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22/08/2016     nenhum comentário

Descaso e demora no PS do Irmã Dulce, da Fundação ABC

Mais um exemplo de como os fatos desmontam totalmente os discursos dos políticos neo-liberais que tentam vender a “eficiência e excelência” de tudo o que é privado como antídoto para combater a “péssima qualidade” do que é público.

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Nesta segunda-feira (22), o jornal Diário do Litoral conferiu in loco as mazelas da terceirização de serviços públicos atingido a ponta mais frágil: a população.

O Hospital Irmã Dulce, a exemplo do que acontece no PS e Hospital de Cubatão e nas Unidades de Saúde da Família (Usafas) de Guarujá, também teve a gestão transferida para Organizações Sociais (OSs) e igualmente sofre com falta de médicos nos plantões, falta de medicamentos e demora no atendimento.

É mais um exemplo de como os fatos desmontam totalmente os discursos dos políticos neo-liberais calcados na “eficiência e excelência” de tudo o que é privado para enfrentar a “péssima qualidade” do que é público.

São mentiras contadas repetidamente e que a realidade se encarrega de desmascarar. O problema é que, uma vez implantada a modalidade de gestão por OSs, é muito difícil romper contratos ou mesmo fiscalizá-los profundamente.

E situações como essa, de descumprimento de cláusulas são rotineiras. As OSs ganham milhões para manter os plantões abastecidos de um número x de equipes, mas em muitas ocasiões a quantidade na prática de profissionais atuando é menor.

Isso sem falar na qualificação desses profissionais, que via de regra são funcionários recém-formados, que ganham menos, muitos nem carteira assinada têm e a maioria não tem compromisso em servir à população com dignidade.

Sabe quanto a Fundação do ABC fatura para gerenciar dessa forma deficiente o Hospital Irmã Dulce, as UPA’s e o Pronto Socorro Central de Praia Grande?  R$ 134 milhões por ano!

Veja o que apurou a reportagem, que flagrou no local os problemas e ainda assim foi cinicamente desmentida pela OS que gerencia o Hospital, a Fundação do ABC, entidade que têm inúmeras irregularidades nas costas referentes a contratos com Praia Grande e com outras cidades. 

 

Descaso e demora no PS do Irmã Dulce
Pacientes também relatam falta de vagas na principal unidade de saúde do município

Um carro chega na porta do pronto-socorro do Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande. No Corsa preto, uma senhora desacordada. O filho desce do veículo e, gritando, busca atendimento à mãe, que havia sofrido uma queda na rua. A unidade está lotada de pessoas à espera de atendimento médico. Entre os que aguardam, um senhor resume em uma frase a situação: “O jeito é pedir a Deus para dar saúde para não ter de passar por isso aqui”.

“Ela caiu na rua perto da Usafa (Unidade Saúde da Família) da Vila Sônia. Deixaram ela jogada na rua. Não quiseram acionar a ambulância. Há meia hora trouxe ela na emergência e disseram que não podiam fazer nada, que era para ver se ela se está respirando. Agora trouxe de novo e vão ter que atender”, disse Evandro Jesus da Silva, enquanto buscava atendimento a mãe. Inconformado com a situação, ele pedia à Reportagem que observasse as próximas cenas.

Uma funcionária do pronto-socorro pediu que ele entrasse com a senhora na unidade. Outra paciente pegou a cadeira de rodas e ajudou Evandro a retirar a mãe do carro e seguir então para a emergência. Ela também acompanhava a mãe, de 88 anos, que aguarda há uma vaga no hospital.

“Minha mãe tem 88 anos e está sentada em um ‘cadeirão’ há quase dois dias esperando uma vaga para ser internada. Falaram que não tem vaga. Tem muita gente lá. Uma mulher teve convulsão. A saúde está difícil por aqui. Não tem ambulância. Meu irmão que trouxe a minha mãe de carro”, disse Maria Ivânia dos Santos, moradora da Vila Tupiry, a senhora que ajudou Evandro a retirar a mãe do carro com a cadeira de rodas.

Desorganização

Keilane Sólis, moradora do Jardim Guilhermina, aguardava há quatro horas o marido, que estava com falta de ar, ser atendido. Os bancos de espera do PS estava lotados. Do lado de fora, as pessoas relatavam a falta de médicos na unidade.

“Só tem um Clínico Geral atendendo. Tudo desorganizado. Moro na cidade desde que nasci e a cada ano que passa está pior. A infraestrutura de Praia Grande de fato é muito boa. Cidade bonita. Mas falta tudo, principalmente saúde. Posto de Saúde você vai pegar remédio e nunca tem”, afirmou Keilane.

“Tem muita gente para ser atendida. Cai de moto de madrugada. A gente liga e não tem ambulância. Agora pouco teve uma confusão aí dentro. Passaram uma pomada no meu ferimento e disseram que não iam atender agora. Estou esperando. Cheguei aqui às 10 horas”, disse uma jovem que não quis se identificar. A Reportagem conversou com ela do lado de fora da unidade por volta das 13 horas.

Unidades

O Diário do Litoral foi até as outras duas unidades de emergência do município: a UPA do Quietude e a UPA do Samambaia. Nos equipamentos, a Reportagem não ouviu reclamações com relação a falta de médicos, mas a saúde, em geral, recebeu críticas.

“Acho que os governos deveriam investir mais em saúde. Quando chega em época de eleição, eles lembram de nós. Depois que a eleição acaba, esquecem”, disse Rodrigo Pereira Brandão, morador do Jardim Anhaguera. Ele aguardava atendimento para a filha na UPA Quietude.

Diário do Litoral flagra, mas Prefeitura nega

Os relatos foram colhidos pela Reportagem na última terça-feira (16) no pronto-socorro do Hospital Irmã Dulce. Apesar do Diário do Litoral presenciar as cenas e as reclamações, a Prefeitura de Praia Grande, por meio da Fundação ABC, que administra a unidade, negou a falta de médicos e a demora no atendimento.

“Com relação à falta de médicos no Pronto Socorro Central, a Diretoria Técnica do Complexo Hospitalar Irmã Dulce salienta que a unidade conta com equipe completa de médicos e que também não procede a reclamação de demora no atendimento. O PS Central possui sistema de triagem, de modo que pacientes com urgência no atendimento são priorizados. Não tem sido registrada espera superior a uma hora para casos não urgentes”, diz a nota encaminhada à ­Reportagem.

Sobre a falta de vagas para internação, a Prefeitura de Praia Grande não confirma, mas diz que o problema é regional. “Com relação à falta de vagas para internação, vale salientar que o Hospital Municipal possui leitos pactuados com Governo do Estado e vem registrando alta demanda com muitos pacientes provenientes de outros municípios. A regulação dos leitos é feita pela Secretaria da Saúde do Estado e, portanto, a destinação de vagas de leitos não compete ao Município”, afirmou.

Com relação à reclamação sobre a falta de ambulâncias, a Administração Municipal disse que a frota está dimensionada de acordo com número de habitantes do Município, respeitando a legislação vigente.

Ressaltou ainda que o Município conta com 5 equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) sendo 4 de Suporte Básico e uma de Suporte Avançado. A Cidade conta ainda com 10 Unidades de Transporte de Saúde (UTS), sendo que 8 em atividade e 2 reservas técnicas.

Sobre a reclamação de falta de medicamentos, a Prefeitura informou que “a maioria dos itens da farmácia básica estão disponíveis nas unidades, no entanto ocorre que alguns itens estão em falta no mercado, desta forma dificultando a compra”. ?

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