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27/09/2016     nenhum comentário

Pacientes relatam como é a UPA real que não está na propaganda política

Demos voz a quem utiliza a UPA. E o que ouvimos foi bem diferente do que diz o prefeito em sua campanha política.

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Na propaganda eleitoral, o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), fala da nova UPA Central como se ela fosse a última maravilha. Destaca seu prédio moderno e seu novo sistema de classificação de risco, mas esconde que a prefeitura está gastando R$ 19,1 milhões por ano com a Organização Social Fundação do ABC, empresa que está sendo investigada pela Assembleia Legislativa por irregularidades no atendimento em várias cidades do Estado e que é alvo de inquéritos no Ministério Público.

O que o candidato à reeleição não diz é que as equipes que lá estão sobrecarregadas, que nos últimos meses a imprensa mostrou as queixas de pessoas que esperam quatro, cinco ou até seis horas por atendimento.

A doméstica Luzinete Neves, por exemplo, critica a demora e acha que faltam mais profissionais. “Depois de esperar um tempão pra ser atendida, fui para o Raio-X. Lá me disseram que eu ia ter que esperar mais uma hora porque o único funcionário responsável tinha ido almoçar. Eu também estava sem almoçar. Meu filho em casa estava sem almoçar. Tinha que ter outro técnico para render o almoço do colega. Por isso a fila é grande”, reclamou.

O candidato tucano também não conseguiu explicar até hoje porque um paciente morreu de forma suspeita dentro da UPA, após ser encontrado acidentalmente dentro do banheiro da unidade em parada cardiorrespiratória, quando deveria estar sendo estabilizado, em sala específica.

A UPA da propaganda do prefeito parece ser muito boa. Na UPA real os médicos são quarteirizados e têm pouca ou nenhuma experiência. Alguns nem residência na especialidade que atendem possuem, conforme denúncia registrada na Câmara, em junho. Na ocasião, a UPA contava com pediatra formado em 2015!

Terceirização via OSs é só uma forma mais sofisticada de burlar o concurso público e manter os apadrinhados políticos, já que o sistema de chequinhos está na mira do Ministério Público. O empresário lucra, o gestor lava as mãos e o povo padece. Abra o olho eleitor!

Ouvidoria popular mostra a realidade

O Ataque aos Cofres Públicos foi até a unidade e montou uma espécie de Ouvidoria Popular no local. Os relatos que ouvimos neste mês de setembro desmascaram a farsa que as equipes de marketing do candidato veiculam no programa político eleitoral que você vê na TV. Confira alguns:

Rodolfo Aparecido de Paula

“A gente é tratado como lixo. Minha mãe tem ido à UPA desde o início de agosto, com princípio de infarto e dor no peito. Os exames de eletro sempre davam resultado alto e eles só sabem dar inalação. Uma médica até nos disse que não era pra ela ficar indo toda hora na unidade por causa de falta de ar, que isso é normal. Mas ontem (4/9) ela passou mal e quase enfartou em casa. Chegando na UPA tivemos que escutar graça do médico que a atendeu. Ele disse que ela tinha de ser internada rapidamente, sendo que tentamos várias vezes. Nesta UPA os médicos ficam com celular na mão, tirando foto dos exames para mandar para outros médicos e pedir apoio dos mais experientes. Hoje (5/9), a enfermeira nos tratou como lixo e deram alta para minha mãe. E o segurança ainda manda falar baixo, intimida as pessoas”.

Simone de Souza Correia

“Sofri um acidente na mão e passei na UPA no dia 6 de agosto, no ortopedista. De lá fui encaminhada para o Ambesp. Me disseram que eles mesmos ligariam para o ambulatório, pois preciso desse laudo para levar na perícia. Chegando no Ambesp descobri que não ligaram. Fui mandada de volta para a UPA, pois não tinha o encaminhamento. Quando retornei descobri que não tinham mais nenhum registro da minha consulta na UPA. Sumiram com a minha ficha. Perguntei quando o médico que me atendeu estaria de plantão para explicar o caso e pedir que ele me encaminhasse. Mas ninguém soube me informar. Tive que passar de novo em outro médico, fazer novos exames para depois ser encaminhada para o Ambesp. E mesmo assim, a moça da UPA ainda disse que não tinha previsão de consulta, que demoraria no mínimo 30 dias. Como precisava do laudo, tive que passar no médico particular, pois ninguém resolveu minha situação”.

Sandy Tavares

“Passei mal e procurei a UPA por quatro dias. No sábado (3/9) fiquei bem pior e cheguei lá às 3h da madrugada. Só saí às 8h e ainda teria que esperar mais 4 horas para pegar o resultado de um exame de urina. Como estava demorando muito, resolvi ir para casa e voltar para pegar o resultado quando ficasse pronto e também os atestados de comparecimento destes quatro dias precisei passar por atendimento. Quando passei pela médica de novo e pedi o atestado ela disse para eu esperar um momentinho que ia ver um paciente. Aí pegou a bolsa e foi embora. Fiquei sem o atestado. Pedi para outro médico, que disse que não poderia me dar porque não foi ele quem me atendeu. Ninguém resolveu meu caso. A enfermeira na hora que foi me dar injeção errou o braço e me tratou com ignorância. Na televisão é tudo maravilhoso, mas só quem pega a fila sabe o que passa. Os médicos falam de um jeito arrogante. É tudo mentira o que passa na TV”

Júlia Maria Neta 

“Trouxe meu irmão com problemas psiquiátricos, em surto. Ele passou a noite na UPA e teve alta sem ter passado por um médico psiquiatra. Fui questionar a enfermeira responsável, dizendo que ele não tinha condições nenhuma de sair daquele jeito e ela me disse que ele estava assim por minha causa. Depois, a assistente social me disse que não podia ficar com mais um paciente na unidade, que já estava cheia. Ouvi que era problema familiar. Meu irmão estava sem qualquer condições ter alta. A UPA é para atendimento de urgência e meu irmão estava em situação de urgência psiquiátrica! Saí impotente, sem saber o que fazer. Não tem ninguém para orientar. Acredito que deveriam ter um psiquiatra para essas situações”.

Jair Ferreira 

“Tenho 64 anos e fui à UPA com problemas urinários. Sou idoso deveria ter prioridade, mas o segurança que fica dando a senha não sabe orientar. Depois de uma hora de espera, notei que ainda tinham mais de 40 pessoas na minha frente e que ele não me deu a senha de prioridade. Organização Social né? A gente tem é que prestar atenção nisso, fazer acompanhamento. Saúde e educação é dever do estado”.

ouvidoria-26-09-2016

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