denuncie Denuncie! denuncie
O.S. em Santos NÃO!
Facebook
Youtube
12/02/2016     nenhum comentário

Educador Vítor Paro condena OSs nas escolas

Para o especialista, os princípios da administração empresarial não são apenas diferentes do objetivo da invenção da escola, eles são antagônicos.

vitor_paro

O educador Vitor Henrique Paro deu uma entrevista à Agência Brasil onde descreve o que pensa sobre o novo modelo de gestão introduzido nas escolas estaduais de Goiás pelo tucano Marconi Perillo.  Paro é professor colaborador sênior da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), onde coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Administração Escolar. Ele se diz contrário à alternativa e elenca vários motivos para imaginar que pedagogicamente o modelo é prejudicial.

“Educação lida com o ser humano. Os princípios da administração empresarial não são apenas diferentes do objetivo da invenção da escola, eles são antagônicos”, diz o especialista.

Para quem não sabe, a partir deste ano, Goiás começará a transferir a administração de escolas estaduais a Organizações Sociais (OSs). Elas são classificadas oficialmente como entidades filantrópicas, mas todos nós sabemos que as OSs são empresas em busca de mais uma fonte de lucro.

Na educação o modelo, que já é aplicado no sistema de saúde de vários estados, será inédito no Brasil. A implantação começa em 23 escolas e deverá chegar a 200 até o final do ano. Serão firmadas parcerias em contratos nos quais estão previstos repasses públicos mensais às OSs, que ficarão responsáveis pela manutenção das escolas pelo desempenhos dos estudantes nas avaliações feitas pelo estado e também pela contratação de professores e funcionários.

Paro é autor, entre outros, dos livros ‘Administração escolar: introdução crítica’, ‘Gestão democrática da escola pública’, ‘Crítica da estrutura da escola’ e ‘Diretor escolar: educador ou gerente?’.

Ele lembra o fato de a atuação das OSs nas escolas estar condicionada a uma melhora no desempenho dos alunos nas avaliações do estado e questiona a capacidade das avaliações externas de medirem o conhecimento dos estudantes. O temor é que o ensino se volte apenas para as provas. “Essas entidades condicionam e treinam professores para fazer os alunos responderem a esses testes. E eles não aprendem nada”, diz.

“Enquanto o ensino brasileiro não estiver orientado para formar o ser humano histórico, aquele que têm direitos para se apropriar inteiramente da cultura, e não apenas aprender umas coisinhas para entrar no mercado de trabalho ou simplesmente receber um diploma, a educação vai continuar igual”, defende, e acrescenta: “Por que a educação pública não está preocupada em fazer educação de verdade? Está preocupada apenas em melhorar índices. E nem mesmo esses índices têm mostrado melhoras”.

 Movimento contrário

Estudantes e professores ocupam desde dezembro do ano passado, escolas estaduais em protesto contra a falta de diálogo na implantação do modelo. O edital para o chamamento das entidades foi publicado no final de dezembro e a abertura dos envelopes, está agendada para o próximo dia 15 de fevereiro. Já neste ano, o promotor de Justiça Marcelo Henrique dos Santos, do Ministério Público de Goiás, sugeriu a suspensão do edital, que segundo ele, ainda gera dúvidas. Um grupo permanece acampado no estacionamento do edifício da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), em Goiânia.

Apesar das manifestações, o governo mantém o edital de chamamento das entidades e confirma o início do processo para este ano.

Contra o modelo e alegando falta de diálogo, os estudantes chegaram a ocupar 28 escolas, mas com o início das aulas, no dia 20 de janeiro, começou também um processo de desocupação. Por meio de postagens na rede social Facebook, os estudantes dizem que estão sendo retirados à força das unidades e vítimas de violência policial. As denúncias são feitas nas páginas Secundaristas em Luta – GO e Ocupe sua Escola – Goiás.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *