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10/12/2020     nenhum comentário

UPA DA ZONA LESTE: R$ 21 MILHÕES PARA PRÓ-SAÚDE E NEM OXIGÊNIO TEM

Unidade de Pronto Atendimento em Santos foi alvo de reportagem da imprensa local; serviço foi terceirizado com a promessa de que atendimento iria melhorar

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O jornal Diário do Litoral publicou uma reportagem nesta quinta (10), com grave denúncia envolvendo a UPA da Zona Leste, recém-inaugurada sob o comando da organização social Pró-Saúde.

O caso mostra a precariedade no atendimento de um paciente com suspeita de coronavírus, que não conseguiu obter o suporte necessário porque a unidade não conta sequer com oxigênio.

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Ainda esta semana publicamos o relato de outra usuária que também enfrentou problemas no atendimento e depois de  ficar esperando cinco horas acabou recorrendo à rede particular para confirmar o diagnóstico de Covid-19. Veja aqui.

Semanas antes, mostramos o drama da família de uma paciente que foi a óbito, porque não conseguiu vaga de UTI e a unidade não tinha estrutura para salvar sua vida. O caso foi noticiado pelo jornal A Tribuna. Veja aqui.

Veja abaixo a reportagem do Diário do Litoral:

UPA da Zona Leste não atende paciente por falta de oxigênio

A alternativa foi equipar a casa para curar vítima de Covid-19

Por Carlos Ratton

A UPA da Zona Leste levou meses para ser entregue e ainda não possuía aparelho de oxigênio para atender doenças respiratórias
Foto: Nair Bueno/Diário do Litoral
Valdemir Salazar, de 55 anos, diagnosticado com Covid-19, passou por uma situação absurda esta semana e que pode acontecer com dezenas de outros santistas em plena pandemia: por falta de oxigênio, ele não recebeu assistência emergencial na Unidade de Pronto Atendimento da Zona Leste, em Santos. Gilmara Salazar, esposa de Valdemir, relatou o drama da família à Reportagem do Diário do Litoral.

Segundo relata, Valdemir foi diagnosticado com Covid na madrugada do dia 26 de novembro. Ele estava com muita tosse, febre e dor de cabeça. “Às 8 horas, levamos ele à UPA Central, ao lado da Sociedade Beneficência Portuguesa e, lá, foi atendido com oxigênio e medicamentos”, explica Gilmara.

Conforme revela, Valdemir teve que ir à mesma UPA diversas outras vezes e, vendo que a situação não melhorava, a família resolveu comprar remédios para tentar minimizar seu sofrimento. “Gastamos cerca de mil reais com remédios e os sintomas não davam trégua. Foi quando resolvemos levá-lo novamente à UPA, só que deste vez na nova, da Zona Leste, na Avenida Afonso Pena, no bairro da Aparecida”, informa Gilmara.

A esposa relata que Valdemir chegou a ser atendido duas vezes no local sendo que, na última, segunda-feira (7), depois de mais de uma hora e meia aguardando, recebeu a informação que era necessário receber oxigênio.

“Mas o médico me disse que a UPA não possuía cilindro e nem adaptações para os equipamentos, portanto, não teria como assistir meu marido. Ele alegou que, para dar oxigênio, teria que interná-lo em um hospital. Não tivemos opção senão adquirir o equipamento. Agora, o Valdemir está sendo tratado em casa”, conta Gilmara.

Ainda à Reportagem, a esposa não esconde a indignação. “Como pode um equipamento de saúde novo não ter cilindros e o aparato de oxigênio em meio a uma pandemia? Meu marido está se recuperando, mas a situação poderia ser outra”, finaliza.

SINDICATO

O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Santos (SINDSERV) vem denunciando o projeto de terceirização da saúde santista desde 2013, quando o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), no primeiro ano do primeiro mandato, descumpriu a promessa feita aos servidores, durante campanha, de que não modificaria o modelo de gestão de serviços já existentes.

