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01/04/2020     nenhum comentário

Demitido após dar alertar para a circulação do Coronavírus em PG, médico contaminado desabafa: “Não há EPIs e estamos com salários atrasados”

Dr. Danilo Bargieri se recupera do Coronavírus em isolamento e se diz “violado” em seus direitos como cidadão e em sua conduta como médico

 

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No último dia 23, por uma questão de compromisso com a saúde pública e ética em sua profissão, o médico Danilo Bargieri, de Praia Grande, se viu na obrigação de alertar a população de Praia Grande sobre a existência de casos de Coronavírus na Cidade e sobre a necessidade de intensificação das medidas de prevenção. Fez isso em vídeo, pelo sua página pessoal no Facebook, após naquele mesmo dia atender uma paciente na UPA Samambaia, com todos os sintomas da doença.

A usuária chegou à unidade com quadro de insuficiência respiratória, ficou no isolamento enquanto testes laboratoriais eram colhidos. A tomografia demonstrou todos os sinais de que se tratava de COVID-19. Segundo o médico, a paciente precisou de ventilação mecânica e foi transferida para o Hospital Guilherme Álvaro, em vaga de UTI.

Após expor a situação como forma de conscientizar as pessoas de que a pandemia é séria, Bargieri, que tem 35 anos, foi demitido por telefone. O profissional era contratado da empresa quarteirizada Ucot, que por sua vez mantém contrato com organização social ficha suja SPDM para fornecimento de médicos. A SPDM é a responsável por toda a área de urgência e emergência de Praia Grande e recebe por ano R$ 136 milhões dos cofres da Prefeitura.

O médico conta que no dia seguinte ao telefonema foi até a unidade se apresentar em seu plantão para se resguardar depois de uma possível acusaçãoo de abandono de seu posto. “Fui barrado na porta. Fiz um boletim de ocorrência para me resguardar. Três dias depois, comecei a ter tosse, dispneia, febre, dores nas costas e na bacia. Colhi o teste e hoje (31) obtive o resultado de que estou com Coronavírus”.

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O profissional está se recuperando em casa, em isolamento, e não precisou de internação. No entanto, está indignado com a maneira com que os profissionais que atuam na linha de frente do combate à doença são tratados.

“Me sinto violado, desrespeitado. Nunca houve condições de trabalho para quem está na saúde pública. Agora a situação é ainda mais caótica. Os colegas correm riscos com a falta de EPIs”.

Não se trata de alarmismo. Um médico de Praia Grande, chamado Silvio, de 47 anos, está em situação crítica, entubado. Enquanto ainda estava em seu plantão, ele foi transferido às pressas para um hospital particular de Santos e segue na UTI, como um dos casos suspeitos da doença. Veja aqui.

“Pelo que aconteceu comigo, só posso entender que há uma tentativa das autoridades de abafar os dados, de abafar a situação. Mas os meus direitos como cidadão é expor o que eu penso. E como médico é alertar a população de maneira geral para que se proteja”.

Bargieri, que tem uma filha, não sabe quando poderá trabalhar. Ele critica a terceirização e quarteirização e diz que o modelo que se montou faz os profissionais ficarem de mãos atadas.

“Não temos sequer contrato com essas empresas que são contratadas das OSs. É a terceirização da terceirização. Uma barbaridade, rios de dinheiro envolvidos. Para você ter uma ideia, estamos com os salários atrasados em dois meses. Somos demitidos, sem quaisquer direitos e ainda corremos o risco de ficarmos sem receber o que nos devem se nos recusamos a trabalhar ou se pedimos desligamento. Essa é a saúde, esse é o SUS que nos meus 8 anos de atuação como médico só vejo cair de qualidade cada vez mais, infelizmente”.

Máscaras de TNT

Também em Praia Grande, causou repercussão a distribuição de máscaras feitas de um tecido semelhante a TNT, sem qualquer tipo de filtro, para os funcionários do Hospital Irmã Dulce, Pronto Socorro e UPA Samambaia.

MASCARAS_TAPEAR

Nós mostramos aqui no Ataque aos Cofres Públicos a indignação e apreensão dos funcionários da saúde com a situação. Confira aqui.

Avanço da doença

Segundo as informações oficiais passadas até agora, a cidade de Praia Grande conta com duas mortes confirmadas por COVID-19. Mais dois óbitos suspeitos estão sendo investigados. São três casos confirmados da doença, o que a coloca em segundo lugar no ranking regional, perdendo apenas para Santos, com 49.

Ainda em Praia Grande são 187 casos suspeitos, com 20 pacientes estão internados, sendo cinco deles em UTIs.

A Baixada Santista registrou, até o início desta quarta (1), 57 casos confirmados do novo coronavírus, 972 casos suspeitos e mais de 100 pacientes estão internados em hospitais da região.

Praia Grande é a terceira cidade da região em número suspeitos e a segunda em número de pessoas internadas por causa da suspeita da doença.

 

 

 

 

 

 

 

 

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