denuncie Denuncie! denuncie
O.S. em Santos NÃO!
Facebook
Youtube
07/01/2016     4 comentários

Crise na Saúde do Rio desmascara o modelo de OSs

Até mesmo parte da imprensa, que costuma dar eco aos discursos pró-terceirização e pró-privatização dos políticos influentes, está chegando à conclusão que a alternativa está saindo cara e desastrosa.

sbtrio

A crise da saúde no Rio de Janeiro é cruel, mas ao menos está servindo para, aos poucos, mostrar para a opinião pública que o modelo de gestão por meio de Organizações Sociais (OSs) é problemático e desumano. Isso para dizer o mínimo!

Até mesmo parte da imprensa, que costuma dar eco aos discursos pró-terceirização e pró-privatização dos políticos influentes, está chegando à conclusão que a alternativa está saindo cara e desastrosa.

Numa tentativa de colocar uma cortina de fumaça sobre a questão de fundo da crise, o Governador Luiz Fernando Pezão e o prefeito Eduardo Paes anunciaram a municipalização de dois hospitais. Os equipamentos, no entanto, continuarão sendo gerenciados às custas de muitos milhões por OSs. Nada além de uma jogada política para distrair por mais um tempo o povo.

Veja a reportagem sobre o caso, feita pelo programa jornalístico da SBT carioca e, na sequência, a entrevista que a jornalista (por sinal muito indignada com as OSs) faz com o vereador do Rio Paulo Pimentel (PSOL) e com o deputado estadual Luiz Paulo (PSDB).

Em certo momento, a apresentadora questiona enfaticamente por que as autoridades insistem em contratar essas empresas para gerir a hospitais, UPAs e ambulatórios se os problemas no atendimento e os escândalos de corrupção são noticiados aos montes na mídia.

“A autoridade tem que parar de pensar que o povo é bobo. A gente já entendeu. No (hospital) Pedro II todo mundo foi preso, criança morreu, porque o cara que era da OS economizou gás, oxigênio, seja o que for. Essas OSs, na minha opinião leiga, volto a falar, é criminosa (sic). É você pegar o dinheiro nosso, do Estado e passar para OS. A gente não é tonto, a gente vive num país que tem corrupção. E a gente da margem para mais corrupção. Primeiro não seria mais correto chamar e falar: vamos parar com esse negócio de OS e vamos nós administrar o dinheiro? Estou sendo muito ingênua?”, pergunta ela.

O deputado concorda e ainda reforça: “Eu acho que as organizações sociais são uma forma de administração extremamente precária, desonesta e sujeita a grande corrupção. O correto nesse momento de crise seria rescindir todos os contratos com organizações sociais, fazer um termo de ajuste de conduta com o Ministério Público e o Estado administrar esse pessoal diretamente sem intermediário até que sejam abertos concursos públicos”.

Para o vereador Paulo Pinheiro, que há anos denuncia irregularidades no modelo adotado no Rio de Janeiro, municipalizar os hospitais até seria a decisão técnica correta. Porém, nesse caso, trata-se de apenas mais uma jogada política, pois as OSs, que são as principais protagonistas da crise, vão permanecer no sistema.

“OS é o fim da saúde. Eu tenho 46 pedidos no Tribunal de Contas. Auditamos todas as OSs do município (do Rio de Janeiro). A perda de recursos somente em um mês de avaliação chega a R$ 80 milhões. O município tem 25 contratos de gestão com 9 OSs. Isso é uma vergonha”, diz Paulo Pinheiro.

A jornalista questiona ao vereador: “Por que ninguém luta pela gente para acabar com esses sistema corrupto e falido?”.

Pinheiro responde que na Câmara, quando foi apresentado o projeto de lei que autoriza as OSs no Rio, apenas 8 vereadores votaram contra. Ele tem um projeto de lei que pede a suspensão do modelo, mas nunca é pautado. “A maioria dos parlamentares é do governo. O governo tem 42 vereadores e eles votam tudo o que o prefeito quer. E eles querem as OSs porque elas são politicamente importantes para eles. O governo do Estado e o prefeito resolveram dar o dinheiro da saúde para OS. Setenta por cento do dinheiro gasto em saúde no estado vai para OS. No município 40% nas unidades públicas estão na mão de OS. E o resultado vocês têm mostrado: falta de atendimento, má qualidade e mais do que isso, um roubo. Existem sete ações civis no MP contra sete OSs por superfaturamento, desvio de recursos públicos, não pagamento de encargos sociais “.

O deputado Luiz Paulo reforça: “As OSs não dão certo nem no Estado e nem nos municípios. A cada momento tem mais escândalo de corrupção. Tá na hora de dar um basta nisso tudo”, diz.

hospi_estado

 

SISTEMA FRAUDULENTO ORGANIZADO PARA LUCRAR ÀS CUSTAS DO ESTADO

Oscips, Organizações Sociais (OSs), ONGs e outros tipos de entidades “sem fins lucrativos” recebendo dinheiro público nada mais são que empresas com redes de atuação muitas vezes bem organizadas e sofisticadas para lucrar burlando os mecanismos de controle de gastos em áreas públicas e fraudando o estado. Quase sempre atuam em vários municípios de mais de um estado da federação.