Meses depois de assumir o compromisso, o prefeito encaminhou para a Câmara projeto de lei visando a contratação de organizações sociais (OSs).

Mesmo com protestos da população e dos servidores, que em nenhum momento foram consultados sobre a mudança, a terceirização foi implantada. Primeiro em 2016, na UPA Central, que substituiu o antigo PS Central e foi entregue para a Fundação do ABC.

Depois, no mesmo ano, o Hospital dos Estivadores, gerido pelo Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Em 2019, o PS da Zona Noroeste foi fechado, dando lugar à UPA, entregue para a OS SPDM. Este ano, a UPA da Zona Leste foi inaugurada, onde funcionava o Pronto Socorro do Macuco.

A Pró-Saúde, gestora da UPA da Zona Leste, é uma das entidades que mais recebem recursos públicos e também a que mais coleciona processos judiciais, reprovação de contas, investigações e denúncias envolvendo irregularidades na utilização dos recursos e mau atendimento.

O site Ataque aos Cofres Públicos (www.ataqueaoscofrespublicos.com) registra em matérias e artigos diários os prejuízos que as OSs têm causado em diversas cidades do Brasil. Nestes seis anos, a Pró-Saúde foi tema de 66 matérias no site.

“As OSs não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. No setor da saúde, essas ‘entidades’, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal, gerando precarização da força de trabalho com redução dos salários e de direitos e diminuição da qualidade dos serviços. O saldo para a sociedade é o desmonte do SUS e, pior ainda: o risco às vidas de quem dele depende”, finaliza.

PREFEITURA.

A Pro-Saúde afirma que a informação sobre falta de oxigênio não procede. Diz que a UPA Zona Leste possui oxigenioterapia, que está disponível para tratamento dos usuários com indicação clínica. Assim, pacientes atendidos na estrutura provisória (tenda) e que precisam desde recurso são assistidos na UPA, cumprindo rigorosamente o protocolo municipal de atendimento a doentes com Covid-19.

Conforme a OS, “o paciente citado foi devidamente acolhido e recebeu a assistência necessária, conforme sua classificação de risco. Vale ressaltar que, neste caso, não houve indicação médica para oxigenioterapia. Com o quadro estável e sinais vitais bons, a conduta adotada foi de alta com receita e indicação de isolamento domiciliar, seguida com a orientação de retorno caso identificada qualquer piora no quadro clínico”.

 

A unidade, recém-reformada, tem a gestão sob a responsabilidade da organização social Pró-Saúde. A OS tem ficha suja e é investigada por corrupção e também tem diversas denúncias sobre ineficiência nos serviços prestados.

Veja no link abaixo o histórico:

Com história repleta de irregularidades, Pró-Saúde é escolhida para gerir UPA da Zona Leste de Santos

Em que pese o alto valor do contrato de gestão, que custa R$ 1,8 milhão por mês aos cofres públicos, a unidade não tem o nível de resolutividade para salvar vidas em situação de alta complexidade. Serve como um local de espera para vagas de UTI em hospitais mais bem equipados. A pergunta que se faz é: então por que gastar R$ 21 milhões por ano com uma entidade privada? Cadê a excelência prometida no discurso de inauguração da obra que custou mais de R$ 8,5 milhões e atrasou mais de dois anos?

NÃO ÀS OSs E À TERCEIRIZAÇÃO!

Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as OSs não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.

No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos. No meio desta pandemia, além do medo de se contaminar e contaminar assim os seus familiares, profissionais da saúde enfrentam também a oferta despudorada de baixos salários e falta de estrutura de trabalho, o que contrasta com a importância da atuação deles no combate ao COVID-19.

É evidente que o saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS e, pior ainda: o risco às vidas.

Todos estes anos de subfinanciamento do SUS, de desmantelamento dos demais direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão da Saúde por meio das Organizações Sociais é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.

Não à Terceirização e Privatização da Saúde Pública! Em defesa do SUS 100% Estatal e de Qualidade!

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