O que os últimos fatos da Lava Jato nos ensinam?

Os últimos fatos da Lava Jato nos ensinam que, como sempre, quem está mandando no jogo são os grandes empresários. É o Capital. Desde que Cabral desembarcou. Os representantes do poder econômico tomaram a iniciativa de comprar todos os políticos para defenderem seus interesses, que podem ser vários. Citamos alguns só para ilustrar: ter a preferência em obras públicas, aprovar emendas e leis que lhes favoreçam, pautar grandes reformas que melhorarão diretamente ou indiretamente seus dividendos, como a da Previdência e a Trabalhista, se apropriar de fundos públicos por dentro do estado por meios de ferramentas como as PPPs e Organizações Sociais (OSs) etc.

Nos últimos meses eles também tomaram a iniciativa de entregar todos os partidos e seus caciques para fecharem acordos com a Justiça e impedir que seus negócios desidratem. Estão fazendo o “mal” necessário para colher frutos depois. O objetivo é manter seus monopólios para as próximas gerações. Os donos da JBS estão em Nova York, gozando de conforto e segurança. Isso depois de décadas de trabalho sujo, de serem suspeitos de crimes contra pequenos proprietários rurais, de falsificação de documentos, entre outras coisas.

Os demais empresários? Estão fazendo acordos de delação premiada e de leniência, pagando fianças e retornando aos poucos para suas mansões e coberturas, ainda que com tornozeleiras eletrônicas.

E os políticos? Esses são bonecos substituíveis, que continuarão se revezando no poder como fantoches em nome de uma classe. O tempo e a memória fraca do brasileiro jogam a seu favor. Como não têm escrúpulos, eles se reinventam e voltam diretamente (o Collor não foi novamente eleito?) ou por meio de seus filhos e parentes.

E o povo? E a classe trabalhadora, aquela que realmente sustenta com o seu suor esse país de tantas aberrações? Os trabalhadores, se continuarem passivos e esperando notícia boa cair do céu, vão continuar sendo lesados de todas as formas possíveis.

Se não formos para as ruas dizer Não às reformas do presidente ilegítimo, se não organizarmos a luta em cada espaço possível rumo ao poder popular, se não fizermos greves para dizer que queremos uma outra sociedade, que não aceitamos perder direitos, que somos contra a conciliação de classes, não temos mesmo saídas. Quem continuará a manipular o tabuleiro, como sempre (e desde sempre) será o Capital.

Eles (os grandes empresários) logo acham quem dê cabo de seus objetivos: as reformas que garantem seus lucros e penalizam mais ainda quem trabalha. Só Diretas Já resolve? Não. Novas eleições em uma democracia de fachada não são suficientes. Isso só não será a nossa salvação, porém, talvez nesse momento, signifique um passo para o lado, uma estratégia para não cairmos direto no abismo. A gente muda a posição, mas não a perspectiva sobre o horizonte que queremos. Ou o precipício continuará diante de nós.