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16/02/2017     nenhum comentário

Paciente pode perder a mão após injeção no Irmã Dulce, em Praia Grande

Reportagem do jornal A Tribuna, desta quinta-feira (15) ,mostrou o drama de um paciente que buscou atendimento no Hospital Municipal Irmã Dulce, em Praia Grande, gerido pela OS Fundação do ABC.

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Quem disse que terceirização traz mais eficiência ao serviço público?

Nossa pergunta continua sendo a mesma diariamente. Só dessa maneira é possível desmascarar mentiras tantas vezes reproduzidas, que acabam se tornando verdade.

Lançamos a questão e já respondemos com fatos – contra os quais não há argumentos – para mostrar que o modelo de gestão via Organizações Sociais (OSs) é mais um jeito inventado pelos governos neoliberais (lei federal das OSs é de FHC) de dar mais dinheiro a empresários que tratam a saúde como mercadoria e de garantir boa vida (para não dizer outra coisa) a gestores públicos incompetentes e irresponsáveis que se recusam a investir de fato na melhoria do SUS.

O círculo vicioso é assim: primeiro se sucateia bem o serviço, depois vem a ideia de entregá-lo à iniciativa privada (OSs), justificando que só assim a coisa melhora. São feitos contratos com entidades em valores altíssimos, bem maiores do que se gastava antes nas mesmas unidades e serviços.

Por algumas semanas a coisa até parece ir bem. Depois a qualidade começa a despencar dia a dia, já que o empresário não abre mão de manter suas margens de lucro. Ele precariza a contratação de mão de obra, reduz o número de profissionais, economiza nos materiais e insumos (quando não os compra de forma superfaturada).  Uma vez que o serviço passa a ser alvo de reclamações, chegam as desculpas da OS e do governo: “o serviço não está bom porque a procura é muito grande, vem gente de fora da cidade”, dizem.

Ou então, “O serviço piorou porque a prefeitura atrasou o repasse”, diz a empresa, nos casos em que a administração atravessa crises. É claro que vai ser difícil pagar a terceirização, por um motivo simples:  ela consume muito mais do orçamento da saúde do que se consumia quando não havia OSs. Nos tempos de queda de arrecadação o buraco só aumenta.

Vamos então, aos fatos, que atestam tudo o que acabamos de dizer.

Reportagem do jornal A Tribuna desta quinta-feira (15) mostrou o drama de um paciente que buscou atendimento no Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande. O equipamento é municipal, mas foi terceirizado para a Fundação do ABC, que detém contrato de várias outras unidades na cidade e na Baixada.

Detalhe que o secretário de saúde, Francisco Jaimes Gago, afastado recentemente do cargo por improbidade administrativa, era presidente da Fundação do ABC, antes de ser convidado a ser secretário. Assim como ele, o diretor do Hospital, funcionário da OS, também foi afastado no mesmo processo.

Mas isso é só um aparte… O paciente que foi buscar atendimento no hospital foi ao local apenas para tomar uma injeção de um medicamento para um tratamento neurológico. Ao que parece, houve problemas na aplicação, pois logo após o procedimento,  sua mão começou a ficar dolorida, roxa, sem sensibilidade e sem movimentos. Ele pode, inclusive, precisar de uma amputação.

O caso está sendo avaliado pela OS. Procurada pela reportagem, a Prefeitura disse que não tem nada a ver com a história e que os questionamentos devem ser respondidos pela Fundação do ABC.

Veja abaixo a reportagem, de Matheus Muller, na íntegra. Se preferir, leia diretamente na página do jornal, clicando aqui.

Jovem corre o risco de perder a mão após injeção em Hospital

Paciente deu entrada na unidade de saúde com problemas neurológicos no último dia 3 de fevereiro

“Meu filho veio ao hospital para tomar um medicamento e pode acabar sem a mão direita. É um absurdo o que estão fazendo”. O mecânico Ângelo dos Santos vive essa angústia desde o dia 3 de fevereiro, quando Henrique Amaro dos Santos, de 22 anos, deu entrada na emergência do Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, para tratar de um problema neurológico.

