OS é acusada de rombo de R$ 45 milhões em Hospital de Baurueri
Hospital Municipal Dr. Francisco Moran passa por intervenção desde março, em razão de crise instalada pela organização social Instituto Hygia
As mazelas da terceirização de hospitais públicos se multiplicam em exemplos de que a modalidade de gestão por publicização é um fracasso retumbante do SUS.
Em Barueri, no interior de São Paulo, não tem sido diferente. O Hospital Municipal Dr. Francisco Moran passa por intervenção desde março, em razão de crise instalada pela organização social Instituto Hygia, conforme publicou no mês passado o Jornal Folha de Alphaville. A intervenção ocorreu por conta de supostas irregularidades no contrato com o Instituto Hygia, que administrou o local até o último dia 27 de julho.
O valor do rombo administrativo que a Organização Social (OS) pode ter dado aos cofres do hospital é estimado em até R$ 45 milhões. O relatório final que está sendo elaborado pelo interventor, Ricardo Neves de Souza e sua equipe, ainda não foi finalizado e por isso a prefeitura decidiu aumentar o período dessa intervenção até setembro.
Conforme declarou ao jornal no dia 8 de junho, o coordenador da Saúde na intervenção, doutor Fernando Juliani, assinalou que o valor ainda vai ser relatado pelo interventor. “Não posso afirmar, mas o que prevemos é que seja em torno disso (R$ 45 milhões). Esse rombo vem de um processo de má gestão. Ele é ocasionado por uma série de fatores que vão desde adequar os processos de serviços do hospital, passam pelo inchaço de funcionários e também pela política adotada pelo Instituto Hygia. Eles acumularam dívidas. Fizeram acordos e não pagaram fornecedores. Foi um processo de gestão interna equivocado.”
De acordo com Juliani, entre as principais falhas estão a má gestão, a falta de recolhimento de impostos e o não cumprimento das metas estabelecidas em contrato.
“Quando assumimos o HMB, no dia 8 de março, os médicos estavam sem receber desde outubro de 2015. Pagamos de outubro a janeiro de imediato. O mês de fevereiro pagamos em duas vezes e agora está organizado. Os repasses das verbas da prefeitura sempre foram pontuais. Temos um entendimento de que não deve haver uma continuidade dessa OS e por isso estamos fazendo um novo chamamento (licitação). O problema é que não sabemos se vamos ter interessados em participar porque estamos em final de mandato administrativo (prefeito).”
“Se o instituto não tivesse feito o que fez – má gestão, falta de recolhimento de impostos, ter inflado o valor da hora do médico – esse valor (de repasse) de pouco mais de R$ 11 milhões/mês daria, mas uma série de equívocos nos levaram até a situação atual”, afirma Juliani.
Para José Erivalder Guimarães de Oliveira, diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), “o instituto Hygia mostrou plena incompetência técnica e uma série de irregularidades todas apresentados ao sindicato. Não é possível que a prefeitura vá manter contrato com esse grupo, que é completamente irresponsável”, disse na época Oliveira.