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03/06/2017     nenhum comentário

Atendimento em pediatria encolhe na UPA Central

Por outro lado, quantidade de consultas cresce 12%, conforme dados apresentados em audiência pública

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Na ultima quarta-feira (31), a Secretaria de Saúde de Santos realizou uma audiência publica referente ao primeiro quadrimestre deste ano da gestão terceirizada na UPA Central.

Nos relatórios lidos rapidamente pelos representantes da Secretaria vai tudo muito bem. Segundo eles, a Fundação do ABC, organização social (OS) que gerencia o serviço alcançou todas as metas e até atendeu muito mais pessoas do que deveria.

Na prática, não é bem assim. Pelos dados mostrados, fica claro que houve, sim, um acréscimo de público no local, mas não dessa maneira assustadora como a Prefeitura pinta.

O munícipe que quiser fazer as contas da evolução de atendimentos não terá vida fácil. Nem a FUABC e nem o Governo disponibilizam os relatórios de prestação de contas em seus sites. No Portal da Transparência só há um dos vários documentos que deveriam estar disponíveis.

Mas nós solicitamos o material e analisamos os números de consultas de janeiro, fevereiro, março e abril desde ano e comparamos com fevereiro, março e abril ne 2016. Janeiro do ano passado não entrou na média porque foi atípico, já que foi o mês de abertura da unidade e não houve atendimento em três especialidades. Como o serviço só começou a funcionar na segunda metade do mês, foi pouco representativa a quantidade de consultas com clínicos gerais.

Ainda assim, foi possível tirar as médias mensais e diárias dos dois períodos. E descobrimos que houve um aumento de 12,5% nas consultas, passando de 597 por dia no período inicial de 2016 para 672 neste começo de 2017.

As consultas com clínicos gerais subiram 16%, saindo de 362 para 421 por dia. Porém, os atendimentos em pediatria encolheram os mesmos 16%, saindo de 110 para 92.

Na ortopedia a alta foi de 9% (de 99 para 108/dia), bem abaixo da maior procura por odontologia, que variou 75% (de 28 atendimentos para 49).

Pediatria

Os dados decrescentes na pediatria chamam a atenção. Eles surgem dias depois de uma reportagem na mídia local mostrar que na UPA apenas dois médicos atendem crianças, número considerado insuficiente.

Durante a audiência, presidida pelo vereador Antônio Carlos Banha Joaquim (PMDB) e pela vereadora Audrey Kleys (PP), a representante da Fundação do ABC, Zilvani Guimarães, informou que a UPA mantém a mesma quantidade de funcionários (153) e médicos (50) da época de inauguração, há um ano e meio.

Os médicos, aliás, são contratados de forma quarteirizada, já que não pertencem ao quadro de funcionários da OS. Eles atuam por outras empresas ou em sistema de pessoa jurídica (PJ).

Problemas também persistem

A UPA, como é de conhecimento geral, está longe de ser um modelo de excelência, agilidade e humanização prometido pelo Prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), pelo ex-secretário de Saúde, Marcos Calvo, e pelo atual titular da pasta, Fábio Ferraz.

Pelo contrário! A unidade comandada FUABC, empresa com diversas irregularidades apuradas nas cidades onde atua, bate recordes de reclamações a cada dia, com denúncias na imprensa local e com inquérito em andamento no Ministério Público.

As queixas dos pacientes são variadas. Mas as mais comuns são as longas esperas para atendimento (até 6 horas nos dias com mais movimento) e as consultas superficiais, realizadas por médicos recém-formados.

Médicos que acabam sendo penalizados pela grande carga de trabalho. Não por acaso uma paciente que passou pela unidade não teve seu caso diagnosticado corretamente e agora corre o risco de perder o dedo do pé, por um problema vascular não identificado e pela falta de vaga de internação na especialidade.

Na UPA os pacientes têm esperado até em pé́, conforme mostrou a TV Tribuna no mês passado. Denuncias dão conta de que é recorrente a falta material e que, por vezes, o desabastecimento é suprido por insumos remanejados das unidades municipais. Faltam leitos e as viaturas dos bombeiros que resgatam pacientes sofrem para voltar às suas bases por conta das macas que ficam “presas” no local.

As equipes também estão sobrecarregadas e os terceirizados enfrentam problemas de falta de estrutura. Nos casos realmente graves, os pacientes são removidos para o antigo PS Central, que continua funcionando de portas fechadas, como principal referência de retaguarda, apesar de ter sido intensamente sucateado nos últimos anos.

Ou seja, a UPA foi terceirizada a peso de ouro para fornecer atendimento de urgência e emergência, mas quando os casos são mais complexos são os servidores municipais que acabam resolvendo.

Tudo em paz: culpa é das outras cidades

Apesar de todos esses problemas, para a Prefeitura não há motivos para advertir a OS. Na audiência pública, mais uma vez Ferraz frisou que a demanda que vem de outras cidades é o único e exclusivo fator que explica a insatisfação dos usuários santistas.

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A maioria dos vereadores presentes pegou carona nesse argumento, sem que dados concretos sobre a procedência dos pacientes fosses expostos na prestação de contas. Os presentes lavaram as mãos e se abstiveram de fazer perguntas mais contundentes, dignas do papel de fiscalização do Executivo.

Com todas as deficiências na gestão, a OS deverá em breve ser presenteada com uma repactuação do contrato, hoje fixado em R$ 19,1 milhões por ano. De acordo com Ferraz, o Município inclusive está pleiteando que o repasse de R$ 250 mil mensais do Governo Federal para o serviço seja dobrado.

O aditamento deverá também ter recursos extras do orçamento municipal. É mais dinheiro sendo transferido para uma empresa que desempenha de forma insatisfatória a gestão de um serviço fundamental na cidade.

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