Idoso morre e é dado como indigente após entrar com filhos em Hospital Municipal de Cubatão terceirizado

Quem diz que terceirizar/privatizar a saúde pública é garantia de melhores serviços que os praticados pelo SUS tem mais uma comprovação de que isso não corresponde à realidade.

Em Cubatão, no Hospital Municipal gerenciado pela Organização Social (OS) Pró-Saúde, um exemplo absurdo do modo como essas empresas ditas sem fins lucrativos agem. Matéria publicada no G1 aponta que um idoso morreu no hospital onde foi internado na presença dos filhos e foi dado como indigente. Leia abaixo a íntegra da reportagem:

O corpo de um homem de 63 anos morreu em Cubatão (SP) e foi dado com indigente no Instituto Médico Legal de Santos, no litoral de São Paulo, mesmo tendo dado entrada no hospital na companhia da família. Os filhos do idoso querem que o caso seja esclarecido.

Valdir Faundes de Santos, de 63 anos, foi acompanhado dos filhos ao Pronto Socorro Municipal de Cubatão, no último domingo (19). “Ele foi encaminhado direto para a emergência do Pronto Socorro, o PS deu pronto-atendimento a ele. Acompanhamos até por volta das 19h30, quando o médico nos informou que ele seria encaminhado para o Semi intensio do pronto socorro e que, daquele momento em diante, ninguém poderia ficar mais com ele”, conta o filho dele, o empresário Tiago Nascimento dos Santos.

Na noite de domingo, os filhos foram avisados que o pai seria transferido para a Unidade de Terapia Intenisva (UTI) do Hospital Municipal de Cubatão. A recomendação era que a família voltasse ao local, na segunda-feira (20), às 15h.

Os filhos foram até o hospital no horário determinado e foram surpreendidos com a notícia da morte de Valdir. “Fomos informados que meu pai tinha vindo a óbito. Só que, para a nossa surpresa, o corpo do meu pai não estava no hospital. Ele tinha sido encaminhado para o IML de Santos como um indigente, como um abandonado”, conta o filho.

Tiago foi até o IML de Santos reconhecer o corpo do pai. “Meu pai não estava abandonado. Eu dei entrada com ele no hospital junto com o meu irmão. Nesse momento, eu tive que passar pela pior situação da minha vida, ter que reconhecer o seu pai dentro de um saco plástico, dentro de um frigorífico, em uma câmera fria do IML de Santos”, falou emocionado.

A família quer esclarecimentos sobre o que aconteceu para que Valdir fosse considerado um indigente. “Ninguém sabe esclarecer porque, mesmo com uma ficha de atendimento totalmente preenchida, sem nenhum campo em branco, meu pai foi decretado indigente. Eu quero que isso seja apurado, não pode, não tem como acontecer uma coisa dessas, é inadmissível uma situação dessas”, falou.

A Secretaria de Saúde de Cubatão já determinou a abertura de comissão de inquérito para apurar todos os fatos e, informou que o paciente recebeu toda a assistência necessária durante o atendimento nas unidades de saúde mas, diante da gravidade, não resistiu.

Já o Hospital Municipal, gerenciado pela Fundação Pró-Saúde, informa que está apurando o caso para identificar as responsabilidades pela identificação e transferência do paciente. E diz que está a disposição para esclarecer eventuais dúvidas sobre o caso.

Recentemente o Ataque aos Cofres públicos publicou com exclusividade uma matéria em que mostra que a Pró-Saúde está atolada em dívidas e cheia de problemas em relação à prestação de contas junto a Tribunal de Contas do Estado. Saiba mais:

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