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22/06/2015     nenhum comentário

Vereador Cacá Teixeira afirma não poder condenar as OSs

Ao ser questionado sobre como fiscalizará os contratos do Executivo com as Organizações Sociais de Saúde (OSS) em Santos, o tucano ficou bastante irritado e chegou a gritar.

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Além do gerúndio impregnado no discurso, o vereador Cacá Teixeira (PSDB) tem outro cacoete na fala e na prática política: a mania de se esquivar. Mania, aliás, da maioria dos políticos desta cidade e deste país. O tucano é o terceiro vereador que concede entrevista ao Ataque aos Cofres Públicos para explicar como fiscalizará os contratos do Executivo com as Organizações Sociais de Saúde (OSS), já que foi um dos parlamentares que votou pelo modelo de terceirização de unidades e serviços batizado pomposamente de Publicização. Ficou bastante irritado e chegou a gritar sempre que se via contrariado. Veja a entrevista na íntegra:

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As OSs em Santos já são realidade e a publicização vai começar nas próximas semanas, com a futura UPA. De que maneira os parlamentares fiscalizarão essas terceirizadas?

Cacá Teixeira – Quando votamos as OSs não tivemos tempo para estar discutindo sobre o motivo da aprovação. Houve uma apresentação na Câmara, em uma sessão conturbada, onde nós não tivemos a possibilidade de expor os motivos pelo voto favorável. Isso já é mais do que pacífico. O poder público já deflagrou o processo de publicização. Eu vejo que nós estamos com sérias dificuldades em alguns equipamentos públicos. Não só na saúde, como em outros equipamentos, há a necessidade de parceria – foi aprovada também a parceria público privada com oscip, na mesma época. E as OSs, uma vez bem avaliadas, passando por todo o critério que a Lei de Publicização assim determina, são habilitadas para assumir essa responsabilidade. De minha parte, até que se prove o contrário – nós temos que ver primeiro a atuação das OSs – elas atuam. E essa diligência, essa fiscalização caberá sim à Câmara Municipal, que terá de analisar. Isso já foi discutido. Alguns vereadores agora também estão levantando alguns outros assuntos e algumas alterações da lei, que o próprio Poder Executivo está mandando para a Câmara. Veio algumas alterações da lei para que nós analisássemos e fizéssemos a discussão, adaptando e cercando toda essa responsabilidade que a gente vai ter que passar para as organizações sociais.

Hoje, pela legislação que nós temos, os mecanismos de controle são frágeis. O que praticamente se exige é que elas prestem contas aqui na Câmara, com papéis que elas mesmas produzem, sobre cumprimentos de metas. Isso é muito vago. Qualquer pessoa pode produzir relatórios ou balancetes favoráveis.

Cacá Teixeira – Mas isso não é uma questão de responsabilidade dos vereadores. Também é do Poder Executivo. Ao você dar condições uma OS assumir uma responsabilidade que ele deveria estar exercendo, ele teria que fiscalizar. A saúde pública, no âmbito nacional é uma vergonha. O Governo Federal perdeu o controle. O repasse do SUS é um absurdo. Quantas mazelas existem no Governo Federal, na questão da saúde, já que ele repassa um pouco daquilo que nós encaminhamos para eles. Então o pacto federativo já está atrasado no repasse para as prefeituras. Se tivesse um repasse maior, talvez nem tivesse a necessidade das OSs. Agora a fiscalização vai ter que existir.

De que maneira? O sr. pode detalhar? O sr. como vereador terá que tipo de postura?

Cacá Teixeira – Olha primeiro o planejamento é determinado pelas OSs. Todas elas fazem seu planejamento de atuação e sua prestação de contas não só ao Executivo. O Executivo, por sua vez, tem que ter a transparência e o Legislativo. Existe aqui uma Comissão Permanente da Saúde que vai ter que estar atenta a isso. É uma responsabilidade que aumenta do Poder Legislativo.

O sr. faz parte dessa comissão?

Cacá Teixeira – Não, mas nada me obsta de comparecer às reuniões, como compareço em algumas onde são discutidos alguns assuntos da Saúde. Mas eu acho que você tem os dados e vai ter a oportunidade de fiscalizar, da mesma forma que se fiscaliza as mazelas que possam existir dentro da saúde em todos os entes federados.

