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27/12/2019     nenhum comentário

Efeito Letal: “Morte que segue – pacientes continuam a sair do hospital direto para o cemitério de Bertioga”

Num espaço de sete dias duas jovens morrem após passar pelo Hospital de Bertioga que ‘distribui’ dor e sofrimento às famílias bertioguenses, a Justiça vai ser acionada

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O jornalista Aristides Barros, em seu site “Efeito Letal”, noticia mais uma triste história envolvendo dramas de famílias que precisaram de suporte do Hospital Municipal de Bertioga. Famílias que infelizmente assistiram seus entes queridos partirem com suspeitas de que talvez pudessem ter sido salvos.

Esta é a segunda vez que reproduzimos reportagens e do Efeito Letal envolvendo mortes no Hospital, hoje terceirizado pela organização social Instituto Nacional de Amparo à Pesquisa, Tecnologia e Inovação na Gestão Pública (INTS).

Tempos atrás mostramos  aqui no Ataque aos Cofres Públicos que o prefeito Caio Matheus havia dito na campanha que a terceirização não foi boa para o hospital. Depois da eleição ele mudou totalmente de ideia em relação às OSs, ampliando também para a UPA Vista Linda o modelo de administração e depois abrindo chamamento público para fazer o mesmo no Hospital, antes já bastante judiado por outras entidades. Veja aqui.

O que farão as autoridades com mais essas mortes nas unidades médicas da Cidade? Será que terão a desfaçatez de continuar dizendo que a iniciativa privada é a melhor alternativa para gerir unidades públicas, onde sabemos que busca pelo lucro não é compatível com a luta pela vida?

Abaixo reproduzimos na íntegra matéria do Efeito Letal:

MORTE QUE SEGUE – PACIENTES CONTINUAM A SAIR DO HOSPITAL DIRETO PARA O CEMITÉRIO DE BERTIOGA

Num espaço de sete dias duas jovens morrem após passar pelo Hospital de Bertioga que ‘distribui’ dor e sofrimento às famílias bertioguenses, a Justiça vai ser acionada

Texto e foto Aristides Barros

O fim de ano das famílias de Valdiceia Conceição da Silva e Stefany de Oliveira da Silva está sendo marcado pela dor da ausência devido as mortes de ambas as jovens, que tinham pouco mais de 20 anos.

Os dois casos têm pontos semelhantes principiados pela internação delas no Hospital Municipal de Bertioga, cujos serviços são gerenciados pela organização social INTS (Instituto Nacional de Amparo à Pesquisa, Tecnologia e Inovação na Gestão Pública).

Maior que o pomposo nome do instituto é o valor do contrato que ele tem com a Prefeitura de Bertioga, R$ 3 milhões/mês que ao ano somam R$ 36 milhões, dinheiro público desembolsado para que a empresa cuide da saúde dos bertioguenses, usuários do hospital.

Porém, o INTS não tem correspondido ao trabalho se levado em conta a série de reclamações de mau atendimento no hospital em casos simples e outros graves, como nas acusações de negligência denunciadas pelos familiares de Valdiceia e Stefany.

Valdiceia morreu no dia 7 de dezembro e uma semana depois, 14 de dezembro, foi a vez de Stefany sair do leito do hospital para uma sepultura na quadra 3 do Cemitério de Bertioga. Ainda abalada pelo ocorrido com a filha, a mãe de Stefany, a diarista Sandra Mendes da Silva, 49 anos, acusa o hospital de negligência e diz que levará o caso à Justiça. Quer punir as pessoas que “deixaram sua filha morrer”, desabafa a mulher.

“Não vou me calar. Tudo o que eles precisam é do silêncio para continuar destruindo famílias. É preciso fazer algo porque senão as pessoas vão continuar morrendo sem a devida assistência. Vou onde for preciso para denunciar o que aconteceu com a minha filha. Deus sabe o que estou passando”, disse atordoada.

Sandra já tem um advogado e colhe documentos necessários para acionar o Hospital da Bertioga na Justiça. Caso ocorra a ação, o processo deve ser dividido entre o INTS e Prefeitura de Bertioga, ambos os responsáveis pela unidade de saúde.

A mãe revelou que há oito meses levava a filha a postos de saúde e ao hospital, porque a ela tinha problemas de estômago. Por fim, Stefeny ficou duas semanas internada no hospital, contou Sandra.

