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24/01/2017     nenhum comentário

Prefeitura prepara terreno para aumentar repasse à UPA, mesmo com serviço ruim

Enquanto a Prefeitura faz propaganda com o dinheiro da população, o tormento na unidade terceirizada prossegue.

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No último dia 16, no Diário Oficial de Santos, a Prefeitura publicou uma matéria comemorando um ano de funcionamento da UPA Central, terceirizada para a Organização Social Fundação do ABC.

Longe de fazer um balanço realista do serviço – reprovado conforme relatos dos próprios usuários -, a administração ignora os vários problemas no atendimento e ainda afirma que a unidade possui um padrão a ser seguido pelas futuras UPAs.

Além de omitir todas as fragilidades do serviço que sequer é fiscalizado, a Prefeitura ressaltou que em um ano a quantidade de atendimentos dobrou. Tal afirmação abre caminho para o já anunciado reajuste no valor do contrato com a OS. Atualmente, a empresa recebe R$ 19,1 milhões por ano se a atingir as metas previstas do Plano de Trabalho.

Como a Prefeitura não fiscaliza o serviço e aceita de olhos fechados todos os dados passados pela OS, é muito provável que o aumento no valor do contrato seja conhecido nas próximas semanas.

Se houve de fato um aumento na demanda, ela ocorreu em virtude do fechamento de serviços de urgência e emergência em outros municípios, como São Vicente e Cubatão. Mesmo assim, conforme os pacientes, a demora para atendimento não fez com que a Fundação do ABC adequasse suas equipes, inserindo mais profissionais por plantão para manter a qualidade no serviço. Pelo contrário. A falta de funcionários em quantidade suficiente é constantemente lembrada, ora nos consultórios, hora no setor de enfermagem, contradizendo o atual secretário de Saúde, Fábio Ferraz, que fala em serviço de “referência”.

Enquanto a Prefeitura faz propaganda com o dinheiro da população, o tormento na unidade terceirizada prossegue.

Aqueles que realmente usam o serviço podem atestar que a expressão “salto de qualidade”, usada por Ferraz, está longe da realidade dos gabinetes.

O secretário cita na matéria do D.O. “estrutura física moderna; ambiente acolhedor e agradável; unidade amplamente climatizada; informatizada e interligada às demais unidades de saúde da Cidade; e composta por equipamentos de alta tecnologia, com destaque para as camas motorizadas e para os monitores multiparâmetros da sala de emergência”.

Para quem está na UPA no dia a dia as expressões são outras: “falta de cadeira de rodas”, “falta de remédios”, “demora para ser atendido na enfermaria”, “exames que levam dias para serem liberados”, “poucos médicos e funcionários” etc.

Veja abaixo alguns destes relatos, colhidos na ultima Ouvidoria Popular do Ataque aos Cofres Públicos, realizada no dia 16. Lembrando que se você teve problemas para ser atendido na UPA também pode denunciar. Basta ligar para o 0800- 7707409.

 

Marilza Soares Calixto, dona de casa

“Meus filhos sofreram um acidente no dia 6, de moto. Chegaram pela emergência. Um teve problema de clavícula e outro quebrou o pé. Fora a demora do atendimento naquele dia, hoje estou retornando com eles aqui e para minha surpresa não existe o cadastro deles. Eles chegaram de ambulância, tenho B.O. que comprova que eles vieram para cá. Hoje retornamos porque a mão de um deles está inchada e a clavícula está doendo. Eles ficaram de retornar pra nós para encaminhar o tratamento, que deveria ter continuidade pelo AME. Só que até agora, nada. No sistema deles não consta que passaram por aqui. Agora vai ficar mais difícil. Provavelmente teremos que fazer todos os procedimentos de novo para o tratamento continuar”.