As mazelas já existem na administração direta, em todos os governos, partidos e níveis. A gente sabe que tem aos montes, apesar dos mecanismos de controle que temos aí. O problema é que quando você coloca a OS, que é uma empresa dispensada até de fazer licitação ou pregão eletrônico…

Cacá Teixeira – Mas essa coisa de licitação é uma discussão do PT e do PDT que está sendo apreciado pelo STF e ele já está votando. Uma das bandeiras do PT, por exemplo, é a questão da dispensa de licitação. Isso não foi apreciado ainda. Então, isso é uma única discussão. O PT não é contra as OSs. Ele é contra a maneira de dispensa de licitação. Agora, nós temos pontos exitosos. Américo Brasiliense, em Araraquara, é exitoso. O Instituto do Câncer, em SP, é exitoso.

Vereador, nem 5% das experiências com OSs podem ser consideradas de satisfatórias.

Cacá Teixeira – Nós só vamos analisar se tiverem casos. Se tiver um caso, um posicionamento, uma prestação de contas, nós vamos analisar. Eu não posso trabalhar com suposições. Que vai dar errado. É uma questão até de neuroliguística. Se eu começar dizer não vai dar certo, isso é uma catástrofe, isso não vai dar certo.

Mas não é assim que se faz política, tentando se antecipar aos problemas que já ocorreram em outros locais e se cercar?

Cacá Teixeira – (Em tom irritado) Não querida, nós temos que fazer das oportunidades. Não é viável, com o repasse que tem o Governo Federal na saúde. Não é mazela dos governos municipais e estaduais com o repasse que tem do SUS.

As OSs custam mais caro para esses governos. Essa pesquisa foi feita pelo Tribunal de Contas de São Paulo.

Cacá Teixeira – O Tribunal de Contas deu favorável, fez uma comparação entre a administração direta e as OSs e não é isso que tem. Tô achando estranho. Tenho aqui a pesquisa e não fala isso. Tá aqui ó. Tá analisando a administração direta e a administração. Os hospitais com OSs possuem quantia maior de equipamentos óticos, tantos hospitais de administração das OSs possuem a mesma quantidade de topógrafos, a capacidade hospitalar instalada, leitos existentes em hospitais das OSs é maior. Tá aqui. Governo do Estado, Tribunal de Contas. (*)

Eu vou encaminhar a pesquisa ao senhor.

Cacá Teixeira – Olha querida eu não vou fazer uma suposição que vai dar errado se eu não tenho uma análise. Eu não posso fazer uma análise de um governo ou uma análise de um modelo se eu não tiver a aplicação. Se dá a oportunidade primeiro. Após isso, se tiver uma OS que tiver assumido não só a saúde, mas a assistência social, educação, coisa assim, e apresentar números ruins, problemas sérios, não cumprir metas… Você vai fiscalizar, você vai mais atento. Cabe ao Legislativo fiscalizar e principalmente redobrar a atenção nas OSs, já que foram tão criticadas. (Tom mais irritado) Agora, se partir do princípio que o sindicato é contra e você começar me indagar da questão de que há lado negativo… Você falou como será fiscalizado e eu estou falando.

Eu preparei rapidamente uma pesquisa vindo para cá. Até pelo site mesmo do Ataque aos Cofres Públicos o senhor pode verificar isso.

Cacá Teixeira – Não, não eu não quero… não tenho essa…

Sim, o sr. não perde tempo com isso né?

Cacá Teixeira – Não é perder tempo. Eu não sou… Olha minha querida é o seguinte: eu sou crítico tá? Eu não sou idiota. Eu sou crítico das coisas. Não só nos meus posicionamentos como também dos outros posicionamentos. Não adianta crucificar ninguém, sem antes fazer o princípio do contraditório e da ampla defesa. (Aumenta o tom de voz ) Então se você não tem a atuação das OSs como é que você quer analisar se elas são negativas?

Eu vou analisar para o sr…

Cacá Teixeira – (Gritando) Se você vem com dados para… Você quer dirigir a minha entrevista é isso?

Não, só quero argumentar.

Cacá Teixeira – Se você quer dirigir a minha entrevista…

Eu estou entrevistando então faço as perguntas…

Cacá Teixeira – Você fez a pergunta e eu respondi. Eu estou satisfeito com a minha resposta.

Mas eu não estou…

Cacá Teixeira – Mas aí você não está fazendo uma entrevista. Você está debatendo o assunto comigo. Isso é uma entrevista ou um debate?

É um debate e uma entrevista. Posso falar algumas coisas?

Cacá Teixeira – Não foi isso o que foi proposto.

