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21/06/2022     nenhum comentário

CÂMARA DE SP: EM AUDIÊNCIA PÚBLICA ESPECIALISTAS CRITICAM A TERCEIRIZAÇÃO COMO MODELO DE SAÚDE PÚBLICA

Precarização e rotatividade nas unidades de Saúde prejudicam a qualidade dos serviços, que ficam mais caros e com gastos menos transparentes

São Paulo, 15 de junho de 2022. Audiência Pública Semipresencial da Comissão Permanente de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher. Tema: “A Terceirização da Gestão em Saúde e Seus Impactos na Condição de Trabalho no SUS” Foto: Afonso Braga @afonsobraga.ab Créditos Obrigatórios. Todos os direitos reservados conforme lei de direito Autoral Número 9.610.

São Paulo, 15 de junho de 2022.
Audiência Pública Semipresencial da Comissão Permanente de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher.
Tema: “A Terceirização da Gestão em Saúde e Seus Impactos na Condição de Trabalho no SUS”
Foto: Afonso Braga
@afonsobraga.ab
Créditos Obrigatórios. Todos os direitos reservados conforme lei de direito Autoral Número 9.610.

Na pauta da Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher da última quarta-feira (15), o colegiado debateu em Audiência Pública na Câmara Municipal de São Paulo, o tema que trata da terceirização da gestão no setor da saúde pública e as consequências que esse modelo de administração trouxe no trabalho do SUS.

A audiência foi presidida pela vereadora Luana Alves (PSOL), integrante da Comissão de Saúde e autora do documento que solicitou a discussão. De acordo com a parlamentar, a administração indireta gera problemas, causando instabilidade entre os profissionais. Para Luana, é fundamental manter o servidor da saúde no posto de trabalho para garantir qualidade no atendimento.

“Se trocar de cinco em cinco meses os médicos e os enfermeiros, temos uma qualidade baixíssima no atendimento. E as OSs (Organizações Sociais) acabam gerando mais rotatividade, isso é um problema que temos visto”, disse Luana, que também falou sobre a ausência de representantes da Secretaria Municipal da Saúde e das OSs no debate desta quarta-feira. “Seguimos em diálogo para que eles venham em um próximo momento”.

Vanessa Araújo, do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), afirmou que o debate sobre a terceirização da gestão da saúde pública na capital paulista é antigo e que é fundamental discutir esse assunto com a sociedade. Para ela, a gestão dos serviços públicos através de uma entidade privada, prioriza os “interesses privados sobre os interesses públicos”.

A representante do Simesp acrescentou ainda que a terceirização gera “uma cadeia de repercussões que vão desde uma assistência precarizada para a nossa população até uma perseguição e uma dificuldade que os trabalhadores de saúde possam ter dentro do seu ambiente de trabalho para cumprir com o seu papel de luta pela saúde pública”.

Também participou da audiência a nutricionista Sheila Costa, do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) . “O Sindsep é contra qualquer forma de contratação que não seja por meio de concurso público, porque sabemos da alta rotatividade, que o trabalhador das terceirizadas é muito precarizado. Ele é vítima do sistema”.

Em nome do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo (SEESP), Ivonildes Ferreira defendeu a continuidade do trabalho dos profissionais e cobrou critérios para a contratação de enfermeiros. “As contratações são muito ruins. É uma falta de respeito com a população”.

A etnia Pankararu foi representada pelo indígena Edcarlos Nascimento, que se posicionou contrariamente à gestão das OSs. “As OSs vêm sucateando os trabalhadores da saúde. Temos que cuidar daqueles que cuidam de nós”.

Para Ana Laura Cardoso, da Rede Emancipa, é importante que os profissionais e a população se mobilizem para “dizer não a essa política de desmonte da saúde, a essa política de derrota ao que a gente vem construindo no SUS”.

Já Lester Amaral, do Coletivo Butantã na Luta, sugeriu à Câmara que as OSs sejam investigadas. “Que se pense sim em uma base factual para uma CPI das OSs na cidade de São Paulo, porque eu acho que é uma base real de muitos e muitos fatos que justificam essa iniciativa”.

CONTRA TODAS AS FORMAS DE TERCEIRIZAÇÃO

Disfarçadas sob uma expressão que esconde sua verdadeira natureza, as organizações sociais (OSs), organizações da sociedade civil (OSCs) e oscips não passam de empresas privadas, que substituem a administração pública e a contratação de profissionais pelo Estado. Várias possuem histórico de investigações e processos envolvendo fraudes, desvios e outros tipos de crimes.

No setor da saúde, essas “entidades”, quando não são instrumentos para corrupção com dinheiro público, servem como puro mecanismo para a terceirização dos serviços, o que resulta invariavelmente na redução dos salários e de direitos dos trabalhadores.

Falando em ensino público municipal, a Educação Infantil tem cada vez mais unidades subvencionadas para entidades que recebem dinheiro público e não são fiscalizadas. A assistência social também tem sido rifada desta mesma forma pelo atual governo.

É evidente que todo esse processo de terceirização à galope em todo o Brasil traz como saldo para a sociedade a má qualidade do atendimento e o desmonte das políticas públicas.

Todos estes anos de subfinanciamento do SUS e demais serviços essenciais, de desmantelamento dos direitos sociais da classe trabalhadora, aumento da exploração e acirramento da crise social, econômica e sanitária são reflexos de um modo de produção que visa apenas obter lucros e rentabilidade para os capitais.

Mercantiliza, precariza e descarta a vida humana, sobretudo dos trabalhadores, enquanto executores dos serviços ou enquanto usuários destes mesmos serviços. O modelo de gestão pública por meio das Organizações Sociais e entidades afins é uma importante peça desta lógica nefasta e por isso deve ser combatido sempre.

E vem aí a Reforma Administrativa por meio da PEC 32, em rápida tramitação no Congresso. O objetivo, como sempre, é simplesmente acabar com o serviço público como conhecemos e transformar as administrações em grandes cabides para contratação de indicados e cabos eleitorais com total respaldo da lei. Também vai, na prática, acabar com os concursos públicos.

O dinheiro público agora poderá ser desviado oficialmente para as empresas amigas, campanhas eleitorais e as rachadinhas (aquele esquema em que o político contrata alguém, mas exige que o contratado deposite parte do próprio salário na conta do político).

A Reforma não acaba com regalias, nem mexe com quem enriquece com elas. Ao contrário, mantêm os privilégios e os altos salários de juízes, políticos, promotores, diplomatas, cúpula dos militares e outros.

O único objetivo dessa Reforma é piorar os serviços públicos e atacar os servidores que atendem a população mais vulnerável.

Não à Terceirização e Privatização dos serviços públicos! Contra da PEC 32 e em defesa das políticas públicas!

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