Sem assistência, pacientes se revoltam em Pronto Atendimento e acabam na delegacia
No posto de Vila Velha (ES), gerido por uma Organização Social de Saúde (OSS), os médicos não estavam atendendo por falta de pagamento. Confusão acabou virando caso de polícia.
Cansados de não conseguirem atendimento, pacientes Pronto Atendimento (PA) da Glória, em Vila Velha, tiveram de apelar para fazer valer o direito constitucional à saúde. Eles ameaçaram fazer um quebra-quebra na unidade caso não conseguissem passar por consulta.
A confusão foi parar na delegacia. O caso aconteceu na noite do último dia 26 de janeiro. O motivo, de acordo com testemunhas que falaram à Folha Vitória, foi a frustração de chegar a unidade de saúde superlotada e não ser atendido.
“A gente vem aqui e não é atendido. Ninguém informa pra gente se tem outro hospital, outro posto de saúde para gente poder ser atendido”, disse o caminhoneiro Manuel da Silva.
Três médicas, que estavam no plantão, ficaram com medo que foram orientadas a se esconder na sala de repouso. De lá, elas foram levadas por um dos seguranças para o estacionamento do PA.
As profissionais resolveram seguir direto para a Delegacia de Vila Velha, onde registraram ocorrência e teriam chegado a dizer que não voltariam a trabalhar no local. Uma mulher que estava na unidade no momento da confusão disse que ficou indignada com o comportamento de uma das médicas.
“Foi uma confusão muito grande. Um rapaz queria atendimento para a filha, que estava com dor no peito, mas os médicos não estavam atendendo. Aí eles começaram a quebrar vidro e porta. Com isso, chamaram a polícia, veio a Guarda Municipal, mas os médicos sumiram”, contou a mulher.
Por meio de nota, a prefeitura do município informou que o pagamento houve atraso no pagamento à organização social de saúde, referente aos salários dos médicos. O município disse que o dinheiro foi depositado no ultimo dia 20, mas só nesta terça-feira (27) a OSS fez o pagamento.
A administração disse ainda que o atendimento na unidade foi normalizado por volta das 10 horas e que está em processo de rescisão de contrato com a organização social responsável pelo PA.
Este é mais um exemplo do mau uso do dinheiro público. Quando são chamadas para gerir os serviços públicos, as OSS e os agentes públicos que as contratam prometem excelência na gestão e o fim dos trâmites burocráticos para compra de material e para a contratação de profissionais.
Algum tempo depois, a população percebe que a qualidade dos serviços e a transparência nas finanças despencam. O governo coloca a culpa na OSS e esta transfere a responsabilidade para o executivo. Com o fim do contrato, uma nova entidade entra no serviço e o ciclo de erros, omissões – e em muitos casos corrupção – recomeça.
Nesta novela com final infeliz são sempre os contribuintes os prejudicados duplamente. Primeiro com a atendimento precário e, segundo, com o dinheiro dos impostos que eles pagam sendo surrupiado por empresas travestidas de entidades de interesse público. Os vilões continuam mamando em outros municípios e estados.
Em Santos esse processo está preste a começar. O prefeito Paulo Alexandre Barbosa conseguiu que seus marionetes na Câmara aprovassem as leis que autorizam a entrada de OSS e Oscips na Saúde, Cultura e Assistência Social. Agora estas entidades estão se preparando para tomar conta de unidades e serviços. Ainda podemos impedir!
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