Foi proposto uma entrevista

Cacá Teixeira – Foi proposto uma entrevista. Agora, você indagar de questões…

Posso falar a minha pergunta? O sr. permite? É rápido. Citarei informações de alguns estados. Paraná: há questão de 15 dias foi veiculado amplamente na imprensa uma operação da Polícia Federal… (nesse momento interrompe a explicação de que a operação foi para prender pessoas ligadas a Oscips na Saúde).

Cacá Teixeira – (Bate com a mão na mesa e grita) Eu não vivo no Paraná! Eu vivo em São Paulo! Me dá o estado de São Paulo! Por favor, me dá os dados de São Paulo!

Primeiro o sr. não grita, tá bom?

Cacá Teixeira – Me dá os dados de São Paulo! Me dá os dados de São Paulo!

Eu vou dar os dados do Brasil todo. Nós estamos no Brasil.

Cacá Teixeira – (Continua em tom alto e irritado) Não, me dá os dados de São Paulo!

Eu estou chegando lá o sr. pode esperar?

Cacá Teixeira – Não, eu quero chegar direto em São Paulo.

Mato Grosso: está tendo uma CPI na Assembléia Legislativa para apurar desmandos das OSs e o Secretário de Saúde já admitiu que vai fazer uma intervenção nos hospitais…

Cacá Teixeira – Ô querida, se já tem a atuação e na atuação está se levantando… então foi dada a resposta para a sua pergunta, então foi feito uma fiscalização. A fiscalização levantou e tem uma CPI.

Deixa eu terminar e aí o sr. fala tudo, se não não dá… Rio Grande do Norte: lá houve a Operação Assepsia, que culminou com o impeachment da prefeita de Natal. Ela está depondo no Ministério Público Federal, notícia de dois dias atrás.

Cacá Teixeira – É uma pena né que tenha dado impeachment lá. À presidente deveria ser dado impeachment né…

Ceará: deputados estão colhendo agora assinaturas para também abrir uma CPI e investigar as OSs no estado.

Cacá Teixeira – Tudo bem.

São Paulo: Tribunal de Contas e Ministério Público têm rejeitado e investigado as contas. Eu posso fazer uma pesquisa detalhada do estado e mandar para o sr. Como munícipe eu posso, não posso? Eu encaminho.

Cacá Teixeira – Gozado, então eu tô dando uma entrevista do que você acha…Mas então você já tem um direcionamento. Se você já tem um direcionamento, eu estou aqui perdendo tempo em conversar com você.

Não, o sr. é suficientemente inteligente para rebater meus argumentos e eu vou colocá-los na íntegra.

Cacá Teixeira – Que rebater seus argumentos. Não, então eu acho que gravar uma coisa que…

Que o sr. vai responder…

Cacá Teixeira – Eu já respondi.

Posso terminar a pergunta? Porque tem Rio, Pernambuco, Tocantins, Goiás… São muitas as ações que estão sendo feitas contra OSs pelo Ministério Público, pela imprensa denunciando ou pelo próprio Tribunal de Contas.

Cacá Teixeira – Não, não. Eu quero uma entrevista isenta e totalmente imparcial. A questão de você trazer os dados para mim… Eu estou falando que no momento em que tiver uma OS e essa OS apresentar seu posicionamento, se cumpriu se não cumpriu o seu planejamento e se tiver situações que precisem ser esmiuçadas, é claro que a Câmara vai cumprir o seu papel.

Então a gente vai ignorar todo esse histórico que tem no Brasil inteiro, aqui na região e depois a gente deixa…

Cacá Teixeira – Como é que você começou como a entrevista? Você lembra?

Perguntando como vai ser a fiscalização da Câmara diante das OSs?

Cacá Teixeira – Não, você disse que já está aprovado.

Sim, a Publicização já está vigente.

Cacá Teixeira – Então se você diz que está aprovado…

Eu quero saber qual vai ser a postura do sr. e dos demais vereadores.

Cacá Teixeira – Se já está aprovado então o que é que você tem que vir aqui e ‘estou trazendo alguns dados’… Já foi feito! Nós temos que pegar agora e analisar.

O sr. não quer saber de dados para poder orientar a sua postura como fiscalizador?

Cacá Teixeira – (Em voz alta) Querida, no momento que tiver eu vou continuar buscando todos os dados. Aqui ninguém é leigo e ninguém tá aí alheio ao que está acontecendo no Brasil. Aqui eu tenho todos os dados, eu tenho todos os dados das OSs aqui.

