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30/05/2016     nenhum comentário

Em Cubatão, enfermeira terceirizada diz ser vítima de demissão injusta por interferência da prefeita

Prefeita Márcia Rosa (PT) rebate. O que não dá para negar é que terceirização só precariza os vínculos de trabalho e abre as portas para politicagens, assédio moral e contratações de apadrinhados.

Hospital-de-Cubatao

A promiscuidade de relações entre o poder público e o privado na saúde teria gerado mais um capítulo ruim para a cidade de Cubatão.

O fato teria ocorrido no último dia 18, no Hospital Municipal de Cubatão, gerido pela Associação Hospitalar Beneficente do Brasil (AHBB), quando a prefeita Márcia Rosa (PT) teria invadido o centro cirúrgico, sem roupa adequada. A enfermeira de plantão diz ter tentado impedir, por se tratar de área restrita, onde poderia haver contaminação de pacientes.

Segundo relatos da profissional, a Prefeita Márcia Rosa (PT) mandou demití-la da AHBB. A OS é a contratada, em caráter de emergência, para gerenciar o equipamento após a Pró-Saúde ter deixado o equipamento em rescisão contratual na Justiça. A chefe da administração rebate a versão (veja no fim desta página).

A ex funcionária desabafou em seu facebook, tecendo várias críticas à privatização da saúde e também à contaminação nociva que as interferências políticas via terceirização podem acarretar.

Enfatizamos que terceirização da saúde por empresas ou por OSs e Oscips precariza os vínculos de trabalho e se torna arma política e de assédio. Isso é ruim para os trabalhadores e também para a população.

Confira o relato da enfermeira demitida, também compartilhado pela página Diário de Cubatão:

“Trabalho na área de enfermagem há vinte anos, quatorze destes no Hospital Ana Costa, de onde saí por pedido de demissão, e os últimos seis no Hospital Modelo de Cubatão. Por último estava lotada, como enfermeira, no Centro Cirúrgico. Não sou funcionária da Prefeitura, não gozando, portanto, de estabilidade. Dentro do quadro lamentável de privatização da saúde, que é uma constante nos municípios brasileiros, sejam governados por centro direita ou esquerda, fui admitida e readmitida em Ongs, Oscips, Cooperativas e demais fachadas de lucrativas empresas pra prestar um serviço essencial, necessário e humano. Não possuo filiação partidária nem faço parte da legião de funcionários que entram e saem do serviço público acessório, terceirizado, de acordo com a conveniência do governo de plantão, geralmente por indicação de correligionários ou em troca de apoios. Feita esta premissa, quero relatar o seguinte:

No plantão do dia 18/5 último, às 16h, aproximadamente, o Centro Cirúrgico foi invadido por uma munícipe, aos berros, que clamava urgência no atendimento a um homem acidentado sobre uma maca. Os anos de profissão me habituaram a cenas assim: o leigo se desespera de fato ante o sofrimento dos entes queridos, ou de qualquer ser humano. Tais descontroles se desculpam. Mas chamou a atenção o fato de aquela munícipe ser a prefeita de Cubatão, Sra. Márcia Rosa de Mendonça Silva, a conduzir maca que havia retirado por conta própria do Pronto Socorro Central, para onde havia sido o paciente encaminhado, e que fez ingressar no Centro Cirúrgico cobrando pronto atendimento.

Não havia médico no plantão, eis que não havia cirurgia então. Não se pode entrar num centro cirúrgico sem autorização ou roupa própria, asséptica. Cumprindo minha função, expliquei o fato à prefeita: que aquele procedimento era inadequado, feria normas médicas e pedi-lhe que se retirasse do local. Telefonei para o plantonista, mas este recusou-se a atender a ocorrência, alegando, com base nas normas, que só o Pronto Socorro Central podia fazer o atendimento com avaliação e, se o caso, encaminhar ao CC. Procurei o Diretor Clínico, que mandou vir um médico de Santos. Chegado este médico, solicitou o auxílio de um cirurgião plástico, que veio do PSC, sendo o paciente, por fim, atendido, com sucesso. Em suma, fiz todo o procedimento que me cumpria fazer. E findei meu plantão com a tranquilidade do dever cumprido.

No próximo plantão que me cumpria trabalhar, fui chamada à sala da direção e tive comunicada a minha demissão da empresa AHBB, minha empregadora do momento, prestadora de serviços de saúde pública no Hospital Modelo de Cubatão. Alegaram “ordens superiores”.

O procedimento correto neste caso seria o paciente chegar ao PSC, como chegou, ser avaliado e, caso assim se demandasse, um médico do CC encaminhá-lo à cirurgia. Do PSC ligariam pro CC, onde eu atenderia e já providenciaria anestesista e demais cuidados preparatórios. Por mais boa vontade que tenha havido e ainda que, num “bom abuso de poder” se fizesse valer uma prerrogativa política por salvar uma vida em risco, a atitude da prefeita foi insana e colocou em risco a vida desta pessoa, cujo nome convém não mencionar. Por sorte deu tudo certo, quer dizer, quase tudo:

Ao que me foi dado saber, a senhora prefeita alegou que eu a tratei mal , não permitindo que ela ficasse junto a ele dentro do centro cirúrgico. Sei que depois de tudo isto eu acabei foi perdendo meu emprego. Não que seja alguma maravilha, ou que uma enfermeira qualificada, profissional escasso hoje em dia, tenha dificuldade em se recolocar no mercado (péssima palavra no caso) de trabalho.

A saúde virou mercadoria neste quadro triste em que o público se contamina do privado, o lucro pauta o atendimento do povo e a conveniência política e o conchavo ditam o emprego dos profissionais da saúde. É uma via de mão dupla, em que o privado dita a política pública, e agora o agente público dá as cartas na empresa privada que cuida da saúde.

Só tenho a lamentar profundamente tudo por que passa a cidade de Cubatão.”

 

Aqui os prints do desabafo.

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A prefeita Márcia Rosa (PT) usou a mesma rede social para contar sua versão dos fatos. Não menciona, porém, a denúncia de que a demissão da profissional poderia ter sido causada por perseguição. Confira abaixo:

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