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31/03/2020     nenhum comentário

Falta de EPIs na Saúde: “Somos pressionados o tempo inteiro e não nos dão uma máscara decente”

Em Praia Grande, funcionários denunciam que material distribuído é inadequado e em quantidade insuficiente para os que atuam na linha de frente do combate ao vírus

MASCARAS_TAPEAR

Médicos e demais trabalhadores da saúde do Brasil e também da Baixada Santista estão vivendo uma cruzada insana contra um inimigo invisível. Eles estão na guerra, mas não possuem armas ou mesmo escudos para se protegerem.

É o que relatam profissionais com quem conversamos nos últimos dois dias. Em Praia Grande, causou repercussão a distribuição de máscaras feitas de um tecido semelhante a TNT, sem qualquer tipo de filtro, para os funcionários do Hospital Irmã Dulce, Pronto Socorro e UPA Samambaia.

“Entregaram só para nos tapear. Querem nos fantasiar para dizer que nos fornecem proteção. Estamos por um acaso num baile de máscaras ou estamos tentando derrotar uma pandemia?”, pergunta uma enfermeira, que não vamos identificar por razões óbvias.

A funcionária conta que o clima é de pressão e assédio na rede de saúde do Município. “Quem reclama é punido com demissão ou com transferência de setor. Aconteceu isso com um colega do SAMU. Simplesmente porque ele pediu para sua chefia equipamento de proteção individual para trabalhar foi removido de unidade”.

A profissional conta que a organização social que administra todo o sistema de urgência e emergência de Praia Grande não tem dado respaldo para as equipes trabalharem com segurança. Ao mesmo tempo, nos ambulatórios médicos das cidades, idosos e demais pacientes continuam indo a consultas que não deveriam estar sendo realizadas nesse momento. “A maior parte das pessoas não está acreditando na necessidade do isolamento social. Acham que estão protegidas e por Deus e não fazem a sua parte”.

Demissão

Em Votuporanga, uma profissional que trabalhava no Mini-Hospital Fortunata Germana Pozzobon, foi demitida após seu áudio no whatsapp vazar. Na mensagem ela criticava a falta de condições de trabalho que os funcionários da área de saúde estavam enfrentando na Cidade. A organização social Santa Casa de Misericórdia de Votuporanga, responsável pela gestão dos serviços de urgência e emergência, demitiu a profissional.

No Rio de Janeiro, uma guerra judicial está sendo travada paralelamente à pandemia. Só após a conquista de uma liminar no sistema judiciário é que as organizações sociais que gerenciam unidades públicas de saúde no Estado estão sendo obrigadas a disponibilizar, imediatamente, equipamentos de proteção individual (EPI) aos trabalhadores, incluindo itens como álcool em gel, gorro, óculos de proteção ou protetor facial, máscara cirúrgica (N95, FFP2), avental e luvas de procedimento.

A decisão foi da juíza do trabalho Patrícia Lampert Gomes, em uma ação protocolada pelo Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro (SindEnfRJ). Segundo o sindicato, a falta dos equipamentos adequados para proteger quem está na linha de frente no combate ao novo coronavírus tem sido alvo de denúncias frequentes.

É importante lembrar que a rede pública acumula vários anos de ataques contra o SUS, com cortes, redução de pessoal e falta de investimentos em equipamentos e nas estruturas das unidades de saúde, terceirização de serviços para organizações sociais fichas sujas que buscam apenas lucro, entre outros. Esse cenário se aprofundou após a aprovação da Emenda Constitucional nº 95, que congelou investimentos, inclusive na saúde. Nessa área, especialistas apontam que as perdas para o SUS já chegam a R$ 20 bilhões em poucos meses.

Ou seja, apesar de toda a demagogia que tomou conta das três esferas do poder público nesse período de isolamento, fazendo inclusive campanhas demagógicas de “é hora de unir o país”, “todos pela saúde”, homenagens às equipes de saúde etc, a realidade é que os trabalhadores de saúde e demais setores essenciais estão sendo jogados na linha de frente, usados como principal “ferramenta” do Estado para combater a expansão da pandemia.

Para piorar, estão fazendo isso completamente desamparados, sendo obrigados a trabalhar com um alto risco, sem receber qualquer adicional de insalubridade. Todos os dias eles administram os riscos de contágio próprio, dos colegas e dos pacientes e, também, de suas famílias.

 

 

 

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