HOSPITAL TEM EMERGÊNCIA FECHADA, CALOTE NOS SALÁRIOS E OS ACUSADA DE CORRUPÇÃO
Unidade está atendendo somente pacientes mais graves porque muitos funcionários não têm dinheiro nem para o transporte
Gerido pela organização social Instituo dos Lagos Rio, denunciada por corrupção, o Hospital Estadual Alberto Torres – principal hospital público de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio – está vivendo dias de extrema penúria.
Em meio à pandemia do coronavírus, a emergência do equipamento foi fechada esta semana e apenas pacientes que têm quadro de saúde mais graves estão sendo atendidos.
O equipamento é referência em trauma, mas também atendia 24 horas em diversas especialidades. Nos últimos meses, ameaçado pela má gestão e corrupção, setores do hospital vinham sendo fechados e profissionais passaram a amargar o atraso nos salários.
Já são dois meses sem recebimento, denunciam os funcionários terceirizados. A emergência foi fechada porque a maior parte dos trabalhadores já não tem dinheiro para o transporte ao trabalho.
Conforme mostrou reportagem do Jornal RJ TV, na linha de frente do combate à Covid-19, os enfermeiros e maqueiros que ainda conseguem comparecer chegaram ao ponto de ter de receber alimentos de ex-pacientes, que se revezam distribuindo os itens na porta do hospital.
O Governo não pode alegar que não sabia dos riscos de contratar a entidade privada. Isso porque o Lagos Rio assumiu a gestão da unidade no fim de setembro de 2017, quando a OS já respondia a um processo por atraso no pagamento de médicos de UPAs no Rio.
Na época, o hospital tinha 235 leitos e a emergência contava com todas as especialidades. Depois de passar por um clínico geral, os pacientes geralmente eram encaminhados para o especialista necessário no próprio hospital. JA unidade também oferecia exames de imagens e de sangue, além de tomografia computadorizada e cirurgias. Atualmente, as cirurgias estão canceladas.
O mais grave é que enquanto a Secretaria Estadual de Saúde diz que repassou verba para a OS, esta, por sua vez, diz que não recebeu tudo. E nesse jogo de empurra perdem os trabalhadores e a população num momento crítico de emergência sanitária.
Por meio de nota, a pasta disse que, nesta segunda-feira (6), liberou R$ 20 milhões para as unidades administradas pelo Instituto Lagos Rio, que inclui o Hospital Alberto Torres. O valor deve ser depositado na conta das OS até quinta-feira (9).