Cleonice Ferreira da Silva, dona de casa

“Minha tia passou mal no sábado, com dores muito fortes. Foi descoberto que ela tem pedra na vesícula. Veio duas vezes, com crises. A médica falou que na terceira crise eles encaminhavam para a Santa Casa para operar. Foi quando ela teve essa terceira crise muito forte. Chegou meia-noite, colheu dois exames, foi medicada e mandaram para casa. Às 4 horas da manhã passou mal de novo e voltou. Ficou esperando o exame sair. Estava previsto para 11 horas. Conforme o resultado, eles veriam o que fariam com ela – se encaminhariam para internação, cirurgia… Mas nada do exame. Vim pra cá e procurei o tal do exame. Me disseram que não tinha chegado, que só às 13 horas. Às 13 horas eu fui perguntar e a moça disse de novo que não estava, que deveria ter ido para outro laboratório. Falou que aconteceu alguma coisa e passaram para outro local. Mandaram voltar às 18 horas para buscar. Voltamos e o exame não estava. Aí disseram que só no dia seguinte, de manhã. Quando foi hoje cedo (dia 16) ela passou mal novamente e está aqui sendo medicada. Eu já fui três vezes na sala da moça para perguntar desse exame e ela disse que agora só no fim da tarde. E a médica não pode fazer nada enquanto esse resultado não sair. Eles não sabem o que aconteceu. Estamos nesse vai-e-vem desde sábado. As veias não estão mais aguentando. Só podem encaminhá-la se esse exame vier. Ela não aguenta mais, tem 74 anos e a dor é muito forte. Não tem mais o que vomitar. Ontem ameacei a chamar o jornal, por isso ela foi atendida mais rápido”.

Flávio José Pedroso, aux. de almoxarifado

“O atendimento é bom, mas quando a gente entra para ser medicado demora muito. No meu caso, foi um eletro. A gente entrega a ficha e fica lá. Tem mais de 50 pessoas na minha frente. O corredor parece um bequinho. Fica todo mundo reclamando de dor, querendo ser atendido. Hoje estão dizendo que não tem enfermeira. Tem duas só para aplicar as medicações e o pessoal fica revoltado. Tá demais. Já tinha passado pelo médico, esse que me pediu um eletro, mas vou embora tentar em outro lugar. Até o antigo Pronto Socorro era mais rápido. Aqui ficou pior. Você fica esperando, esperando e ninguém te dá satisfação de nada. Fica em pé porque não tem lugar para sentar. Todo mundo num corredor abafado. Pessoal lá está desesperado”.

Erivaldo dos Santos, aposentado

“Me chamaram até que rápido. Mas quando chega na enfermaria, pecam pelo número de funcionários. A demanda é grande perante os poucos funcionários. Comecei meu atendimento ontem. Entrei às 15 horas e saí às 19 horas. Era caso de emergência, pelo nível de diabetes, que estava muito alto. Passei pelo médico em meia hora, só que fiquei até 18 horas para o atendimento na enfermaria. Eu acho que é má gestão. Tem que cobrar quem gere isso aí. Tem que colocar para funcionar. Tem dinheiro indo pelo gargalo e sem retorno para os pacientes”.

Otávio Henrique Queiroz, movimentador de mercadorias

“Eu tive um acidente no dia 3 de dezembro e fui atendido aqui. Me falaram que para pegar o laudo médico eu tinha que pedir lá no Poupatempo. Já é ruim essa distância para quem não tem meio de transporte. Mas eu fui e fiz o pedido. Me deram uma segunda guia para acompanhar via internet. Estou acompanhando e pelo sistema mostra que já faz três semanas que chegou aqui o laudo aqui na UPA e que falta o médico carimbar e assinar. O problema é que até agora não assinam e nem me dizem onde está esse documento. Liguei na semana passada e falaram que estava aqui o papel. Hoje já falaram que é pra eu voltar mais tarde. A perícia no INSS já é amanhã. Corro o risco de não conseguir me afastar do trabalho e ter que remarcar a perícia. E ainda são mal informados, porque teve um dia que vim aqui pessoalmente e uma funcionária da recepção disse que tinha de retirar o documento lá onde eu fiz o pedido. Tive que voltar no Poupatempo, de novo, e lá soube que é mesmo na UPA que retira” .

 

 

 

 

 

 

 

 

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