. O que dizer da qualificação e contratação do Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz, com apenas 14 meses de existência quando a lei municipal exige no mínimo três anos de experiência das entidades?

Continuaremos a repetir: a terceirização é um câncer nos serviços públicos e a fiscalização das entidades/empresas é uma farsa.

 

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