Reformado, PS Central de Cubatão reabre sob gestão de OS duvidosa

Foi noticiada pela imprensa local a entrega da reforma do Pronto-Socorro Central de Cubatão. Em clima de comemoração, a Prefeitura informou que a organização social Instituto Alpha segue na administração da unidade, após ser escolhida em chamamento público.

Mas é preciso fazer o duro trabalho de alertar os usuários do serviço de que a entrega da gestão à terceirizada é um grande risco. Pesquisas e estudos em cidades onde a terceirização da saúde já é uma realidade mostram que a alternativa de gestão, além de custar mais caro para o poder público, não garante melhora nos índices epidemiológicos, paga piores salários para os profissionais da saúde, faz contratações sem licitação e serve como um mecanismo de transferência de recursos públicos para estabelecimentos privados da área.

Instituto Alpha

Fundada em 2011, a OS Instituto Alpha parece não ter experiência na saúde pública. No site institucional da empresa há informações superficiais de parcerias realizadas.

Em julho do ano passado, mostramos o caso de uma paciente que morreu 20 horas após ser internada no mesmo Pronto Socorro Central, já administrado pelo Instituto em contrato emergencial e sem licitação.

Na época, Amanda Cristina Pereira Filete, de 20 anos, não teve sequer um diagnóstico. A família acredita que a menina poderia ter sido salva se houvesse maior qualidade e agilidade no serviço para que seu problema fosse detectado e tratado a tempo.

Os parentes também chegaram a acusar a unidade de não ter ambulância para transportá-la para o Hospital Guilherme Álvaro (HGA), em Santos, onde uma vaga já estava disponível.

No mesmo PS, só que em junho de 2016, outra organização social foi questionada na imprensa. A OSS Revolução foi alvo de um escândalo em rede nacional quando foi flagrada escalando e contratando médicos plantonistas para atuar na unidade via WhatsApp, sem qualquer checagem profissional. Investigada pelo Ministério Público, a entidade continuou atuando na Prefeitura de Cubatão, ganhando milhões, só que em outras áreas da saúde. Veja aqui.

O prefeito Ademário Oliveira (PSDB) tem à sua disposição todos os números, cifras e fatos mostrando os efeitos perversos que a terceirização já trouxe para Cubatão, seja no PS, na UPA do Parque São Luís ou Hospital Municipal. O tucano sabe que é ruim colocar OSs gerindo a saúde tanto do ponto de vista econômico e financeiro como do ponto de vista da qualidade na prestação dos serviços.

Na prática, o cubatense que precisa do SUS continua órfão, como esteve nestes anos todos em que imperou a terceirização. Não adianta apenas reformar unidades para mantê-las na mão de empresários especialistas em lucrar com a saúde. É preciso mudar a modalidade de gestão, repassando os serviços de volta à administração direta, destruindo a visão de que os serviços públicos são piores do que a iniciativa privada. Só são por conta da política dos governos, que propositalmente não garantem investimentos suficientes e seguem apostando no lema “sucatear para terceirizar/privatizar”.