Conforme documento da Frente em Defesa dos Serviços Públicos, Estatais e de Qualidade, “OSs e oscips somente se interessam em atuar em cidades e em serviços onde é possível morder sobretaxas nas compras de muitos materiais e equipamentos e onde pode pagar baixos salários. O resultado é superfaturamento em todas as compras (o modelo dispensa licitação para adquirir insumos e equipamentos), a contratação sem concurso público de profissionais com baixa qualificação e, por vezes, falsos profissionais.

O dinheiro que é gasto desnecessariamente nos contratos com estas empresas sai do bolso do contribuinte, que paga pelos serviços públicos mesmo sem utilizá-los e acaba custeando o superfaturamento e os esquemas de propinas para partidos e apadrinhados políticos”.

Santos está caminhando nesta direção desde o final de 2013, quando o governo municipal criou o projeto de lei das OSs e os vereadores a transformaram em lei sem qualquer discussão com a população.

A primeira unidade a ser terceirizada será a UPA que substituirá o PS Central. A OS escolhida é a Fundação ABC, cujos trabalhos devem ser iniciados ainda esse ano na nova unidade. Há a intenção do governo em firmar contratos no Hospital de Clínicas (antigo Hospital dos Estivadores) e também em unidades e programas da área da Cultura, Educação, Esporte e Assistência Social.

Para saber mais sobre esse verdadeiro golpe em andamento leia a cartilha Santos, Organizações Sociais e o Desvio do Dinheiro Público.

Comentários (4)

  1. Marcelo disse:

    Esse modelo é amplamente usado no município do Rio de Janeiro. As tais Clínicas de Família são todas entregues às OS, assim como o Hospital Pedro II e o de Acari (não sei se tem outros). O município repassa milhões e milhões às OS, enquanto isso tem unidades próprias (unidades de gestão do próprio município) que não recebem o minimo de manutenção predial, algumas sem alimentação para os pacientes (alimentação determinada em lei), quantidade ínfima de pessoal. Por que só as OS recebem investimento? É OS na área de saúde, OS na área de cultura (museu do amanhã e museu de arte do rio, o MAR e outras coisas). Só dá OS… Eu acho isso muito suspeito.

  2. Sidnei Garcia disse:

    Vamos falar a verdade. Na minha profissão já presenciei a criação de uma OS. Foram apresentados alguns laranjas que participaram da ATA, mas quem manda na realidade, não se conhece. O serviço público contrata a OS que irá receber nosso dinheiro com superfaturamentos, mandar algum para Paraíso fiscal para as contas dos cabeças e parte para financiamentos de campanhas para dar continuidade ao esquema. Aqui no Rio é o que está acontecendo. Coloca-se o PEDRO PAULO para aparecer como bom moço, financia-se a campanha dele e da base de apoio, principalme com dinheiro público desviados pelas OSs. Na Zona Oeste já está cheia de faixas (publicidade) do PEDRO PAULO e de alguns que formarão a base de apoio. Temos que alertar à população para não votar nesses candidatos.

  3. Sidnei Cabral disse:

    Como sempre a “crise econômica ” é a grande culpada. Mas sabemos que na realidade esta crise é justamente utilizada para encobrir irresponsabilidades do governo para com a saúde pública. Pois num cenário de crise não se teria espaço para construir tanta coisa na Cidade do Rio de Janeiro e também as inúmeras obras faraônicas e eleitoreiras por todo Estado. A questão é prioridades e o prioritário para estes governantes é se manter no poder, financiar aquilo que lhes oferece lucro, desviar verbas, utilizar a máquina do Estado para enriquecer e favorecer os seus “padrinhos” e “afilhados”. A crise, a muito anunciada não impediu o Secretário de Saúde do Estado, a época, Felipe Peixoto, de nomear aliados políticos, contratar por Dispensa de Licitação empresa investigada pelo Ministério Público e privatizar Unidades de Saúde do Estado, contratando com as OSS, só em 2015, aproximadamente R$ 5,5 bilhões de reais, tudo publicado no DOERJ. Mas a corrupção que sangra o Estado encabeçada pelos mesmos políticos que estão no poder aparece vez ou outra e quase nunca associada às causas desta desordem que tem como consequência o que presenciamos na atualidade. As Olimpiadas estarão ai em 2016, ano de eleições para Prefeitos e Vereadores, então será a hora de ir para as ruas demonstrar para esses governantes e seus candidatos toda nossa indignação, e não adianta dizer que não, pois a gestão do ex Secretário Felipe Peixoto ficou marcada pelo fechamento de várias Unidades de Saúde e seus adversários políticos certamente usarão tudo isto contra ele quando da campanha à Prefeitura de Niterói

    1. Ataque aos Cofres Públicos disse:

      Perfeita análise Sidnei Cabaral!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *