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11/05/2021     nenhum comentário

CASO FURA-FILA DA VACINA: FUABC ADMITE PRIVILÉGIOS A ADVOGADOS

Entidade cita necessidade de imunizar advogados, mas deixou de fora uma dezena de profissionais do mesmo setor

fura-fila_FUABC

 

Mais um capítulo do caso fura-fila da vacina contra Covid-19, protagonizado pela Fundação do ABC (FUABC). De acordo com nova reportagem do jornal Diário do Grande ABC, publicada nesta segunda (10), a organização social confessou que encaminhou profissionais para imunização sem que eles atendam aos requisitos de prioridade (pessoas que atuam na linha de frente no combate à doença, idosos e pessoas com comorbidades).

No último dia 7, mostramos aqui no Ataque aos Cofres Públicos, que um dos advogados beneficiados irregularmente foi citado por nepotismo no Ministério Público, em 2017.

Veja abaixo a íntegra da reportagem:

FUABC admite privilégios no caso fura-fila da vacina

A Fundação do ABC admitiu ao Diário ter privilegiado advogados quando encaminhou profissionais para vacinação contra a Covid-19 sem figurarem na lista de prioridades. A entidade sustenta a necessidade de imunizar trabalhadores de setores burocráticos, mas deixou de fora mais de uma dezena deles. A prática enfraquece o discurso de que a organização não promoveu fura-filas em benefício de aliados da presidente, Adriana Berringer Stephan.

No mês passado, o Diário revelou em primeira mão que oito funcionários de setores administrativos da FUABC, entre eles advogados que atuam na diretoria executiva jurídica, foram encaminhados para vacinação em lista que incluía profissionais da saúde que atuam em ambulatórios gerenciados pela instituição. Na ocasião, a entidade negou que tenha viabilizado fura-fila da vacina e sustentou que os apadrinhados foram imunizados por frequentarem ambientes contaminados, como hospitais de campanha.

Ocorre que, mesmo integrando o mesmo setor, pelo menos 11 profissionais da diretoria executiva jurídica da FUABC não foram incluídos na lista de vacinados enviada à FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), responsável pela organização da vacinação dos profissionais ligados à FUABC.

Dos 17 funcionários da diretoria, apenas seis foram vacinados, segundo a própria FUABC. Entre eles está o advogado Sandro Tavares, 44 anos, que tomou duas doses da Coronavac mesmo sem atuar na linha de frente do combate à pandemia nem integrar nenhum dos atuais grupos prioritários que estão sendo imunizados contra a Covid no Estado. Como já mostrou o Diário, Tavares já é pivô de investigação no Ministério Público por suposta prática de nepotismo, já que vários parentes do advogado também atuam direta ou indiretamente na FUABC – duas delas, inclusive, trabalham no mesmo setor.

O escândalo tem sido apurado por sindicâncias por parte das Prefeituras de Santo André e São Caetano, duas das mantenedoras da FUABC.

Ao Diário, a FUABC voltou a negar a prática de fura-fila de vacinas e explicou que a imunização dos advogados respeita critérios do Ministério da Saúde, que recomenda textualmente a aplicação das doses em profissionais que fazem parte do universo classificado como “trabalhadores da gestão”. “A FUABC reitera a total lisura da campanha de vacinação realizada no complexo de saúde do campus universitário e ratifica que seus profissionais integram o grupo de trabalhadores da saúde, tendo direito à vacinação prioritária”.

Denúncias de má prestação de serviços nas UPAs administradas pela FUABC cresceram significativamente nos últimos meses na Cidade e nos demais municípios com contratos com a OS.

Santos, Mogi das Cruzes e ABC Paulista. Quase que diariamente estas e outras cidades paulistas fornecem motivos para reforçar o fisco que a organização social Fundação do ABC e o modelo de gestão por organizações sociais representa para a administração pública. Puro desperdício de bilhões em recursos públicos às custas de muito sofrimento dos usuários do SUS. E tudo isso em pleno pico da crise sanitária de Covid-19.

No dia 24 de março, o jornal Diário do Grande ABC publicou em sua coluna na área de política que o crescimento de denúncias de má prestação de serviços nas UPAs administradas pela OS cresceu significativamente nos últimos meses. A situação respinga na Câmara de Mauá.

“Nos bastidores, comenta-se que o movimento do Legislativo mauaense é apenas o primeiro passo de uma articulação regional destinada a revelar relações nada ortodoxas entre quarteirizadas e a cúpula da FUABC (,,,) Outras petições com o mesmo teor, ou bastante semelhantes, já estariam sendo preparadas por gabinetes de vereadores em Santo André e São Caetano para serem apresentadas em plenário nos próximos dias. O propósito é descobrir como – e, principalmente, com quem – a organização gasta seu orçamento bilionário. A tão famosa caixa-preta da Fundação do ABC, que sempre rendeu muita desconfiança ao longo das últimas décadas, nunca esteve tão perto de ser aberta”, diz o texto.

Também em março publicamos mais uma reportagem sobre a qualidade capenga dos serviços em Mogi das Cruzes, abordados pela imprensa local. Dias antes, situação parecida foi mostrada, só que na UPA Central de Santos.

Confira os links:

CONTRATO MILIONÁRIO DA FUABC ‘É PAGO COM SOFRIMENTO DO POVO’, DENUNCIA JORNAL

FUABC É REPROVADA TAMBÉM NA SAÚDE TERCEIRIZADA DE MOGI

COVID: UPA CENTRAL DE SANTOS GERA RECLAMAÇÕES POR ESPERA DE 5 HORAS

Terceirização ameaça as políticas públicas de várias formas

Mais uma vez fica claro a quem e a qual objetivo a terceirização e privatização da saúde pública servem.

Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as OSs não passam de empresas privadas em busca de lucro fácil, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.

No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos.

Há até casos em que esse as organizações sociais são protegidas ou controladas integrantes de facções do crime organizado, como PCC.

No meio desta pandemia, além do medo de se contaminar e contaminar assim os seus familiares, profissionais da saúde enfrentam também a oferta despudorada de baixos salários e falta de estrutura de trabalho, o que contrasta com a importância da atuação deles no combate ao COVID-19.

É evidente que o saldo para a sociedade é a má qualidade do atendimento, o desmonte do SUS e, pior ainda: o risco às vidas.

Todos estes anos de subfinanciamento do SUS, de desmantelamento dos demais direitos sociais, de aumento da exploração, acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais. Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores. O modelo de gestão da Saúde por meio das Organizações Sociais é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido.

Não à Terceirização e Privatização da Saúde Pública! Em defesa do SUS 100% Estatal e de Qualidade!

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