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02/09/2019     nenhum comentário

Temendo perder a visão, aposentada denuncia suplício para conseguir tratamento

Na última quinta-feira (29), depois de esperar mais de um ano por exame no AME de Santos, Geny Batista foi embora sem atendimento porque a unidade ficou sem energia elétrica

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Com medo de perder a visão, a aposentada Geny Maria Pereira Batista, 61 anos, denunciou o martírio que vem passando para conseguir seguir com seu tratamento oftalmológico na rede pública de saúde.

Ela tem um problema chamado síndrome do olho seco severo na vista direita e desde 2017 tenta passar por procedimento cirúrgico solicitado por um especialista da rede municipal. O procedimento visa a colocação de “plug de ponto lacrimal”.

Depois de enfrentar longa espera para realizar uma tomografia da córnea, no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Santos, terceirizado para a organização social Santa Casa de Misericórdia de Pacaembú, ela ficou a ver navios mais uma vez.

Para começar, o período entre o agendamento (feito em 10 de agosto de 2018) e a realização do exame, marcado para o último dia 29, durou mais de um ano. Quando finalmente chegou a data, ela acabou não sendo atendida porque a unidade simplesmente ficou sem energia elétrica.

Os pacientes tiveram que voltar para casa, mesmo aqueles que, como Geny, tiveram a pupila dilatada. “Eu acho um absurdo um equipamento como esse não ter um gerador em condições”, reclamou a dona de casa ao Ataque aos Cofres Públicos.

Eles não sabem quando poderão retornar na unidade para dar sequência aos tratamentos. “Falaram que iriam entrar em contato para agendar uma nova data, mas até agora não retornaram”.

Essa não é a única queixa da usuária. Ela conta que seu drama vem sendo tratado com descaso. “Há três anos que eu estou nesta luta. Me mandam para vários lugares e ninguém faz nada. Já fui encaminhada para a Santa Casa e até clinicas em São Paulo. Preciso colocar esse plug no canal lacrimal e nunca colocaram. Preciso de fazer tratamento a lazer e nunca fizeram. Desde o começo de 2017 estou sendo empurrada para lá e para cá. Até hoje estou sem tratamento. Tenho toda documentação comprovando”.

A indignação de Geny aumentou quando ela descobriu que no seu prontuário médico, arquivado no Ambulatório de Especialidades Médicas da Zona Noroeste, consta que já foi colocado o tal plug. “Como podem falar que foi feita a cirurgia se nada fizeram ate hoje e o problema continua? E assim vou perdendo a minha visão direita”.

Decidida a ir ao Ministério Público, a idosa disse que não vai descansar enquanto não receber tratamento digno.

O problema

Caracterizada pelo ressecamento da superfície ocular, a síndrome do olho seco é um problema muito comum, que afeta principalmente os idosos. Olhos ressecados podem levar a lesões mais graves e infecções. Em casos mais extremos, o paciente chega a perder a visão. Como solução, oftalmologistas têm optado pela implantação de um plug de silicone, chamado de plug de ponto lacrimal.

Terceirização no AME

A falta de energia elétrica na última quinta-feira (29) incomodou muitos pacientes que foram até o AME para passar por especialistas e ficaram sem atendimento.

Usuários e trabalhadores da unidade têm demonstrado insatisfação com a gestão da OS que assumiu o serviço, em dezembro do ao passado. A própria Geny diz que foi maltratada pela ouvidoria do AME depois que questionou a demora para realização de uma outra cirurgia que ela aguarda e que nunca foi realizada.

A Santa Casa de Misericórdia de Pacaembú tem sido alvo de denúncias de precarização das condições trabalho e também de irregularidades na execução dos serviços, não só em Santos, como em outras cidades onde assumiu contratos de gestão.

Em março desde ano, o deputado estadual Carlos Neder (PT) entrou com uma representação no Ministério Público questionando o contrato firmado com a prefeitura de Penápolis para a gestão do AME daquele município. Segundo o deputado, entre outras supostas irregularidades, a OS teria recebido valores sem que o serviço tivesse iniciado na unidade.

Também foi questionada a escolha da OS para gerir o AME de Sorocaba. O vereador José Francisco Martinez (PSDB) colocou em dúvida na época a capacidade de gestão da OS recém criada. “A entidade aparenta não possuir estrutura suficiente para gerenciar uma unidade de saúde do porte e da importância da AME de Sorocaba”, disse.

Em dezembro de 2018, em seu blog o jornalista Ricardo Faria publicou matéria com o seguinte título: “OSs de Pacaembu possui ligações com médico acusado de improbidade administrativa”.

Na reportagem consta que entidade privada – na época em início de contrato para o AME Penápolis – possuía “ligações com o médico anestesista Cleudson Garcia Montali, ex-diretor da DRS II (Diretoria Regional de Saúde de Araçatuba) e acusado pelo Ministério Público, de favorecimento a parentes e amigos em contratos de prestação de serviços para o AME de Araçatuba na ordem de R$ 3,9 milhões. O MP-SP pede a condenação por improbidade administrativa”.

O Ataque aos Cofres Públicos também abordou a reputação nada confiável da OS. Veja nos link:

Nova OS a assumir o AME de Santos é desconhecida e já levanta suspeitas

 

 

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