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23/03/2017     nenhum comentário

Mortes levam ao fechamento de maternidade terceirizada em São Paulo

Em 24 horas duas mulheres que tiveram partos normais morreram após desenvolverem quadro infeccioso semelhante no Hospital Municipal de Cidade Tiradentes, gerido pela OS Santa Marcelina.

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Reportagem do Estadão denuncia que a maternidade do Hospital Municipal de Cidade Tiradentes, gerida pela Organização Social Santa Marcelina, Zona Leste da capital paulista, foi fechada por suspeita de infecção hospitalar. Duas duas mulheres morreram em um período de 24 horas.

As áreas internas passam por uma varredura desde a última  sexta-feira (17). O caso foi abafado e as medidas preventivas não foram divulgadas pela Secretaria de Saúde.

As mulheres que morreram tiveram bebês na unidade uma semana antes da interdição. Elas desenvolveram quadros infecciosos semelhantes e atípicos, que evoluíram para óbito.

Ao Estadão o chefe da maternidade, Rodrigo Cerqueira de Souza, disse que as duas vítimas deram à luz em partos normais com evolução dentro do esperado nos dias 6 e 7 deste mês. “Elas não tiveram gestação de risco, não ficaram muito tempo em trabalho de parto, não sofreram hemorragias. Não havia, portanto, qualquer sinal no pós-parto, por isso tiveram alta, assim como os bebês”, afirma.

Em ambos os casos, os sintomas começaram sete dias após o nascimento dos bebês. As mulheres voltaram ao hospital com queixas de dores no baixo ventre, distensão abdominal e febre. “Elas morreram em decorrência de infecção puerperal, que é a que afeta os órgãos que ficam no caminho por onde passa o bebê, como o útero e a vagina”. Os casos podem ser considerados atípicos porque o quadro é tratável e curável.

O comunicado interno da unidade, assinado pela médica do serviço de controle de infecção hospitalar Rachel Busanello, apontou que “nas primeiras avaliações clínicas obstétricas não havia sinais clínicos evidentes de infecção puerperal, que seriam: dor à palpação uterina, útero amolecido e lóquios purulenta”.

“Por tudo isso, existe a possibilidade de haver um foco de infecção hospitalar na unidade. Pode ser apenas uma coincidência, mas, por questão de segurança, resolvemos interromper o serviço para recolher amostras de cada espaço do setor. Não queremos correr o risco”, afirma.

Luto

O Jornal Folha de S. Paulo foi além e mostrou o drama da família de uma das vítimas da infecção hospitalar:

Adriana Anhaia, 33, morreu na manhã do último dia 14. Ela teve sua primeira filha e era casada havia cinco anos com o pai do bebê, Douglas Borges, 25 anos, que tem deficiência visual e, por isso, recebe como renda apenas o Loas, benefício social pago pelo INSS. “Ele nem consegue entrar na casa deles, procura outro lugar para alugar. Está muito abalado”, disse a auxiliar de expedição Rosangela Soares da Silva, 48, tia de Adriana.

Ela acompanhou todo o sofrimento da sobrinha nos dias que se seguiram ao parto e acusa o hospital de tentar esconder a infecção. “Eles me ligaram às 9h43 para ir ao hospital e ficaram me enrolando uma hora até dizer que ela faleceu. Quando perguntei a hora do óbito, disseram 10h30. Falei que me ligaram antes disso e uma médica me puxou para dizer: ‘vai estar registrado que foi por parada cardiorrespiratório, mas foi sujeira do parto'”, relatou.

Rosangela diz que a sobrinha recebeu alta dois dias depois do parto, mesmo estando com febre, e que foi três vezes ao hospital queixando-se, também, de dores na barriga. “No sábado, deram remédio para gases. No domingo, fizeram ultrassom e disseram que estava normal. Na segunda, passamos o dia esperando sermos atendidas por um cirurgião e a internaram à noite. Na terça de manhã, ela faleceu.”

A expectativa é de que a maternidade possa abrir dentro de sete a dez dias, caso nada seja encontrado.” A gestão João Doria (PSDB) informou que apoia a medida. O que Dória não explica é quais as sanções que a Organização Social, que é muito bem paga para manter o hospital em perfeitas condições, receberá. Quais foram os procedimentos preventivos que não foram seguidos pela OS? É seguro manter a entidade na maternidade?

E o que dizer às cerca de 350 gestantes que por mês podem ter que ser encaminhadas para outras maternidades mais distantes e já sobrecarregadas?

Mortes e impunidade. Esse é o custo da terceirização na Saúde. Vale lembrar que o Hospital Silvério Fontes, em Santos, que tem como principal vocação atender gestantes e realizar partos, também foi terceirizado para OS.

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