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03/07/2019     nenhum comentário

Mãe se revolta com martírio vivido com filho na UPA Central e na Santa Casa de Santos

Depois de esperar quase 10 horas por uma ambulância que a levasse para a Santa Casa, o filho perdeu a possibilidade de fazer um procedimento cirúrgico simples no pé e ficou sem uma parte do dedo

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Uma mãe indignada com a precariedade e o desmonte da saúde de Santos usou as redes sociais para fazer um desabafo. No relato, Anna Paula Ferraz que já conta com mais de 1.500 compartilhamentos, ela explica o verdadeiro calvário pelo qual passou com seu filho na UPA Central de Santos e também no setor de pediatria da Santa Casa.

Primeiro não conseguiu atendimento pediátrico pelo SUS no Hospital. O atendimento para quem não tem plano ocorre das 7h às 17h. Ana Paula levou seu filho com um corte profundo no dedo do pé no local por volta das 15h. Ouviu dos funcionários que o setor pediátrico para usuários SUS estava fechado.

Ela teve então que recorrer à UPA, onde chegou por volta de 15h30. A criança, de apenas seis anos, com dor, foi classificada pela triagem como atendimento prioritário. Foi examinada pela médica que alegou não haver estrutura na UPA para fazer o procedimento de dar pontos, uma vez que o corte parecia ser profundo e talvez demandasse uma cirurgia plástica. Assim, Anna Paula foi orientada a aguardar por uma ambulância para que seu filho fosse então removido para a pediatria da Santa Casa, o mesmo local onde momentos antes ela e o filho tiveram o atendimento negado.

Em resumo, a mãe e filho amargaram uma espera de 9 horas para que a remoção se cumprisse. E só ocorreu porque Anna Paula ameaçou chamar a polícia. Deram entrada só às 0h20 no hospital e por conta da demora, o procedimento cirurgia plástica não pode mais ser feito. A pele já estava endurecida e sem as condições de receber pontos. O menino teve o tampão do dedo retirado, tomou antibióticos e recebeu alta na manhã do dia seguinte.

Tudo isso ocorreu do dia 27 para dia 28. No dia 29, Anna Paula contou a história no Facebook e procurou advogados para orientá-la. Diz que vai processar as autoridades responsáveis pelo descaso com que um menino de apenas 6 anos, que inclusive está sendo analisado como sendo do espectro autista, foi tratado pela Saúde de Santos.

Abaixo o relato:

“Estou indignada com o que ocorreu com meu filho de 6 anos no dia 27/06/2019. Ele cortou o pé e como vi que o corte era fundo e precisava tomar pontos, fui até a Santa Casa de Santos, mas a pediatria estava fechada, então fomos para o UPA Central. Chegando lá, às 15:30 passamos pela triagem que classificou emergência. Na hora da avaliação da pediatra mencionou que o corte era profundo e que tinha vidro dentro e que poderia ter rompido algum tendão. Por esse motivo, pediria a transferência dele para Santa Casa. Horas vão passando, esperando a ambulância. Trocou o plantão às 19 horas e fui atrás da outra pediatra falar que desde as 15:30 estávamos esperando a ambulância, que meu filho estava com dor, que não aguentava mais esperar que eu ia chamar a polícia. Então ela pediu ao enfermeiro para abrir o curativo para fazer outra avaliação. Pois bem, não tinha como dar mais pontos pois já tinha passado muitas horas. Então me informou que o caso era cirúrgico, que precisa de uma plástica e solicitou a ambulância novamente. A ambulância chegou 00:10. Demos entrada na Santa casa 00:20. Foi avaliado pelo cirurgião por esperar quase 10 horas pela ambulância que não seria mais possível. A pele já estava endurecida e não tinha como fazer a plástica. Então, a única coisa a ser feita foi retirar a pele. Tivemos alta ontem. Indignada com a demora. Isso porque era classificação de risco, 10 horas esperando a ambulância. Olha como ficou o dedo do meu filho. #prefeitosecretariadesaude onde vocês estão que não estão vendo isso, o descaso com a população que paga seus impostos? Tentei publicar no viver em santos mas não autorizaram minha publicação. Por que? Não querem que divulguem a merda que a saúde está…”

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Contra fatos não há argumentos. A UPA de Santos, terceirizada pela OS Fundação do ABC, mostra mais uma vez que a terceirização da gestão custa muito caro (R$ 21 milhões/ano) e tem um grau de resolutividade baixíssimo.

A FUABC tem sido alvo de diversos processos judiciais, investigações no Ministério Público (saiba mais sobre o último inquérito aqui), investigações em CPIs, reprovações de contas junto ao TCE, denúncias de toda a ordem na imprensa e redes sociais. Ainda assim o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), insiste em defender esse modelo de gestão, colocando vidas em risco, espalhando aflição entre os que mais dependem do sistema público e promovendo um verdadeiro desfalque nos cofres municipais. Desfalque este que aprofunda ainda mais o sucateamento dos demais serviços da administração direta, para que futuramente sirvam de argumentos para o Governo vender novamente a terceirização e as OSs como solução mágica.

Já os vereadores, que aprovaram a Lei das OSs em Santos, abrindo a porteira para a terceirização irresponsável e perigosa, continuam se omitindo. Não fiscalizam de fato o descalabro que ocorre nas duas UPAs terceirizadas na Cidade e fingem que não têm nada a ver com isso.

“E se o caso do meu filho fosse algo mais grave? E as outras pessoas que morrem por esse descaso? Quem vai responder por isso tudo?”, pergunta Anna Paula Ferraz, ao final de seu relato ao Ataque aos Cofres Públicos.

Com a palavra, o prefeito, o secretário de Saúde Fábio Ferraz, e os vereadores de Santos.

 

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