Organização Social quer fechar UTI de hospital de Goiás
O caso provocou reação na comunidade médica local. A OS que protagoniza a situação é acusada de irregularidades e teve aumento de 65% nos repasses de dinheiro público só no Hospital de Doenças Tropicais..
Reportagem publicada no último dia 11 de maio, no jornal goiano O Popular, denuncia: OS que gerencia o Hospital de Doenças Tropicais (HDT) pretende fechar a UTI da unidade. Por que? Para terceirizar serviços (na verdade, quarteirizar) e transferir médicos concursados para bem longe.
O caso provocou reação na comunidade médica local e Secretaria de Saúde diz que medida ainda é uma possibilidade em discussão.
Vale lembrar que a OS responsável pelo HDT, o Instituto Sócrates Guanaes (ISG), tem recebido quantias cada vez mais altas do Governo, após sucessivos aditamentos de contrato, conforme aponta o jornal. Mas o apetite por lucro é voraz. As novas medidas podem ajudar a ampliar a margem?
O fato é que no primeiro ano de contrato com a Secretaria Estadual de Saúde, o ISG recebeu, de junho de 2012 a agosto de 2013, R$ 46,2 milhões. Com o 1º aditivo, vigente entre junho de 2013 e junho de 2014, o valor subiu para R$ 49,4 milhões. No 2º aditivo (junho de 2014 a junho de 2015) passou para R$ 59,5 milhões, até chegar a R$ 76,2 milhões, no 3º aditivo (junho de 2015 até junho de 2016).
Ou seja, aumento de 65% !
O ISG é uma das OSs que constam em denuncia do MP por irregularidades no trato de servidores, conforme demonstrou o G1 (veja aqui)
Em outro escândalo, a OS é acusada de estar gastando parte dos recursos encaminhados pela Secretaria de Saúde de forma irregular. De acordo com um relatório encaminhado à pasta pelo próprio instituto, quase R$ 70 mil são gastos mensalmente (R$ 840 mil por ano) com o aluguel de imóveis e contratação de consultorias. A situação foi considerada ilegal pelo procurador Antônio Flávio de Oliveira.
Segundo documento obtido pelo Jornal O Popular, como tem sua origem em Salvador, na Bahia, a OS utiliza R$ 800,00 mensais para alugar sua sede em Goiânia e outros R$ 2,7 mil para manter um apartamento no Jardim Goiás. Mais detalhes aqui
Veja abaixo a matéria publicada no último dia 11, sobre o provável fechamento da UTI do HDT:
HDT pode ter UTI fechada
O Instituto Sócrates Guanaes (ISG), Organização Social que administra o Hospital de Doenças Tropicais (HDT) desde junho de 2012, pretende fechar a UTI Pediátrica da unidade e terceirizar a UTI e a Emergência. A medida prevê ainda a transferência de médicos concursados.
A intenção foi comunicada aos médicos do hospital, que estão revoltados com a mudança, segundo um profissional ouvido pelo POPULAR e que não quer ser identificado. De acordo com ele, a medida, que visa reduzir custos, já está em curso. Só na semana passada 23 servidores teriam sido transferidos para outros órgãos estaduais; o departamento administrativo, terceirizado.
O corpo médico do HDT é composto em 70% de médicos efetivos, afirma o denunciante. Nos últimos anos, segundo ele, os profissionais se especializaram nas duas áreas médicas em que o hospital é referência no País: doenças infecciosas e dermatológicas. “Nossa Emergência é altamente especializada em infectologia e querem trocar as equipes por médicos emergencistas”, critica.
O fechamento da UTI Pediátrica, que está com dois dos seis leitos desativados, também causa estranheza ao corpo médico, uma vez que o HDT vinha ampliando sua capacidade de atendimento. Para a obra de ampliação, que teve início em abril de 2013 e deveria ser entregue em 360 dias, o governo repassou R$ 2,3 milhões ao ISG entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014, conforme o Portal Transparência do Estado.
Sem dinheiro
A interrupção das obras foi tema de reportagem do POPULAR em fevereiro. Na ocasião, a Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) informou que aguardava dinheiro para dar continuidade à obra, mas que não havia previsão de repasses por parte da Secretaria da Fazenda (Sefaz).
Segundo o médico ouvido pelo jornal, com a ampliação, seriam construídos leitos individuais, uma vez que a maioria dos pacientes do hospital é portador de alguma doença contagiosa e precisa ficar isolado, mesmo em quartos de enfermaria, que geralmente são duplos ou triplos. Alguns quartos com apenas um leito ocupado em razão do risco de contaminação dão a falsa impressão de ociosidade, o que não há no HDT, garante o profissional.
Cristiano Borges