denuncie Denuncie! denuncie
O.S. em Santos NÃO!
Facebook
Youtube
12/02/2016     nenhum comentário

São Bernardo terceiriza cirurgias de cataratas e pacientes ficam cegos

Dos 27 pacientes que realizaram o procedimento, 21 adquiriram infecção ocular. Destes, 17 perderam a visão.

idoso_sem_visao2

Esse é mais um exemplo claro de que inserir empresas que visam apenas lucro nos serviços públicos, especialmente na saúde, é gastar dinheiro para colocar vidas em risco.

O Jornal A Tribuna publicou nesta sexta-feira (12), com informações do Jornal Diário do Grande ABC, uma história absurda com final trágico. Segundo a reportagem o Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista, na verdade uma clínica particular, com sede em Santos, foi contratado para realizar um mutirão de catarata para pacientes do SUS. Dos 27 pacientes que realizaram o procedimento, 21 adquiriram infecção ocular. Destes, 17 perderam a visão!

A empresa já embolsou dos cofres da Prefeitura de São Bernardo por esse serviço R$ 2,4 milhões. Uma sindicância interna foi aberta e a administração municipal suspendeu o contrato. O Ministério Público também está no caso.

Veja abaixo a íntegra da matéria:

 Clínica de Santos faz mutirão de catarata no ABC e deixa pacientes cegos

Dos 27 pacientes que realizaram o procedimento, 21 adquiriram infecção ocular. Destes, 17 perderam a visão

Pelo menos 17 moradores de São Bernardo, no ABC, ficaram cegos após realizarem uma cirurgia de correção de catarata, em um mutirão realizado no Hospital das Clínicas daquele município por uma clínica com sede em Santos, no último dia 30 de janeiro. Destes, dez pacientes precisaram remover o olho comprometido. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público (MP). Ao todo, 27 pacientes passaram pelo procedimento, sendo que 21 adquiriram infecção ocular.

Os pacientes que tiveram problemas foram infectados pela bactéria Pseudomonas aeruginosa, mas ainda não se sabe a origem da contaminação. Das 17 pessoas que perderam a visão, 10 precisaram retirar o globo ocular.

Esse é o caso da dona de casa Maria da Glória Batista Almeida, de 72 anos. Além de perder a visão, a paciente precisou remover o olho esquerdo após o procedimento. “Ela ainda não está acreditando. Foi a única alternativa, já que a infecção poderia chegar até o cérebro e ela vir a óbito”, informou a filha, a vendedora Evani dos Santos Almeida.

Quem também perdeu a visão após a cirurgia foi a dona de casa Genesil da Silva Koga, de 65 anos. “Ela já é míope de um olho e quase não enxerga. Agora perdeu a visão do outro”, comenta revoltada a advogada Letícia Koga, filha da paciente.

Idoso já não enxergava do olho direito e agora perdeu a visão da outra vista
Para o aposentado Expedito Batista, 66, estar sem a visão do olho direito “é a morte”. O morador do bairro Baeta Neves está desolado com o fato de não poder mais dirigir. “Gosto muito de viajar para Minas (Gerais) com a minha mulher”, lamenta.

Reações

Segundo informações do jornal Diário do Grande ABC, as reações começaram um dia após a operação. Os moradores procuraram atendimento no Pronto Socorro Central de São Bernardo, sendo encaminhados para novas análises e procedimentos cirúrgicos.

Conforme a Reportagem, as cirurgias de catarata em São Bernardo foram realizadas sob o comando do oftalmologista Paulo Buricão, funcionário do Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista, que tem sede no bairro do Campo Grande, em Santos, e também abriga a clínica particular do oftalmologista Elcio Roque Kleinpaul, o Instituto Kleinpaul de Oftalmologia. Ele é sócio majoritário do empresa que realizou o mutirão.

Na quinta-feira (11), a equipe do Diário do Grande ABC esteve na sede do instituto, em Santos, mas foi informada de que Kleinpaul, não estava no local e não retornaria.

Nota

Em nota, o departamento de comunicação do Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista informou ter realizado 946 cirurgias de catarata no Hospital das Clínicas em 2015, sem nenhuma intercorrência.

O comunicado atesta ainda que o “cirurgião que realizou as intervenções é portador de título de especialista pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia e Associação Médica Brasileira, que todos os insumos utilizados em qualquer ato cirúrgico têm, obrigatoriamente, registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e que o material reciclável utilizado passa pelo criterioso processo padrão de esterilização do próprio Hospital de Clínicas.” Já em relação ao material utilizado pelo médico-cirurgião, a empresa destaca ser de exclusiva propriedade e responsabilidade do profissional.

Até a conclusão da investigação, a Secretaria de Saúde de São Bernardo suspendeu o contrato com a prestadora de serviço. Desde que o convênio entre o instituto e a Secretaria de Saúde de São Bernardo foi firmado, a empresa já recebeu R$ 2,4 milhões, sendo R$ 177,7 mil apenas neste ano.

Estudo realizado por um grupo de pesquisadores do Instituto de Química da USP (Universidade de São Paulo) indica que o micro-organismo em questão “é comumente encontrado em infecções hospitalares, sendo capaz de contaminar catéteres, ventiladores, próteses e lentes de contato”, por exemplo. Por causa da alta resistência a antibióticos, as infecções causadas pela Pseudomonas aeruginosa são de difícil controle.

Ministério Público

Diante da gravidade dos fatos, o Ministério Público recebeu pedido de investigação a respeito do caso. O documento foi protocolado na quinta-feira (11) pelo deputado estadual Orlando Morando (PSDB). Por meio de nota, o MP informou que a Promotoria de Justiça de São Bernardo está reunindo informações sobre o caso.O promotor de Justiça Marcelo Sciorilli deu prazo de até cinco dias para que a Secretaria de Saúde de São Bernardo, comandada pela secretária Odete Gialdi, esclareça o caso.

A Prefeitura afirma que espera o resultado de sindicância administrativa e de vigilância instaurada, que deve ser divulgado até o início de março.

A Administração Municipal destacou ainda que foram suspensos todos os novos procedimentos oftalmológicos desenvolvidos pelo Instituto até a conclusão dos processos em investigação.

Embora afirme que as causas da contaminação poderão ser conhecidas apenas após a conclusão da sindicância aberta, a Prefeitura já aponta que a bactéria causadora da contaminação “não está presente na flora bacteriana do hospital”.

Conforme a nota divulgada pela Secretaria de Saúde, “somente a investigação poderá esclarecer qual a forma de contágio, que pode ter se dado pelos medicamentos ou pelos insumos usados nos procedimentos cirúrgicos ou outros meios.”

Abertura de CPI

Diante da gravidade dos fatos, o vereador Julinho Fuzari (PPS) protocolou, também pedido de abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) junto à Câmara Municipal. No documento, o parlamentar dá prazo de 120 dias para a conclusão dos trabalhos de investigação das “supostas irregularidades no mutirão de cirurgia de catarata.”

 

Veja abaixo a matéria publicada no Diário do Grande ABC:

catarata

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *