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21/05/2020     nenhum comentário

COVID-19: PACIENTES MORREM POR FALTA DE MEDICAMENTOS EM HOSPITAL DE CAMPANHA GERIDO PELO IABAS

Organização Social foi contratada para gerir vários Hospitais de Campanha; no Maracaná, funcionários denunciaram caos na organização: “Tá virando um matadouro”

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Um cenário surreal e extremamente trágico é relatado por funcionários que atuam em no Hospital de Campanha instalado no Maracaná há 12 dias, gerenciado de forma terceirizada pela organização social ficha suja Iabas.

Reportagem do jornal RJ TV mostra que o cenário de morte é composto pela falta de medicamentos, falta de organização e até a respiradores que não funcionam direito. De acordo com denúncias, pacientes que precisariam ser entubados acabaram morrendo por falta do sedativo necessário para a realização do procedimento que garante a ventilação mecânica.

O hospital foi inaugurado no dia 9 de maio com 120 leitos de enfermaria e 80 de UTI.

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Veja o que diz uma funcionária em depoimento por áudio: “Eu saio do plantão de campanha do Maracanã, entro com o coração aberto, para salvar vidas, e estou estarrecida de ver pessoas morrendo porque faltam medicamentos, pacientes sem sedação devida, pacientes com ventiladores basicamente pifados, médicos pouco treinados para fazer uma entubação. Um campo de guerra e de morte, não de vida”, afirmou uma funcionária.

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Os trabalhadores também afirmam que depois de 12 dias da abertura do hospital, os pacientes que precisam de atendimento não conseguem medicamentos que são fundamentais para manter a pressão arterial e garantir a adaptação ao respirador.

As informações foram compartilhadas por whatsapp. É que is funcionários usaram um grupo do aplicativo de mensagens para relatar a seus coordenadores o que estão vivendo dentro dos corredores do Maracanã. Em uma das mensagens, eles relatam que “Maracanã tá virando matadouro”.

A funcionária contou que “pacientes estão morrendo por falta de medicamentos importantes para a sedação. Para a entubação, para ser adaptados à ventilação mecânica. Medicamentos como midazolam, fentanil, rocurônio, propofol. E medicamentos para manter a pressão arterial, como a noradrenalina”.

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O estresse de trabalhar sem condições é a principal queixa. Segundo os profissionais, a falta de organização e de medicamentos adequados têm levado as equipes a situações extremas.

Uma profissional contou que viu o momento em que um paciente precisava ser sedado e entubado, e morreu por falta do medicamento.

“E nesse momento, a medida que a médica ia pedindo os medicamentos para fazer a sedação e a curarização, não tinha. ‘Não tem, doutora; não tem doutora; não tem, doutora’.

Vai ter que misturar com outros medicamentos porque não tem. Ficamos numa situação de impotência total. E naquilo de arrumar o medicamento. Ele simplesmente parou, na minha cara. Uma pessoa que estava conversando comigo há 40 minutos atrás. E morreu. Isso é muito duro”, desabafou a funcionária.

O relato é de falta também de materiais.

“Kit de punção profunda, não tem. Só tem dois antibióticos: azitromicina e clavulin. Mesmo assim, chega no período da noite, já tá em falta. Não tem fio de sutura adequado. Não tem seringa de 3 (ml). Falta fralda. Falta materiais em todo o hospital”, disse outra funcionária.

Não recebem pagamentos
Ao profissionais também denunciam falta de salário e vale-transporte.

“Tem muito profissional que não recebeu ainda, que está tendo que tirar do próprio bolso para ir trabalhar. Eles estão perdidos em tudo. Eles não sabem quem contratou e quem contrataram. É uma bagunça infinita”, contou uma trabalhadora.

A colega de profissão complementa.

“É uma vergonha, uma falta de respeito, uma falta de responsabilidade. Tanto com o profissional que está ali se doando para cuidar dos seus pacientes. E uma falta de respeito com seus pacientes que estão lá, internados, querendo sobreviver. Muito desumano”, concluiu.

Para o RJ TV, a Secretaria Estadual de Saúde informou que vai apurar as denúncias e, se elas forem comprovadas, vai notificar a entidade privada. O órgão disse também que criou, esta semana, um comitê de supervisão dos hospitais de campanha para fiscalizar as unidades. Já a OS Iabas não se manifestou.

Mostramos aqui no Ataque aos Cofres Públicos que a OS Iabas foi a grande beneficiada por contratos sem licitação com o Governo do Estado do Rio, para enfrentamento do Coronavírus. Contratos sem transparência e cercados de suspeitas.

Investigações da Operação Favorito, deflagrada na semana passada pela Polícia Federal e pelo MPF, mostram que grupo de empresários se beneficiaria com serviços superfaturados prestados ao Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas) nas ações que a OS comanda, envolvendo a montagem e a administração dos hospitais de campanha no Rio.

Os empresários estão presos e são ligados à Mário Peixoto. Eles tiveram acesso a planilhas que detalham como devem ser gastos os R$ 876,4 milhões destinados à Iabas para os sete hospitais de campanha. Saiba mais.

Abaixo mais matérias envolvendo denúncias contra a OS e a terceirização dos Hospitais de Campanha:

FRAUDES EM HOSPITAL DE CAMPANHA: POLÍCIA PRENDE EX-DEPUTADO E EMPRESÁRIO NO RIO

EX-SUBSECRETÁRIO DO RIO É DETIDO POR SUSPEITA DE FRAUDE NA COMPRA DE RESPIRADORES

Após denúncias, Governo firma novo contrato com OS no Rio com mais contradições

Onde houver terceirização e privatização do SUS haverá empresários se enriquecendo com recursos que deveriam salvar vidas. Gestão compartilhada com organizações sociais e entidades afins servem apenas a esquemas espúrios como os relatados acima.

Vale lembrar, no entanto, que a maioria dos desfalques nos fundos públicos acabam não sendo investigados. Por isso é preciso lutar para que o SUS seja 100% público e estatal.

 

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