EM BERTIOGA, SERVIDORES DA SAÚDE DISCUTEM MUDANÇA NA CARGA HORÁRIA DE TRABALHO
Ideia conta com o apoio da categoria e do Sindicato e já foi aprovada pela Câmara bertioguense, agora só falta a prefeitura se posicionar
Por Aristides Barros
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bertioga (SSPMB) sinaliza positivamente à proposta de mudança da jornada de trabalho dos profissionais da saúde visando a troca do atual sistema, que é a carga horária fixa, para o modelo baseado na produtividade.
A Câmara de Bertioga também “abraçou” a proposta, que foi aprovada por unanimidade no início da segunda quinzena de abril. Do Legislativo agora ela passou a tramitar nos corredores do Executivo bertioguense, que deve estudar e decidir pela sua aprovação, ou não. A Secretaria de Saúde informou que o projeto já está sendo avaliado pela equipe técnica da Pasta.
No sindicato, o presidente Jorge Guimarães dos Santos, o Jorjão, assinalou. “Os profissionais da saúde vão trabalhar com melhor disponibilidade, além de horário vão ter cumprir uma meta. A gente vê que a proposta tem uma tabela de 240 atendimentos por mês e que ‘mexe’ no salário do trabalhador, aumentando, caso ele passe esse número de atendimentos”, disse.
Ele observou que o profissional ganha mais e a população também, porque aumentando o número de atendimentos as filas diminuem”, expôs. Segundo ele estima, caso a jornada produtiva entre em vigor na cidade ela deverá atingir 160 profissionais da saúde.
O dirigente sindical pontua que só vê vantagens na jornada produtiva e a classifica como um bem casado. “Tem de ser bom para o servidor e para a população. O servidor público de carreira trabalhando contente, ganhando bem tem mais opção de dignidade.
Para o sindicalista, a proposta vai sanar um problema de anos na prefeitura, que é justamente em relação aos ‘horário dos médicos’. Têm ações no Ministério Público referente a uma série de problemas com os horários que os médicos fazem. O MP acompanha essa situação e determina que ela seja regularizada”, disse.
Contra a terceirização
Ao citar esse problema, o sindicalista abriu espaço para criticar a terceirização da saúde de Bertioga que, segundo ele, causou o desmonte da Secretaria da Saúde precarizando todo o setor.
“De 2000 a 2007 tínhamos o melhor quadro funcional da Baixada Santista, os melhores médicos da região estavam aqui, depois da terceirização da saúde a área foi sucateada, e os médicos foram embora, desistiram de Bertioga”, atestou. A população sofre os efeitos do sistema adotado.
A proposta de jornada produtiva foi trazida para a cidade pelo fisioterapeuta João Paulo Fernandes Filho, 53 anos, o Dr João Paulo. Ela já é praticada no funcionalismo municipal de Praia Grande, Peruíbe e Cubatão.
Com essas três realidades mais o duplo apoio do Sindicato e da Câmara, o fisioterapeuta redobra o otimismo de que o projeto consiga a mesma sinalização positiva junto ao Executivo bertioguense. O Dr João Paulo trabalha na área da saúde bertioguense e é servidor público concursado já há 22 anos.
O modelo baseado em produtividade engloba médicos, fisioterapeutas, dentistas, terapeutas, ocupacionais, nutricionistas e assistentes sociais, entre outros profissionais da saúde. Num breve resumo a jornada produtiva visa ao tempo que os profissionais não fiquem à espera de pacientes, os pacientes também não fiquem à espera de serem atendidos”,
Conforme o Dr João Paulo, na prática a jornada produtiva tende a ampliar o atendimento na rede municipal, cuja maior demanda é a população carente. “A ampliação de atendimento não vai necessitar de contratação de mais profissionais, mas da reorganização da carga horária, pois são percebidos dias em que temos poucos pacientes para atender e há dias em que o contingente é excessivo. Revendo os horários e as agendas dá para aumentar a produtividade, o que seria bom para a cidade como um todo”, entende o fisioterapeuta.
Ele acrescenta. “Pelo sistema baseado em produtividade, os profissionais são incentivados a maximizar sua eficiência durante o tempo que passam no trabalho. Isso pode resultar em consultas mais rápidas e eficazes, reduzindo os tempos de espera para os pacientes e permitindo que mais pessoas sejam atendidas ao longo do dia”.
O fisioterapeuta explica. “Ao invés de se concentrar apenas na quantidade de horas trabalhadas, os profissionais passam a se concentrar na qualidade do atendimento prestado a cada paciente. Isso pode levar a uma maior satisfação do paciente, já que os médicos estão mais focados em suas necessidades individuais.
Ele destaca. “Um sistema baseado em produtividade pode oferecer mais flexibilidade aos profissionais em termos de como eles organizam seu tempo de trabalho. Isso pode permitir que atendam melhor às demandas de sua vida pessoal e profissional, resultando em profissionais mais satisfeitos e engajados”.
De acordo com o fisioterapeuta, na possível adoção da medida a prefeitura fará uso mais eficiente dos recursos. “Ao otimizar o tempo e os recursos disponíveis, um sistema baseado em produtividade pode ajudar a maximizar o uso dos recursos de saúde, garantindo que mais pacientes sejam atendidos com os mesmos recursos disponíveis”.
O Dr João Paulo finaliza. “A adesão à jornada produtiva é voluntária e aderir a ela depende exclusivamente de cada funcionário querer, ou não”, revela. Ele finaliza destacando que a ideia já recebe boa aceitação entre os profissionais que têm conhecimento da proposta.