denuncie Denuncie! denuncie
O.S. em Santos NÃO!
Facebook
Youtube
26/11/2020     nenhum comentário

CONTRATADOS POR OS FICHA SUJA, MÉDICOS DE HOSPITAL NA BAHIA PEDEM DEMISSÃO COLETIVA

Gestão da unidade é da Associação de Promoção da Maternidade e da Infância, que está sendo investigada pela Polícia Federal por suspeita de fraude em licitações e também está dando calote nos pagamentos dos profissonais

hospital-chapada-diamantina

A reportagem local do estado da Bahia mostra o quanto corrupção e precarização da força de trabalho caminham juntas quando unidades públicas são submetidas à gestão de organizações sociais ou entidades afins.

Matéria do site Bahia.ba mostra que essa dobradinha está afetando o dia a dia do principal hospital da Chapada Diamantina. Veja abaixo trechos da reportagem, ou clique aqui para ler direto na página.

Com salários atrasados desde agosto, onze médicos que trabalham nos setores de emergência, UTI Covid-19 e UTI Geral do Hospital Regional da Chapada Diamantina (HRCD) comunicaram à administração da unidade que não farão parte dos plantões de dezembro caso as pendências não sejam regularizadas até a próxima segunda (30).

Os plantonistas reivindicam ainda reajuste dos valores de contrato, que atualmente é de R$ 2.400 brutos por 24 horas na UTI e estariam defasados em relação a outras unidades estaduais, além de “renovação do contrato com alterações que garantam o pagamento nas respectivas datas e direitos aos médicos”.

“Somos um grupo pequeno de médicos, quase todos sobrecarregados, trabalhando com carga horária acima do limite físico, com salários atrasados, e até agora ninguém apareceu para dar uma resposta de como será resolvido o problema: nem a Sesab, nem a empresa que administra o hospital e que neste momento está em meio a uma investigação de fraudes de licitações”, critica um dos médicos, referindo-se à Associação de Promoção da Maternidade e da Infância (APMI) de Castro Alves, organização social de saúde (OS) responsável pela gestão do HRCD.

Fraudes

No último dia 19, a APMI foi alvo de uma operação deflagrada pela Polícia Federal com objetivo de desarticular esquema de fraude em licitações e desvio de recursos públicos destinados à gestão do Hospital Regional de Juazeiro (HRJ). As investigações apontam que mais de R$ 6 milhões foram desviados entre setembro de 2017 e dezembro de 2019 por uma organização criminosa que fraudou licitações públicas e passou a dominar a gestão de inúmeras unidades da rede estadual de saúde, sob gestão indireta, por intermédio de diferentes OSS’s, quase sempre registradas em nome de “laranjas”.

Ainda segundo a PF, essas instituições gestoras direcionavam o resultado das licitações a empresas de fachada ligadas ao grupo, sem que muitos dos serviços fossem efetivamente prestados ou os produtos fossem fornecidos. O nome da operação, Metástase, faz alusão à corrupção como uma espécie de câncer que se espalha pela sociedade. Na segunda-feira (23), a APMI foi descredenciada pela Sesab da gestão do Hospital de Juazeiro.

A situação da APMI preocupa os médicos do Hospital da Chapada, que esperam por uma decisão semelhante à decisão tomada pela Sesab em relação ao Hospital de Juazeiro.

Eles relatam que, além dos salários atrasados, são obrigados a lidar com escalas de trabalho exaustivas; falta de medicamentos na farmácia e equipamentos obsoletos. “Como temos alguns médicos contaminados por coronavírus, e a equipe é pequena, temos que nos desdobrar para cobrir os plantões de quem está afastado por contrair o coronavírus. Plantões de 24 horas têm virado de 48horas, de 72 horas, e já chegamos ao absurdo de um colega que ficou cinco dias seguidos de plantão”, reclama uma médica.

“Embora o hospital tenha sido inaugurado em dezembro de 2017, muitos aparelhos que vieram de outras unidades são antigos, como o raio-x, que às vezes dá problema, e o hemogasômetro, que é fundamental para pacientes que estão no ventilador, e está desde a semana passada sem funcionar”, denuncia.

Embora os médicos sejam os que mais reclamam, os atrasos salariais impactam de maneira ainda mais dramática a vida dos mais de 200 funcionários do HRCD. Enfermeiros, técnicos de enfermagem, equipes de limpeza e de segurança ainda não receberam o salário de outubro. “Ganho R$ 1.450 por mês, e gasto R$ 480 de transporte porque moro em outra cidade. Se eu não receber meu salário até sexta-feira (27), não tenho como trabalhar na semana que vem”, declara uma funcionária.

A situação do HRCD é particularmente preocupante para os moradores dos 11 municípios do entorno de Seabra, que têm na unidade o único hospital geral com atendimento SUS 24 horas para casos de urgência e emergência clínica, cirúrgica, obstétrica, pediátrica, traumato-ortopédica e psiquiátrica. São 110 leitos, 10 para UTI Geral e ganhou seis leitos de UTI e uma enfermaria específica para o tratamento do novo coronavírus.

CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO!

Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips e não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.

No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.

Isso ocorre em todas as áreas da administração pública, em especial na Saúde. No meio desta pandemia, além do medo de se contaminar e contaminar assim os seus familiares, profissionais da saúde terceirizados enfrentam também a oferta despudorada de baixos salários, atrasos nos pagamentos, corte de direitos e falta de estrutura de trabalho, o que contrasta com a importância da atuação deles no combate ao COVID-19.

É evidente que o saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS, das demais políticas públicas e, pior ainda: o risco às vidas.

Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos demais direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão da Saúde por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.

Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos!

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *