Witzel nomeia secretário advogado de empresário citado na Lava Jato e em esquema de OS
O advogado Lucas Tristão defende a empresa da família Peixoto em ações contra o governo estadual. Empresário foi citado pela Lava Jato, por pagar propinas para beneficiar Organizações Sociais de Saúde.
Matéria do portal de notícias G1 mostra que as redes obscuras que ligam empresas e os cofres públicos por meio da terceirização se manterão no Rio de Janeiro, no próximo mandato do Governo do Estado.
No último dia 13, o governador eleito Wilson Witzel anunciou que o advogado Lucas Tristão será o titular da pasta de Desenvolvimento Econômico e Geração de Emprego e Renda. Tristão é advogado do empresário Mário Peixoto, investigado pela força-tarefa da Lava Jato no RJ.
E que mais detalhes nebulosos existem no histórico de Peixoto, cliente do futuro secretário? Sua família é proprietária da Atrio Rio Service Tecnologia e Serviços Ltda, que recebeu do Estado do Rio mais de R$ 60 milhões em contratos.
Em um processo que ainda corre na Justiça do Rio, Tristão defende a Atrio contra o próprio governo estadual.
O conflito é semelhante ao de Adriana Ancelmo, ex-primeira-dama do Rio de Janeiro. A mulher do ex-governador Sérgio Cabral atendia em seu escritório de advocacia grandes fornecedores do estado.
Segundo o G1, a Operação Lava Jato descobriu que contratos do escritório de advocacia com esses fornecedores serviam para camuflar a propina paga ao então governador. A reportagem ressalta que Mário Peixoto não foi alvo da Lava Jato mas já foi citado em delações.
Organizações Sociais teriam sido favorecidas
O filho do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado, Jonas Lopes Neto afirmou que recebeu uma mesada do empresário, que é cliente de Tristão.
Foram cerca de R$ 200 mil por mês entregues entre 2012 e 2013 para favorecer organizações sociais da saúde. No último dia 12, a Lava Jato chegou novamente ao nome do empresário defendido pelo novo secretário do governo Witzel.
No documento apreendido com Andreia do Nascimento, assessora do ex-presidente da Alerj, Paulo Melo, presa no dia 13 deste mês, há a orientação de “excluir qualquer email do Alessandro, Mário, Vinícius, Guilherme e Paulo Afonso Trindade Jr.”
O MPF afirma que Alessandro Carvalho de Miranda, Mário Peixoto e Vinícius Peixoto apresentam vínculos societários e eleitorais (doação de campanha) com Paulo Melo.
Fontes da Lava Jato afirmam que o conteúdo do bilhete revela uma estratégia para destruir provas. Agora, os investigadores querem saber por que os presos queriam esconder o que falavam com Mário Peixoto.
O que mais se sabe sobre o novo secretário é que ele é ex-aluno de Wilson Witzel e advogado especializado em recuperação de empresas.
Ao G1 o advogado e futuro secretário, Lucas Tristão disse que sempre atuou pautado pela ética profissional que já notificou todos os seus clientes que deixará de representá-los e que renunciará de todos os processos antes de assumir a secretaria.