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13/12/2017     nenhum comentário

Esquema de propinas vem à tona na segunda operação contra desvios na saúde do Amazonas

Entre os presos estão ex-secretários de Saúde, ex-subcomandante da Polícia Militar e ex-chefe da Casa Civil.

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“Esses agentes públicos recebiam propina periodicamente da organização social para priorizar e agilizar as liberações de contratos e recursos”.

Não é por acaso que começamos a matéria mais quente desta quarta-feira (13) com a declaração da Controladoria-Geral da União (CGU), um dos órgãos responsáveis pela Operação Custo Político, a continuação da Operação Maus Caminhos, que em setembro do ano passado desarticulou uma organização criminosa acusada de desviar R$ 50  milhões da Saúde do Amazonas por meio da Organização Social Instituto Novos Caminhos (ICN) e empresas fornecedoras pertencentes ao mesmo grupo econômico.

Também atuam na Operação Custo Político, deflagrada nesta quarta, a Polícia Federal, o Ministério da Transparência e a Procuradoria da República. Segundo a Controladoria, o objetivo é apurar “novos fatos” relativos à Operação Maus Caminhos.

“Com o avanço das investigações da Operação Maus Caminhos evidenciou-se um esquema criminoso maior e mais complexo, com envolvimento de ex-secretários do governo do Amazonas”, destaca a Controladoria. “Esses agentes públicos recebiam propina periodicamente da organização social para priorizar e agilizar as liberações de contratos e recursos destinados ao Fundo Estadual de Saúde.”

A investigação conseguiu apurar que a entrega de propina era feita de diversos modos: em espécie, às vezes utilizando empresas, às vezes usando outras pessoas para que essa entrega fosse feita de maneira indireta. Também haviam vantagens econômicas, feitas de outras formas. Viagens, ingressos a shows são alguns exemplos.

Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva, nove de prisão temporária, 27 de condução coercitiva, 27 de busca e apreensão, além de 18 mandados de sequestro de bens móveis e imóveis – incluindo uma aeronave – , em Manaus, Brasília, São Paulo e Recife.

Entre os presos estão os ex-secretários de Saúde do Amazonas, Pedro Elias e Wilson Alecrim – ambos com prisão preventiva; Aroldo Pinheiro, ex-subcomandante da Polícia Militar (prisão preventiva), e Raul Zaidan, ex-chefe da Casa Civil (prisão temporária).

Além disso, um ex-secretário de Administração e Gestão, bem como dois ex-secretários executivos da Secretária de Saúde do Amazonas também são alvos da operação. Eles não tiveram as identidades reveladas.

Outro preso é o médico Mouhamad Mustafa, dono da OS ICN, apontado como chefe do esquema criminoso.

A Justiça determinou o bloqueio dos bens e valores dos investigados no montante de aproximadamente R$ 67 milhões visando o futuro ressarcimento do Estado.

Seis auditores da CGU e 135 policiais federais foram mobilizados. Os investigados devem responder, dentre outros crimes, por organização criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

A primeira fase da operação teve início em análise da CGU sobre concentração atípica de repasses do Fundo Estadual de Saúde à organização social Instituto Novos Caminhos (INC), destaca a Controladoria.

De abril de 2014 a dezembro de 2015, a entidade recebeu mais de R$ 276 milhões para administrar duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), em Manaus e Tabatinga, e um centro de reabilitação para dependentes químicos, no município de Rio Preto da Eva.

O caso
O médico foi preso pela primeira vez em setembro de 2016 durante a operação “Maus Caminhos”, da Polícia Federal. Segundo as investigações, a OS INC concentrava repasses vultosos feitos pelo Fundo Estadual de Saúde do Estado do Amazonas. De abril de 2014 a dezembro de 2015, foram repassados ao Instituto mais de R$ 276 milhões.

O médico dono da OS, Moustafa, realizava articulações junto ao governo para obter acesso às verbas públicas de saúde e, assim, conseguir as liberações de pagamentos junto às secretarias de governo.

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As fraudes nos serviços públicos de saúde do Estado do Amazonas propiciavam aos envolvidos no esquema uma vida luxuosa. Um exemplo: os automóveis de Moustafa e da esposa somam cerca de R$ 1,7 milhão.

Em agosto de 2017, ele foi solto após pagamento de fiança. Em outubro, foi preso novamente ao ultrapassar perímetro determinado pela Justiça.

Investigações
Em 2016, a Operação Maus Caminhos desarticulou um grupo que possuía contratos firmados com o Governo do Estado para a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Campos Sales, em Manaus; da Maternidade Enfermeira Celina Villacrez Ruiz, em Tabatinga; e do Centro de Reabilitação em Dependência Química (CRDQ) do Estado do Amazonas, em Rio Preto da Eva. A gestão dessas unidades de saúde era feita pelo Instituto Novos Caminhos (INC).

As investigações que deram origem à operação demonstraram que, dos quase R$ 900 milhões de reais repassados, entre 2014 e 2015, pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) ao Fundo Estadual de Saúde (FES), mais de R$ 250 milhões de reais teriam sido destinados ao INC.

A apuração indica o desvio de R$ 50 milhões em recursos públicos, além de pagamentos a fornecedores sem contraprestação ou por serviços e produtos superfaturados, movimentação de grande volume de recursos via saques em espécie e lavagem de dinheiro pelos líderes da organização criminosa.

Os órgãos fiscalizadores apuraram que os maiores fornecedores do Instituto Novos Caminhos eram apenas três empresas: Salvare Serviços Médicos Ltda., Total Saúde Serviços Médicos e Enfermagem Ltda. e Sociedade Integrada Médica do Amazonas (Simea), que faziam parte, na verdade, de um mesmo grupo econômico, comandado por Mouhamad Moustafa.

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