COM DENÚNCIAS E ATRASOS NAS COSTAS OS IABAS É AFASTADA DA SAÚDE DO RIO
Entidade privada é investigada por diversas fraudes, mas segue administrando hospitais de campanha em São Paulo
Já não era sem tempo. Pressionado pelos escândalos que envolvem o nome da organização social Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), o governador do Rio, Wilson Witzel, decretou intervenção nos hospitais por ela comandados.
O motivo da decisão também foi o atraso para a conclusão das obras de hospitais de campanha do estado. De acordo com decreto, as unidades serão controladas pela Fundação Estadual de Saúde.
O Iabas é alvo de investigação por irregularidades em contratos com o governo.
Na madrugada desta quarta (3), carros da PM foram posicionados na porta dos hospitais para impedir a retirada de equipamentos, comprados com dinheiro público, já que a OS já tinha recebido mais de R$ 200 milhões dos R$ 700 milhões reservados para os hospitais de campanha.
O governo havia prometido todas as 7 unidades em operação até o dia 30 de abril. Mais de um mês depois deste prazo, apenas parte de uma delas, a do Maracanã, está aberta. E, ainda assim, com muitos problemas e carências. Faltam remédios, equipamentos e alguns médicos que haviam sido contratados para atuar no local acabaram desistindo devido à falta de condições de trabalho.
RJ tem 5.686 mortes e 56.732 casos confirmados de Covid-19
Após sucessivos adiamentos e justificativas, as demais nem sequer têm data de inauguração:
Intervenção
De acordo com o decreto, as unidades exclusivas para o enfrentamento da Covid-19 serão controladas pela Fundação Estadual de Saúde, que deverá assumir a conclusão das obras e a gestão de todas as unidades de saúde temporárias.
A Secretaria de Saúde do RJ também está autorizada a aplicar sanções e adotar outras medidas para resguardar e ressarcir o patrimônio público, inclusive, buscando a Justiça para bloquear bens e serviços da organização social.
Indícios de fraude
A empresa Iabas é investigada pela Polícia Federal por possíveis fraudes nos contratos envolvendo os hospitais de campanha.
A Operação Placebo, deflagrada no último dia 26, cumpriu 12 mandados de busca e apreensão — um deles no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador Wilson Witzel, e outro na casa dele no Grajaú.
No último dia 27, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) suspendeu todos os pagamentos da Secretaria de Estado de Saúde para a organização social Iabas.
O governo do estado anunciou R$ 1 bilhão para o combate à Covid-19. A maior parte desse orçamento — R$ 836 milhões — foi destinada para o Iabas em contratos emergenciais, sem licitação, para hospitais de campanha.