Então fala pra mim, vereador, como é que vai ser fiscalizado? Por exemplo, o que o sr. vai exigir das OSs quando elas vierem aqui, ou antes?

Cacá Teixeira – Existe uma Comissão permanente de Saúde e ela é que vai estar fazendo todo esse procedimento. Nós temos aqui as responsabilidades divididas. Quando um vereador por competência e por responsabilidade assume uma comissão permanente, os outros tem que estar ali. Nós, vereadores, vamos estar participando das audiências fazendo indagações e esmiuçando cada situação. Então cabe à Comissão Permanente da Saúde fazer esse levantamento quando tiver a apreciação de contas. Existe alguma irregularidade? Existe algum problema? Vamos esmiuçar, vamos discutir, vamos levantar e punir quem tem que punir. Mandar para o MP apurar, fazer um processo de conhecimento de contraditório. Eu não posso condenar ninguém sem antes ter cometido (irregularidade).

Não é condenar. Eu só quero saber exatamente como é que o senhor fará para fiscalizar, porque é muito fácil ter uma situação passiva diante de um modelo que tem tantas formas de burlar os mecanismos de controle e que não precisa de licitação nem para comprar uma agulha.

Cacá Teixeira – Você está condenando já as OSs que vão assumir aqui no processo de Publicização.

Não sou eu. Esse é um entendimento nacional.

Cacá Teixeira – Eu sei, mas não adianta, nós não podemos.

Então o sr está tendo mesmo uma postura reativa, de não se antecipar no controle. Vai reagir só se for necessário?

Cacá Teixeira – (Aumenta a voz) Mas como é que eu vou antecipar? Como é que eu vou condenar alguém. Eu sou profissional de Direito minha querida. Não vou condenar ninguém.

Não é condenar. O sr. pode pedir informações…

Cacá Teixeira – Mas as informações vão ser prestadas. No momento em que (houver) a publicização, que for feito a publicação em Diário Oficial de tal OS assumir tal empresa. E se ficar levantado, nós vamos ser os primeiros a levantar esse problema aqui. Olha meus Deus do céu!

Se ninguém levantar nada…

Cacá Teixeira – (Aumenta a voz) Ah querida você não pode condenar ninguém se não tiver um processo de conhecimento. Olha meu Deus do céu… Vou dizer que você não presta, que você não é idônea? Não, eu vou ver a sua conduta.

Mas não é isso que estou pedindo. O sr. pretende, por exemplo, visitar as unidades?

Cacá Teixeira – Claro, claro, claro. Mas tem que começar.

Então é esse tipo de coisa que estou perguntando. Porque só sentar na galeria e esperar os empresários virem apresentar números?

Cacá Teixeira – (Gritando) Aqui ninguém fica sentado na cadeira! Aqui não tem vagabundo!

O sr. não precisa gritar.

Cacá Teixeira – Aqui ninguém fica sentadinho, esperando as coisas acontecerem!

Eu não estou dizendo que o sr. é vagabundo. Não ponha palavras na minha boca e nem precisa gritar.

Cacá Teixeira – Não é problema de vagabundo ou não vagabundo. Vai declarar lá… da mesma forma que ‘o vereador Kenny votou com medo’.

Mas ele falou isso…

Cacá Teixeira – (Baixa a voz e fala pausadamente) No momento em que tiver uma OS destacada para um serviço, nós vamos ter que estar fiscalizando.

Não tem sustância no que o sr. está falando, na maneira como o sr. vai fiscalizar.

Cacá Teixeira – (Gritando) Você vai estar presente lá, você vai ver relatório, você vai ver atendimento. Querida, o que você quer que eu faça? Você quer o que? Que eu pegue e vire do avesso? (Mais calmo) A gente vai estar diligente, a gente vai estar indo. Por exemplo, assumiu lá a UPA? Tem OS? Vamos pesquisar, vamos pedir para a assessoria de imprensa, assessoria jurídica levantar o histórico desta empresa, quais são os problemas que existem. Já atuou em algum lugar? Não atuou? Nós vamos pegar e vamos diligenciar. Não vamos deixar o problema crescer, vamos matar o mal pela raiz.

Tá vendo como o sr. sabe? Esse é o papel do vereador.

