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17/02/2020     nenhum comentário

Ex-funcionárias de OSs contam como é trabalhar sem condições nas UPAs de Santos

Sobrecarga e falta de condições de trabalho, apadrinhamento político e pressão das chefias causam sofrimento aos trabalhadores terceirizados e precarização nos serviços

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Quando a terceirização da saúde se instala nos serviços públicos a população usuária sofre com os vários impactos que a mudança na gestão acarreta. Como visam lucro, as empresas buscam economia na hora de executar serviços, maximizando os ganhos em relação aos repasses feitos pelos governos.

Mas nessa cruel equação há outra parcela que também é prejudicada. São os trabalhadores terceirizados e até quarteirizados, contratados pelas organizações sociais ou pelas empresas por elas contratadas. Profissionais que geralmente já possuem vínculo de trabalho mais precários, ganhando menos e tendo direitos trabalhistas reduzidos ou negados.

Além de usados como força de trabalho mais barata, via de regra essas pessoas sofrem com sobrecarga de trabalho e com falta de condições materiais para exercerem suas funções adequadamente. E quando esse cenário se instala em áreas que lidam com vidas, os riscos são ainda maiores para todos, em especial para pacientes do SUS, geralmente trabalhadores igualmente precarizados e ainda mais vulneráveis por conta da saúde debilitada.

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Já para os profissionais terceirizados da Saúde tensão, adoecimento, assédio moral, apadrinhamento político, retaliações de todo o tipo também fazem parte desse coquetel venenoso.

Conversamos com três ex-funcionárias das UPAs Central e da Zona Noroeste. Por razões óbvias, não revelaremos seus nomes. Veja abaixo alguns depoimentos:

 

“O quadro é reduzido de funcionários. Muitos funcionários adoecem e ficam afastados. Setor que tinha que ter cinco, seis pessoas, tem duas, acumulando trabalho.

Não conseguíamos fazer horário de lanche. Quando está muito puxado não querem que faça a hora de almoço inteira, querem que coma e já desça. Não conseguíamos tirar banco de horas. Fora que a direção joga funcionários contra funcionários.

No meu caso tive até acidente de trabalho. Como trabalhávamos em dois porque faltava funcionário no meu setor, eu fiquei com as costas travadas. No outro dia não consegui trabalhar, passei no médico e peguei atestado. No outro plantão, quando eu voltei, me mandaram embora. Não abriram CAT. Quem estava no acidente era eu e mais um funcionário. Abriram pra ele não pra mim.

Se fica falando contra a empresa, corre o risco de ser mandado embora. Também somos culpados porque nos omitimos muito. Fazemos o possível com o que tem para atender os pacientes, mas também vemos muita coisa errada.

 

Não depende só de nós. São médicos inexperientes. Eles passam a mesma medicação pra todo mundo sem fazer o diagnóstico certo, muita gente morrendo e está sendo omitido isso. Abafam os casos. Morreu, já era. Mas pode ser um parente meu, seu. Eu mesma já avisei que se passar mal não quero ser levada para a UPA. Trabalhei lá dois anos e sei como é que é”.

Ex-funcionária da UPA Central

 

“Na UPA da Zona Noroeste eles demitem por qualquer motivo pra apadrinhar funcionários. Eu fui demitida recentemente por motivo fútil. Eu não estava bem no dia, mas preferir trabalhar mesmo assim. Com certeza fui demitida para apadrinharem alguém.

A rotina na unidade é exaustiva. Não podemos sentar, nem água podemos tomar. É difícil de se trabalhar nessas condições. Todos que lá estão trabalham como burros de carga. Tinham que ampliar o quadro, as equipes são muito reduzidas.

Eles não aceitam sugestões para melhoria do serviço. Acham que é normal essa espera para atendimento. A classificação não funciona, o o sistema pior ainda. A gestão e o coordenador não estão nem aí. Sem estratégia de funcionamento.

Quando eu atuava lá chegou a faltar insumos, medicamentos. Faltava máscara de inalação, medicamentos pra pressão, entre outros.

Outra coisa que acontece muito é recoleta de amostras dos pacientes, pois perdem muito exames. O laboratório perde e temos que refazer.

Essas colocações não são só minhas. São de muita gente. Inclusive usuários. Se a gestão continuar assim podem perder a licitação.

Já perderam muitos pacientes no Hospital Irmã Dulce e na UPA da ZN também. Essa questão já está insustentável”.

Ex-funcionária da UPA da ZN

 

 

“Não sei se o senhor secretário de Saúde entende alguma coisa sobre saúde pública. Deveria pedir exoneração. Ou não enxerga ou não está muito interessado.

Essas OSs…está morrendo gente por falta de atendimentos e equipamentos. O secretário deveria sair do armário e procurar observar a falência da Saúde nesta Cidade.

A coordenação da OS não quer um serviço de qualidade. São pessoas que não têm qualificação, não têm direção, não trabalham, não têm empatia com os funcionários, não tem empatia com os usuários.

Trabalham de qualquer forma, mal direcionados, uma gestão péssima. Já os funcionários qualificados eles colocam na rua”. 

Ex-funcionária da UPA Central

 

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