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30/08/2016     nenhum comentário

Dirigido por OS, Centro Estadual de Transplante paralisa cirurgias

Se não fosse administrado por uma OS e estivesse credenciado ao programa específico do Governo Federal, o custo com o Hospital do Rio diminuiria R$ 78 milhões. Repasses à gestão terceirizadas mostram que o custo é 10 vezes maior para manter o hospital como está, terceirizado pelo Estado.

transpalnte

Quando dizemos que a terceirização e o modelo de gestão por meio de Organizações Sociais mata, não é exagero. Do Rio vem mais um exemplo, em reportagem publicada pelo Jornal Extra nesta terça-feira (30).

No Centro Estadual de Transplantes (CET) do Rio de Janeiro pacientes que estão deixando de receber órgãos na unidade porque o local não tem luvas e outros insumos básicos para as operações! O CET é administrado por uma OS, a Associação Lar de São Francisco, que diz receber repasses com atraso do Estado.

No entanto, se não fosse administrado por OS e estivesse credenciado ao programa específico do SUS,  o custo com o Hospital diminuiria R$ 78 milhões, que é o dinheiro assegurado pelo convênio federal. Só agora esse convênio federal vai ser feito, segundo informam as autoridades na reportagem.

Agora? Só agora o Estado resolveu mudar o sistema de gestão retirando a OS e encaminhado para gestão direta, via credenciamento a programa federal específico para unidades especializadas em transplantes? Só agora o Estado deixa de beneficiar uma EMPRESA que lucra com dinheiro público para enfim pensar na dignidade dos pacientes? Mais do que uma irresponsabilidade com os cofres públicos, essa situação é CRIMINOSA porque impacta em perdas de vidas! Veja a matéria do Jornal Extra e tire suas conclusões sobre o modelo de gestão indecente que políticos inescrupulosos e empresários sedentos por grana chamam de Publicização.

Centro Estadual de Transplante paralisa cirurgias e transfere pacientes

O Centro Estadual de Transplantes (CET), inaugurado em 2013 no Hospital São Francisco de Assis (HSFA), na Tijuca, sofre os reflexos da crise financeira por que passa o governo estadual. A unidade, que, até meados de 2015 era responsável por 60% dos procedimentos de rim no estado, vem transferindo seus pacientes para outras unidades no momento em que são chamados para a cirurgia.

Na última terça-feira, dois doentes renais crônicos acompanhados pela equipe do hospital foram orientados a ir para o Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), onde puderam receber os órgãos doados. O motivo: faltava material para as cirurgias.
“No último dia 22, o telefone tocou quase à meia-noite. Era uma moça dizendo que havia um rim para mim e que eu deveria ir para o São Francisco. Mas quando cheguei, às 4h20m da última terça-feira, o médico disse que eu tinha que ir para o Hospital de Bonsucesso. Pensei: tem alguma coisa errada”, disse Ana Beatriz dos Santos Ribeiro, de 48 anos, que mora em Campos.

Ana Beatriz contou que foi tranquilizada pelo médico. Ao seu lado, Cláudio Luiz Ferreira, de 48 anos, recebia a mesma notícia. Foi ele quem deu carona a Ana Beatriz até o HFB. Lá, o transplante dele aconteceu na noite de terça-feira. O dela, na tarde de quarta-feira.
“Não podia nem pensar em não receber esse rim por causa de crise financeira do estado. É um crime desperdiçar um órgão. Há muita gente esperando na fila por uma chance de viver. E só quem vive preso a uma máquina de hemodiálise sabe o sofrimento que passamos. O que mais quero agora é encontrar minhas irmãs. Uma mora em Portugal e a outra, nos Estados Unidos. Eu nunca pude visitá-las. Há 14 anos, vivo preso à máquina de hemodiálise, três vezes por semana. É um sonho realizado depois de tantos anos de sofrimento”, disse o ex-paraquedista Cláudio Luiz Ferreira, de 48 anos, que se recupera bem, num leito na enfermaria do serviço de nefrologia do HFB.
Cláudio era acompanhado pela equipe do Hospital São Francisco, mas precisou ser transferido para o Hospital Federal de Bonsucesso para receber um rim

O HSFA sofre com atrasos nos repasses. Em janeiro, o governo estadual negociou com a OS Associação Lar de São Francisco uma redução na verba mensal de R$ 9,5 milhões para R$ 6,5 milhões. Ainda assim, a OS teria recebido, entre janeiro e agosto, R$ 36,4 milhões dos R$ 52 milhões acertados. Em setembro no ano passado, a unidade ameaçou fechar as portas e, em janeiro deste ano, chegou a suspender os transplantes.
Segundo o chefe da nefrologia e do serviço de transplante renal do HFB, Luiz Fernando Christiani, são cerca de mil pacientes aguardando por um rim no estado. Só na unidade, são 250 pacientes com os exames pré-operatórios prontos e outros cem em preparação:

“Este ano, já fizemos 52 transplantes de rim. Estamos um pouco abaixo do que realizados no ano passado, quando transplantamos cerca de 80 rins, e longe de atingirmos nossa capacidade plena. Podemos fazer dois transplantes por dia, mas precisamos que as famílias autorizem as doações”.

Valores pagos pelo estado são quase dez vezes maiores que tabela do SUS

Pelos 132 transplantes de rim e fígado realizados este ano, o HSFA receberia do Ministério da Saúde — se fosse uma unidade conveniada diretamente ao SUS e não ao governo estadual, mediante um contrato — R$ 5,3 milhões. Uma tabela estabelece os valores pagos por procedimento. Assim, os repasses estaduais à unidade (de R$ 52 milhões) são quase dez vezes maiores do que o recebido pelos centros de transplantes ligados ao SUS.

Mas é para essa realidade que o HSFA tenta migrar diante da crise financeira do estado e vê cirurgiões se desligando do serviço. Em maio, uma equipe de transplante de fígado deixou a unidade.

Segundo a Secretaria estadual de Saúde (SES), o hospital está em processo de mudança da administração por OS para o credenciamento junto ao SUS. Dessa forma, o estado economizará R$ 78 milhões, e os transplantes passariam a ser pagos pelo governo federal, como ocorre em todo o país.

Segundo a SES, durante esse processo, o CET funcionará de forma “restrita”, atendendo apenas pacientes já transplantados. Os que aguardam pelo procedimento serão encaminhados pelo Programa Estadual de Transplantes, no momento em que surgir um órgão, a outros centros transplantadores.

Apesar de os procedimentos de alta complexidade serem de responsabilidade das unidades de saúde federais e universitárias, o governo de Sergio Cabral decidiu, em 2013, investir R$ 3 milhões para reformar e instalar equipamentos de ponta no HSFA e montar o centro de transplantes.

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