Cacá Teixeira – Mas nós temos o respeito aqui por cada um na sua comissão. Volto a falar: no começo do mandato do presidente cada um escolhe uma comissão. Aí espera-se que essas pessoas que assumiram aquela comissão sejam comprometidas e diligenciem de forma que tragam pra gente também informações sobre aquele assunto, que nós vamos estar apurando. Mas cabe a cada vereador, mesmo não fazendo parte da comissão, participar das audiências e indagar não só na saúde, mas na educação e em qualquer outro lugar. Primeiro a UPA da prefeitura vai ser dirigida pela OS X. Bom então vamos levantar o histórico dessa entidade. Já teve em Araguaia, em Botucatu? Olha não sucedeu bem ali ou lá… A gente vai procurar. Tem a questão de medicamentos. Vai ser processo de compra? Quem vai estar? Essa questão da dispensa de licitação é uma das brigas em que o Supremo precisa se manifestar. Se existe uma lei que na (administração) direta há a necessidade… A gente como secretário tinha que seguir o trâmite da 8.666. Se é a dispensa de licitação que se discute, isso nós estamos assinando em branco e precisamos estar certificados. Já está acontecendo. Preocupado com os funcionários públicos, foi deste vereador a criação de um capítulo para a lei que não existia para o servidor público. É o da garantia do trabalho dele, que não vão ser prejudicados. Tem nuances na lei que foram importantes porque nos preocupamos com os funcionários.

Se o sr. quiser se antecipar, se me permite, posso dar alguns dados, pois já há empresas que receberam a qualificação de OSs em Santos e algumas delas têm diversos problemas em outras cidades, seja na falta de transparência na prestação de contas e contratos rejeitados pelo Tribunal de Contas, seja em investigações do Ministério Público. A prefeitura sequer fez uma pesquisa.

Cacá Teixeira – Eu sei, mas não podemos condenar ninguém se não tiver o trânsito em julgado. Você fornecendo esses dados com certeza a gente vai pedir para buscar e vamos ver, uma vez transitado em julgado. O MP apresentou, foi apurado e reconhecido? Aí a gente vai levantando a situação.

Então vai ser difícil, pois são processos que demoram anos…

Cacá Teixeira – Mas a gente não pode condenar ninguém se não tiver o trânsito em julgado. Esta é a nossa Constituição Federal.

Esta postura não é condenar toda uma gama de contribuintes, cujo dinheiro está indo para um lugar perigoso?

Cacá Teixeira – Claro que a gente vai estar atento à questão da lei. Se for necessário algumas emendas podem ser apresentadas, dependendo da situação, para fechar o cerco. Agora, nós não podemos passar por cima do princípio constitucional. Não se pode condenar ninguém, infelizmente. Se é demorado ou não… As vezes anulam um processo inteiro como anularam o do Eike Batista por uma infelicidade de uma pessoa que era profissional de direito, um juiz. Anulou tudo, daqui a pouco alegam a prescrição e sai de qualquer responsabilidade, mas fica maculado o nome. É isso que as pessoas precisam se conscientizar. Cabe a cada um fazer uma análise de ver, mesmo não tendo transitado em julgado, se a pessoa tem uma índole complicada, é inidôneo… Tem que fazer uma análise mais criteriosa para escolha.

Vou dar um exemplo que dá para fiscalizar e evitar problemas sem ferir princípios constitucionais. A Plural, por exemplo, uma OS que está em fase de pré-qualificação em Santos, quase foi contratada pela cidade de Americana. O Conselho Municipal de Saúde pesquisou os problemas que ela teve em outras cidades e conseguiu que o prefeito voltasse atrás. Não tinha nada de trânsito em julgado nas irregularidades apontadas. Na dúvida, ele preferiu não colocar o atendimento de milhares de munícipes em risco. Esse é o papel do gestor.

Cacá Teixeira – Mas o poder está com quem?

Com o prefeito, mas o vereador é um dos que deve alertar, fiscalizar. Ou não?

Cacá Teixeira – No momento em que tiver essas investigações e vocês estamparem isso… Vocês precisam estampar. Também tem que seguir um parecer jurídico para saber se vocês podem estampar se não tiver uma condenação. Veja só a preocupação. Hoje estamos no país do dano moral. Se tem dano moral pra tudo. Aí você lança uma coisa e não prova… Isso não isenta de, se chegar ao nosso conhecimento, tentar apurar isso ou aquilo. Agora, ao Executivo cabe porque responde por isso. Você está trazendo algumas situações, agora nós precisamos ver primeiro a atuação.

Então primeiro a gente vê e depois a gente resolve.