“Lá ela piorou e ninguém descobriu o problema. Então falaram que ela estava com Aids e depois sífilis. Mas até agora não sei do que realmente a minha filha morreu. Não me deram nenhuma informação”, revelou a mãe.

TRANSFERÊNCIA TARDIA – Já com a saúde agravada, Stefany foi transferida para o Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, onde o médico ao ver as condições da paciente foi logo avisando a mãe. “Aqui não temos suporte para atender a sua filha, e ela já está muito mal´”, contou Sandra.

A jovem ficou só uma noite no hospital paulistano e foi transferida para o Hospital Santo Amaro, em Guarujá, onde, segundo a mãe, os médicos informaram que a paciente já havia dado entrada no hospital em óbito. “Fui de Bertioga a São Paulo com a minha filha semimorta, e depois de São Paulo ao Guarujá com ela morta na ambulância”, disse a mãe.

SEMELHANÇAS – O fim da vida de Stefany foi igual ao caso de Valdiceia, leia reportagem: https://www.efeitoletal.com.br/post/caminho-da-morte-jovem-agoniza-em-bertioga-e-é-levada-para-morrer-em-santos

A transferências de ambas as pacientes para outros hospitais aconteceu quando os médicos que as receberam já não podiam fazer mais nada pelas suas respectivas recuperações.

Em ambos os casos, o Hospital de Bertioga pode ficar “isento” de responder pelas mortes porque os óbitos são assinados nas unidades onde elas de fato foram constatadas. Valdiceia morreu em Santos, na Santa Casa de Misericórdia, Stefany morreu no Guarujá, no Hospital Santo Amaro.

Já no Hospital de Bertioga ninguém morre. Isso confirmaria a “presteza” do contrato do INTS com a prefeitura, pois as partes não são afetadas pelo acordo assinado em meados de abril de 2018. O que não aconteceu as famílias que passam pelo mesmo drama das duas jovens mortas.

Por coincidência, 2018 é o mesmo ano em que aumentaram os registros de óbitos nos hospitais para onde os pacientes de Bertioga são transferidos, já dando os últimos suspiros de vida. Tem quem acredite que a morte está sendo exportada.

O QUE DIZ A PREFEITURA

O site Efeito Letal indagou a administração municipal acerca do ocorrido com Stefany, frisando a semelhança do ocorrido com Valdiceia. As respostas seguem abaixo.

Questionada sobre qual doença afetou Stefany e que teria provocado sua morte foi respondido que: a paciente deu entrada com queixa e sintomas que culminaram no diagnóstico.

Em ambos os casos, Stefany e Valdiceia, foi indagado os motivos da demora na transferência que é feita quando outros hospitais já não têm mais condições de salvar os pacientes. Resposta: a transferência é realizada imediatamente quando a liberação de vagas no Cross é sinalizada via sistema.

Nos casos de Stefany e Valdiceia foi falado para as famílias que duas pacientes haviam contraído uma bactéria. O site perguntou qual bactéria afetou as duas pacientes. De acordo com o Hospital de Bertioga, os casos não estão correlacionados “a bactéria”, são casos distintos com diagnósticos diferentes.

Sobre Stefany disseram a mãe da jovem que a paciente “estava com Aids e depois falaram que ela estava com sífilis”. Ao que foi feita a pergunta. “O procedimento do ‘chute’ faz parte do protocolo do hospital de informar familiares sobre o que afeta a saúde dos pacientes?”. O hospital disse que “a hipótese diagnosticada foi concluída após liberação do quadro clínico da paciente.

A mãe de Stefany e os familiares de Valdiceia acusam o hospital de negligência. O hospital se defende alegando que “toda a assistência foi prestada até o momento da transferência.

O Efeito Letal destacou que as mortes da duas jovens foram quase sequenciais e o que a Prefeitura de Bertioga – por meio da Secretaria de Saúde – e o INTS podem conversar para evitar que outras tragédias iguais se repitam. A resposta robótica: diagnóstico e casos distintos e toda assistência prestada.

Finalizando foi perguntado à prefeitura se ela avalia que o contrato com o INTS, em função do serviço prestado pela empresa, está de acordo com a necessidade de manutenção da saúde e da vida dos bertioguenses que usam o hospital da cidade. A resposta. “O contrato é monitorado e avaliado conforme estabelecido em metas assistenciais e de qualidade”.

EM TEMPO – Stefany foi transferida para o Hospital Emílio Ribas II, em Guarujá, e não em São Paulo, como foi erroneamente publicado na reportagem.

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