Mesmo dando calote nos trabalhadores das Usafas, OS Pró-Vida tem aval da Prefeitura para continuar por até 5 anos
Trabalhadores estão sem receber o salário de fevereiro e amargam 5 meses de atraso em benefícios
Não adianta! As Organizações Sociais (OSs), por mais que se mostrem ineficientes, pouco transparentes, não cumpridoras de direitos trabalhistas, alvos de suspeitas de irregularidades, focos de condenações na Justiça e nas Cortes de Contas, destaques negativo na imprensa etc etc etc, permanecem nos governos como principais instrumentos de terceirização da gestão pública.
Em Guarujá, conforme denunciamos neste site e conforme mostraram diversas reportagens na mídia local, a OS Pró-Vida comandou um processo de seleção de profissionais duvidoso, depois passou a dar calotes nos trabalhadores. A queda na qualidade do atendimento na Saúde Básica obviamente caiu. Mesmo diante de tudo isso, a empresa, que se diz sem fins lucrativos, foi beneficiada com um novo contrato das Unidades de Saúde da Família (Usafas).
O contrato anterior era de caráter emergencial e já havia sido prorrogado. O atual agora é permanente e pode ser aditado por até 5 anos. São justamente estes aditamentos que têm preocupado estudiosos da Saúde Pública e defensores do SUS. A maior parte dos contratos com OSs e administrações públicas é firmado por um valor financeiro X. Porém, depois de sucessivos aditamentos terminam com 2X, 3X, 4X… Sem alarde, sem que ninguém fique sabendo, as OSs vão ampliando seus ganhos econômicos e se perpetuando no serviço público.
Vez ou outra se revezam no poder, assim como seus diretores e executivos, que pulam de OS em OS em busca de novos contratos rentáveis. A população e os trabalhadores, que estão do lado mais fraco dessa correlação de forças econômica e política, ficam de fora da festa. Só amargando os prejuízos a cada novo ciclo de terceirização.
Leia abaixo a matéria do Jornal A Tribuna, na íntegra
Atraso afeta Usafas em Guarujá
Organização social que tem atrasado o pagamento de salários e benefícios a funcionários, a Pró-Vida continuará no comando das Unidades de Saúde da Família (Usafas) de Guarujá. O atraso afeta o atendimento.
A OS gerencia os postos desde 2 de fevereiro de 2018, quando começou a operar com um contrato emergencial de seis meses. A Prefeitura lançou, em junho, convocação para selecionar uma OS para as Usafas, mas teve de suspendê-la e lançá-la de novo por recomendação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que viu irregularidades no primeiro edital.
Sem tempo para concluir o processo,o Município fez, em agosto, nova contratação emergencial da Pró-Vida, por mais seis meses. Na convocação pública lançada com as correções indicadas pelo TCE, a OS venceu. Assim, continuará à frente das Usafas por pelo menos dois anos. O contrato, que ainda será assinado, prevê prorrogações até o limite de cinco anos.
A Prefeitura não informou quanto pagará à Pró Vida no novo contrato. O edital estipulou teto de R$ 27,3 milhões por 12meses. Burocracia à parte,os trabalhadores das Usafas dizem ainda não ter recebido o salário de fevereiro. Este é o quinto mês sem vales alimentação e transporte. FGTS e INSS não vem sendo depositados. A situação prejudica o atendimento. Sem vale transporte e salário, funcionários faltam ao trabalho. Foi necessário remanejar trabalhadores para postos perto de casa para não terem de pagar condução.
Respostas
A OS Pró-Vida voltou a citar desequilíbrio econômico-financeiro na execução do contrato das Usafas, mas declarou que a questão está sendo superada. Em nota, aPró-Vida disse que a situação se deve à “implementação de recursos em serviços essenciais, visando não comprometer o atendimento à população que utiliza as Usafas. (…) Assim que o novo contrato for assinado, a entidade realizará imediatamente os acertos de todas as pendências”.
A Prefeitura, em nota, disse estar em dia com os repasses à Pró-Vida e que realiza fiscalização mensal, com ajuda de uma comissão de avaliação.