“Ele precisa de um remédio chamado Haldol, porque teve um trauma há uns dois anos. Caso o medicamento não seja aplicado, fica aéreo, esquecido e agitado”. Em decorrência destes sintomas, inclusive, o jovem desapareceu por dois dias, até ligar para o pai e pedir ajuda.

Ângelo conta que, naquele dia 3, Henrique foi levado à unidade de saúde. “Sempre dão a injeção na nádega, em um postinho perto de casa. Dessa vez, no Irmã Dulce, colocaram um acesso no antebraço dele e deram a dose. Imediatamente o braço ficou vermelho e ele começou a sentir dor”.

O mecânico explica que, momentos depois, as enfermeiras colocaram nova medicação no acesso. “Não sei o que deram ao meu filho. Não explicaram nada. Depois desse novo remédio, o braço dele começou a ficar roxo”.

Sem apresentar nenhuma melhora, os médicos decidiram por operar o jovem no dia 4 de fevereiro, às 20 horas. “Mais uma vez só me comunicaram. Após a cirurgia, o braço começou a inchar e o Henrique a perder a sensibilidade na mão. Depois, já não mexia os dedos. O médico responsável chegou a me dizer que o caso é de amputação”.

Último a saber

O pai do paciente acredita que tenha havido erro quando a injeção foi aplicada. “Não quero apontar culpados. Quero apenas uma solução para que meu filho não perca os dedos e a mão”. Ângelo diz que, desde a chegada de Henrique à unidade, a única informação que recebeu é que aplicariam o Haldol no rapaz. “Pedi para que dessem esse remédio. É o que foi receitado. Depois disso, não falaram mais nada”.

Ângelo reclama que a cirurgia foi marcada sem que antes fizessem uma ultrassonografia no braço. “Não sabiam o que enfrentariam pela frente”.

Ele diz ainda que os dois médicos que operaram Henrique afirmaram coisas diferentes. “O que operou disse que meu filho tem que amputar a mão, senão pode perder a vida. O outro, que acompanhou o procedimento, diz que o quadro tem apresentado evolução”.

Nesta quarta-feira (15), segundo Ângelo, um novo discurso. “O médico que falou da amputação resolveu esperar mais duas semanas e hoje aplicou um remédio para afinar o sangue do menino. Estão brincando com meu filho”.

Ângelo ressalta que a indefinição e falta de informação impedem que ele decida o que fazer. “Quero que resolvam a situação ou me deixem procurar outro médico. Eu sou mecânico, se mexo em um motor e não funciona, vou procurar outra opinião. É o mínimo”.
Erro?

A Reportagem pediu a opinião de uma cirurgiã vascular sobre o caso. Segundo a profissional, que prefere não se identificar, a aplicação do Haldol também pode ser feita pela veia.

Ao analisar as fotos do braço do paciente, relatos e sintomas, a médica disse acreditar que as enfermeiras tenham injetado o medicamento na artéria braquial, o que não é correto.

De acordo com ela, na sequência, deve ter sido tentada uma embolia medicamentosa (limpeza daquele produto aplicado na artéria) com uma nova injeção. Quando o procedimento não dá resultado, a cirurgia é indicada.

Reclamação

Por conta toda essa situação, Ângelo registrou uma reclamação na Ouvidoria de Praia Grande. A Tribuna On-line entrou em contato com o Município que informou que as demandas referentes ao Hospital Irmã Dulce devem ser tratadas com a Fundação ABC, gestora da unidade.

Análise

Em nota, a Fundação ABC, gestora do Hospital Irmã Dulce, informa que o paciente está estável e aos cuidados de vários especialistas. “Não temos subsídios para falar sobre erro médico. O caso está sendo analisado pela direção do hospital”, diz o texto.

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