Nova OS vai substituir Pró-Saúde no Hospital Municipal de Cubatão
Modelo de gestão por Organizações Sociais vai continuar, primeiro com contrato emergencial por seis meses, depois por chamamento público.
Insistir no erro em administração pública é colocar em risco o bem estar de pessoas. Ao anunciar que vai colocar outra Organização Social (OS) no Hospital Municipal Dr. Luiz de Camargo da Fonseca e Silva para substituir a Pró-Saúde, a Prefeitura de Cubatão reforça o erro histórico que há anos colocou a saúde municipal em situação de penúria e falta de transparência.
Nesta quarta-feira (7/10) a Justiça determinou a rescisão do contrato entre a Pró-Saúde e a Prefeitura por atraso nos pagamentos à entidade. Mas o município alega que já vinha estudando romper com a OS por problemas no atendimento e falta de atendimento a pedidos de informações e prestações de contas.
Com a intermediação da Justiça, o Governo Municipal tem 48 horas para reassumir a administração do Hospital após a citação, sob pena de pagar multa diária de R$ 100 mil, limitada ao valor do contrato. A decisão foi proferida pela juíza Suzana Pereira da Silva, da 4ª Vara de Cubatão.
O assunto foi tema de reportagem em A Tribuna nesta quinta (9/10). Confira:
Cubatão procura nova organização social para administrar Hospital Municipal
Tão logo seja citada pela Justiça, a Prefeitura de Cubatão irá contratar emergencialmente uma nova organização social (OS) para assumir o Hospital Municipal por seis meses. Nesse prazo, vai elaborar um novo chamamento público para escolher a administradora que substituirá a emergencial.
Nessa quarta-feira (7), em decisão liminar, a juíza Suzana Pereira da Silva, da 4ª Vara de Cubatão, determinou a rescisão do contrato e que o Município assuma o hospital em até 48 horas após ser intimado. A Pró-Saúde cobra R$ 18 milhões por três meses de repasses não realizados.
Os critérios para a escolha da nova OS serão capacidade técnica e experiência na gestão. E a questão orçamentária: haverá redução de cerca de 20% no contrato atual. Até lá, o secretário municipal de Saúde, Benjamim Rodriguez Lopez, garantiu que o hospital continuará atendendo aos pacientes internados e a prestar serviços regulares.
Ele também se reuniu com os funcionários do hospital. Disse que não haverá dispensas, e os salários de setembro, que deveriam ter sido pagos na terça pela Pró-Saúde, serão regularizados nos próximos dias, com descontos nas parcelas que a Prefeitura ainda deve à OS.
Empresas
Nos últimos dois meses, a Prefeitura credenciou seis organizações sociais para o Programa de Saúde da Família, algumas delas em condições de assumir também o hospital, pois, segundo Lopez, a Administração estava se preparando para a eventualidade da desistência da Pró-Saúde.
As entidade que reunirem condições serão automaticamente chamadas para o contrato emergencial e participar da seleção do projeto que substituirá o da Pró-Saúde, segundo o secretário de Assuntos Jurídicos, Paulo Toledo.
O desenlace era esperado desde março, porque a Secretaria de Saúde de Cubatão vem cobrando informações da Pró-Saúde sobre a prestação de contas dos serviços realizados pela OS, além de cópias dos contratos com prestadores de serviços e do custeio do Hospital, mas não foi atendida.
Outro ponto do impasse é que a Pró-Saúde não aceitava a redução do valor do repasse mensal de R$ 5,9 milhões para R$ 4,6 milhões. A Prefeitura pretendia a redução do valor porque a OS deixou de ser a responsável pelo pagamento dos médicos que atendem no Pronto-Socorro Municipal. Essa redução foi tomada com base em determinação do Ministério Público Estadual (MPE).
Atrasos
Por outro lado, a Pró-Saúde alega que a redução do contrato foi feito de forma unilateral, sem consulta à entidade, e afirma que o Município tem realizado repasses parciais. “Nós nunca recebemos o valor integral dentro do mês neste novo contrato”, disse o diretor de desenvolvimento da Pró-Saúde, Danilo Oliveira da Silva.
“Essa irregularidade vem desde o início do ano. A gente não consegue ter um cronograma fixo desse valor. Infelizmente, a nossa decisão é passar a administração para o Município. O que estamos solicitando é o valor que está em contrato”, afirmou.
SISTEMA FRAUDULENTO ORGANIZADO PARA LUCRAR ÀS CUSTAS DO ESTADO
Organizações Sociais (OSs), Oscips, ONGs e outros tipos de entidades “sem fins lucrativos” recebendo dinheiro público nada mais são que empresas com redes de atuação muitas vezes bem organizadas e sofisticadas para lucrar burlando os mecanismos de controle de gastos em áreas públicas e fraudando o estado. Quase sempre atuam em vários municípios de mais de um estado da federação.
Conforme documento da Frente em Defesa dos Serviços Públicos, Estatais e de Qualidade, “OSs e oscips somente se interessam em atuar em cidades e em serviços onde é possível morder sobretaxas nas compras de muitos materiais e equipamentos e onde pode pagar baixos salários. O resultado é superfaturamento em todas as compras (o modelo dispensa licitação para adquirir insumos e equipamentos), a contratação sem concurso público de profissionais com baixa qualificação e, por vezes, falsos profissionais.
O dinheiro que é gasto desnecessariamente nos contratos com estas empresas sai do bolso do contribuinte, que paga pelos serviços públicos mesmo sem utilizá-los e acaba custeando o superfaturamento e os esquemas de propinas para partidos e apadrinhados políticos”.
Santos está caminhando nesta direção desde o final de 2013, quando o governo municipal criou o projeto de lei das OSs e os vereadores a transformaram em lei sem qualquer discussão com a população.
A primeira unidade a ser terceirizada será a UPA que substituirá o PS Central. O contrato deve ser assinado nesta semana e os trabalhos da Fundação ABC, escolhida para tomar conta da unidade, começam 45 dias depois. Há a intenção do governo em firmar contratos no Hospital de Clínicas (antigo Hospital dos Estivadores) e também em unidades e programas da área da Cultura, Educação, Esporte e Assistência Social.
Para saber mais sobre esse verdadeiro golpe em andamento leia a cartilha Santos, Organizações Sociais e o Desvio do Dinheiro Público.