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26/03/2018     nenhum comentário

Mãe relata drama após ter seu bebê no Hospital dos Estivadores

Paciente acredita ter sido vítima de erro médico; após ficar internada e ter sido operada várias vezes, foi constatado que sua bexiga estava perfurada

 

 

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“O hospital não tem condições de atender. Estão brincando com vidas!”.

A frase forte é da desempregada Amanda Moura dos Santos, de 37 anos, que recentemente passou por uma experiência difícil dentro do Hospital dos Estivadores, em Santos.

Terceirizado para uma organização social questionada na Justiça por falta de experiência em gestão hospitalar, o serviço provocou traumas em Amanda num dos momentos mais vulneráveis de toda mulher: o pós-parto.

Já são quase quatro meses de sofrimento. Hoje, tendo que usar fraldas permanentemente, Amanda acredita ter sido vítima de erros médicos e de infecção hospitalar. “Eu entrei para ter meu filho e saí sem meu útero, sem as trompas e com a bexiga perfurada”, resume.

Ela lembra que procurou o Estivadores em 16 de novembro do ano passado, com uma carta de recomendação do ginecologista que fez o pré-natal. O bebê nasceu no dia 17. “Meu filho era grande, tinha 52 centímetros e 4,270 quilos, então fizeram uma cesariana. Depois de alguns dias, fui pra casa. Passados 17 dias (em 5 de dezembro), voltei ao hospital porque estava saindo pus da minha cesárea. Me internaram. Fiquei dois dias tomando antibiótico pra ver se melhorava”.

A partir daí, começou o martírio maior. Segundo Amanda, o quadro foi piorando e ela deu entrada no centro cirúrgico pela segunda vez, após um exame detectar que havia secreção purulenta vazando até mesmo pela vagina.

Com a situação agravada, ela foi submetida a uma histerectomia. “Tiveram que retirar o útero, as trompas, porque estava tudo tomado de pus. Saí do centro cirúrgico fui direto para a UTI, onde fiquei dois dias. No dia 9 de dezembro, um médico disse que eu tinha que voltar pro centro cirúrgico porque estava cheio de pus novamente. Me abriram pela terceira vez. Retornei pra UTI, onde mais uma vez fiquei internada, desta vez por 13 dias”.

Amanda conta que teve alta numa segunda-feira à tarde. Na quarta-feira de manhã voltou ao hospital com pus saindo da cesárea novamente. “Aí tiveram que me abrir novamente. Quarta vez. Estava tudo infeccionado, foram drenados quase 700 ml de pus. Fiquei um bom tempo internada. E sempre tinha líquido. Chegaram a drenar com agulha uma secreção que eles falaram que era gordura, que era normal mas que aquilo não podia ficar porque poderia piorar a infecção”.

Antes de ser submetida à cirurgia pela quarta vez, ela teria relatado à equipe que estava perdendo urina. Neste período, foi constatado que a bexiga estava perfurada. Segundo a paciente, a equipe alegou que o que causou essa perfuração foi a própria infecção.

“Fiquei internada mais alguns dias, usei sonda um tempo. Depois tive alta e fui pra casa. Continuei indo às consultas para acompanhar o controle da infecção. Chegaram a me garantir que minha bexiga tinha fechado. Só que no decorrer dos dias a urina foi aumentando, aumentando, e hoje eu estou fazendo uso de fralda geriátrica porque sai muito xixi”.

Sem poder trabalhar e nem mesmo sair de casa por períodos mais longos, Amanda não sabe mais o que fazer. “Estou com medo de voltar para o Estivadores de novo. Eu entrei lá só pra ganhar um bebê. Tiraram meu útero, tiraram minhas trompas. Para mim, foram eles mesmos que perfuraram minha bexiga. Ela não era perfurada quando entrei”.

Amanda chegou a ir na policlínica com a intenção de conseguir um encaminhamento para o Instituto da Mulher. Ao se consultar, ouviu da médica que nenhum profissional se arriscaria a assumir o caso. “Ela disse que ninguém vai por a mão em mim. Que tudo ocorreu no Estivadores e então é lá que eu tenho que retornar. Tenho medo de voltar a sofrer. Tinham várias mulheres com o mesmo problema, com infecções. Pra mim, aquilo foi até uma bactéria hospitalar. Foi o que escutei da boca de profissionais lá de dentro quando tive alta”.

De acordo com a paciente, uma das parturientes ficou internada junto com ela. “A moça também teve que ir pro centro cirúrgico. Ficou com dois drenos e com sonda. A urina dela saia até pela cesariana”.

 

“Não imaginava que um hospital novo seria despreparado”

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Amanda conta que não poderia supor os traumas pelos quais passaria quando escolheu o Hospital dos Estivadores, na época recém-inaugurado, para ter seu bebê.

“Olhando a fachada e lá dentro parece até particular. Pra mim o hospital era novo e estava todo mundo preparado. Não foi o que aconteceu. Se eu soubesse, tinha ido pra outro lugar, pro Guilherme Álvaro, por exemplo. Tive meus outros três filhos na Santa Casa e não tive problemas”.

Moradora de Santos, ela cita que até na hora de fazer exames teve transtornos. “Eles chamaram um urologista de fora para me examinar. Me encaminharam para a Afipe, para fazer exames. Fiz todo o preparo no dia, tomei laxante e até passei mal porque é muito forte. Mas, quando cheguei na unidade, não pude fazer. Na hora alegaram que a ambulância chegou atrasada. Quando retornei lá no laboratório dias depois com novo encaminhamento, a funcionária me explicou que eu não tinha feito o exame da primeira vez porque o pedido estava errado. Eles mandaram um pedido de exame que é feito em homens”.

A desconfiança só aumentou. “Corre tudo assim, de qualquer jeito. Eu tive muito medo de morrer, medo de deixar meus filhos. Mexeu com meu psicológico, eu não sou mais a mesma pessoa que eu era”.

Esse não foi o único caso envolvendo denúncias de más práticas no Hospital dos Estivadores, conforme pode ser conferido reportagens já publicadas aqui no Ataque aos Cofres Públicos (ver links abaixo). Vale lembrar que o serviço municipal é gerenciado por uma organização social, o Instituto Social Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que este ano receberá R$ 101 milhões dos cofres públicos.

Veja aqui outros casos que apontam suspeitas de negligência e erros médicos.

Mãe que perdeu bebê no Hospital dos Estivadores pede investigação criminal no Ministério Público

Gestantes denunciam práticas na Maternidade dos Estvadores

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