Cacá Teixeira – Não é questão de falar ‘a porteira está arrombada e agora vamos resolver a situação’. Não é esse o problema. O problema é que a lei já está sancionada, publicada. O processo de publicização está acontecendo. Agora temos que analisar a atuação. Só porque uma empresa teve um problema… Vamos lá ver qual é o problema. É um desvio? Foi um funcionário que cometeu o erro? Comprou a maior? A gente tem que ver o motivo. Como eu falei. Tem gestões que são exitosas. Hospital do Câncer, Américo Brasiliense. São exceções à regra? Se são, tem coisas boas. Será que nós também não vamos ter coisas boas ou vai se repetir todos os problemas? A lei já foi promulgada. Uma vez começando a atuar há indícios de problemas? Os vereadores não levantam falta de remédios hoje? Isso vai continuar a acontecer.

As frestas são muito maiores nesse modelo de terceirização e exigem aprofundar o controle. Precisa-se de boa vontade, mas só isso não basta.

Cacá Teixeira – Mas diante do quadro, onde não se faz a majoração dos repasses do SUS, não se discute o pacto federativo para melhorar… Quando se fala que tá colocando dinheiro na saúde, não é verdade. Tá devolvendo dinheiro que é arrecadado nos municípios. Como é que você vai fazer frente a todas essas coisas? A saúde de Santos, sendo a força regional, vem todos para cá. Por que? Problemas existentes em outros municípios.

Muitos deste municípios com OSs… E os pacientes vem pra cá.

Cacá Teixeira – Mas isso já vem de muito tempo. Santa Casa está com sérios problemas. Beneficência também. Estivemos aí para propor acordo com os hospitais para eles saírem do buraco negro. Como colocar RH e equipamentos? Por exemplo, o Hospital dos Estivadores. Se nós estamos esbarrando no prudencial do orçamento para funcionários, como é que vamos resolver? O quadro está estagnado.

Esta é a tarefa do gestor.

Cacá Teixeira – Nossos funcionários estão esgotados. Eu fui secretario. Os funcionários estão estressados, adoeciam. Com esses funcionários chegamos à prudência orçamentária, quase 51% do limite com folha. E você abrir novos serviços… Porque a população quer que melhore e abra novos serviços. O Hospital dos Estivadores tem que ser versão metropolitana. O estado, o município e o governo federal precisam dar as mãos e trabalhar em conjunto para atender toda a população da região metropolitana.

O problema é que os esforços são individuais. Os municípios trabalham para mudar a legislação para poder permitir a publicização. Por que não se trabalha em conjunto e se muda a legislação federal no que diz respeito à Lei de Responsabilidade Fiscal para a saúde, que tem que ser diferenciada? OSs são atalhos. Deixam de fazer a lição de casa a médio e longo prazo que ninguém está interessado em fazer, que é brigar por mais verba na saúde.

Cacá Teixeira – Mas se briga. Não são emendas que vão resolver o problema.

Não, estou falando de financiamento.

Cacá Teixeira – Sim, o financiamento é muito precário. Por isso é preciso discutir o pacto federativo, a questão do repasse. A saúde e a educação levam 40% do orçamento. Sobrecarrega demais. Agora, ninguém vai estar permitindo que a questão da publicização, se tem ONG, OSs que estão com nome maculado, se transitou (em julgado) se é grave… Isso vai trazer à baila, tem que trazer, sob pena da gente estar vivenciando. Agora foi feito. Já foi resolvido. Minha filha já casou, agora o meu genro apresenta um perfil totalmente diferente do que ele apresentou antes de casar. Eu vou ter que dar um jeito nessa situação, porque não quero ver o sofrimento da minha filha. Mais ou menos é isso. Se a aparência de quem assumiu mostrar que não tem condições, se negligenciam, se são imperitos, não vai se poder criar.

Então vamos contar mesmo com o tempo. Vamos analisar o tempo, a situação e vamos apostar para que dê certo?

Cacá Teixeira – Mas que esse tempo não seja longo, tem que ser o do médio prazo. Eu acho que em médio prazo se faz uma análise de quem pode vingar e quem não pode.

 

(*) O estudo do feito pelo TCE mostra que entre os indicadores de qualidade a taxa de mortalidade geral é menor nos hospitais da administração direta do que nos hospitais gerenciados por OSS. Além disso, nos indicadores econômicos analisados o estudo apurou que tanto os hospitais da administração direta como os das OSS apresentam prejuízo econômico, contudo este prejuízo é menor para os da AD. Isso quer dizer que as unidades comandadas por OSS são menos eficientes e mais caras. Confira o estudo

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