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17/01/2017     nenhum comentário

2017 segue igual na UPA terceirizada: sobram problemas e falta fiscalização

O ano mudou, mas os problemas na gestão permanecem. A prefeitura está em crise, mas joga dinheiro no ralo ao optar por uma gestão mais cara e ineficiente.

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Mudou o ano, mas os problemas na UPA Central de Santos continuam os mesmos, conforme relatam os próprios pacientes que participaram da primeira Ouvidoria Popular de 2017, realizada na última segunda-feira (9).

Em resumo, as queixas permanecem as mesmas: poucos profissionais, demora excessiva para consultas e exames, falta de medicamentos, pessoas com doenças infecciosas misturadas com outros pacientes, inclusive crianças. Também foi relatado falta de preparo de funcionários, estrutura precária, poucas cadeiras de rodas, sujeira e mau cheiro.

Um funcionário terceirizado (não identificaremos por razões óbvias) confirmou que as equipes que atuam na unidade estão aquém da demanda. “Tem gente que é atendido 9 horas da noite com senha de 4 horas da tarde. Todos os dias são só quatro clínicos e um ortopedista”, comentou.

Importante ressaltar que, conforme a Portaria do Ministério da Saúde (Portaria 1.601/2011), UPAs de Porte 3, como é a de Santos, devem manter no mínimo seis médicos por plantão. Isso atendendo um fluxo de até 450 pessoas por dia.

Vale lembrar que por muitas ocasiões o Ataque aos Cofres Públicos constatou que as escalas de médicos não são afixadas em local visível na unidade, como acontece nos demais equipamentos saúde, por força de lei.

Muitos profissionais saem para almoço e não são rendidos (veja reclamação no quadro abaixo), aumentando ainda mais a espera por atendimento.

Na enfermagem o problema também é sentido. Por meio do Facebook, Jocely Pereira resolveu fazer uma transmissão ao vivo para mostrar que ficou três horas com a mãe quase desacordada esperando uma sonda para fazer um exame. A demora, segundo ela, foi porque a enfermeira chefe teve de suprir a ausência de profissionais na escala. “Uma enfermeira resolveu trabalhar só meio período. E vem dizer que aqui tem qualidade no atendimento?”, questiona.

Para os que precisam de internação, a situação também não é das melhores. A dona de casa Maria Cecília Pereira conta que sua irmã precisou passar a noite no repouso após fortes dores no peito. Entretanto, a paciente não conseguiu dormir até as 4 horas da manhã, em razão do barulho causado por duas enfermeiras que passaram o plantão brigando.

“Internei minha irmã ontem (dia 8). A menina da recepção mandou ela ir direto para a internação, mas o rapaz que a recebeu não aceitou. Tive que voltar com ela. No final, teve que ficar mesmo internada. Voltei hoje (9) de manhã e soube que as enfermeiras só faltaram se agarrar em uma briga dentro do repouso. Ninguém conseguiu dormir. Minha irmã saiu do leito e foi reclamar, mas não resolveu nada. Ela chegou com problema no coração e agora está mais nervosa do que entrou”, disse Maria Cecília.

Veja abaixo mais relatos da Ouvidoria Popular realizada há uma semana

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Kelly Cristina de Oliveira, autônoma

“Estou desde ontem com meu marido. Não tem medicação. A limpeza é muito ruim. Sujeira. Tá fedido agora lá dentro da medicação. Muito cheio. Deixam muito a desejar no atendimento. Juntam pessoas com tuberculose com outros pacientes. Eles não internam, mandam pra casa, fazem pouco caso. Semana passada não tinha Dipirona, não tinha Tilatil e nem gaze”.

Denialdo de Carvalho, eletricista

“O número de cadeiras de rodas para atender os pacientes é insuficiente. As que têm são aquelas do tipo assento sanitário, o que é muito desconfortável para as pessoas. Uma tia de 83 anos quebrou a bacia e deram uma cadeira neste estado. Ela veio no dia 22 de novembro, depois 6 de dezembro e depois uma outra vez. Todas as vezes a cadeira de rodas disponível era esta”.

Oscar de Brito Cobra, caminhoneiro

“Eu ouvi do funcionário da enfermaria que está impossível trabalhar aqui. São poucos funcionários. Eles têm que ficar solicitando gente de outro setor pra socorrer. Esse funcionário disse que o pessoal de gabinete fica só no blá blá blá e deveria vir aqui para ver o que está acontecendo. A terceirização foi uma maneira de se instalar a corrupção no Brasil. É a porteira para a corrupção. E quem terceirizou não fiscaliza porque está ganhando”.

Joao Wilson Pereira dos Santos, eletricista

“No dia 1º de setembro tive um acidente que esfacelou a rótula do meu cotovelo. Chegando na UPA me deram a senha. Pedi urgência. Isso era 10h50. Meio-dia uma senhora que estava com uma senha antes disse nervosa que o médico foi almoçar. O ortopedista saiu às 12h e voltou às 14h, com um bocado de paciente esperando, alguns casos urgentes. Fui atendido depois de 5 horas, com o braço super inchado e com dor. Te empurram pra lá e pra cá. Pra tomar um medicamento tem que pedir por favor. Eu apelei para o segurança, que me levou para uma sala. Fiquei aguardando a ficha e nada da ficha. Procurei outro vigilante e ele disse para eu procurar a enfermeira. Só assim que eu consegui ser atendido.

Um desrespeito cm a população. Pagamos nossos impostos e quando necessitamos não temos retorno. Em época de eleição eles cortejam a gente. Hoje em dia é só falcatrua”.

Flávia Cordeiro de Sales, assistente de produção

“Trouxe minha mãe, que já vem há algum tempo com dor. O médico detectou o que seria o caso dela, mas disse que aqui não resolveria, pois precisam de uma ressonância. Só que eles não fazem encaminhamento. Ou seja, ela vai ter que ir na policlínica marcar um clínico para ele detectar o que já foi dito, ver se ela realmente precisa de uma ressonância e aí ela vai com encaminhamento para marcar o exame, que também demora. Uma espera de meses para resolver esse problema. Ela vai continuar com dor mais tempo do que deveria porque não há essa parceria com as policlínicas. Bastava um requerimento para encaminhamento direto para a ressonância. Meu pai também precisou fazer exame. Foram meses pra fazer. Ele acabou indo para uma cirurgia, teve complicações e faleceu. Depois de um mês da morte é que liberaram o exame. Isso acontece com várias pessoas”.

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