denuncie Denuncie! denuncie
O.S. em Santos NÃO!
Facebook
Youtube
09/09/2018     nenhum comentário

UPA terceirizada pela Prefeitura piora a cada dia

Falta de resolutividade nos atendimentos e inconsistências nos diagnósticos são rotina na unidade comandada pela OS ficha suja FUABC

As UPAs foram criadas para resolver parte das emergências em saúde, desafogando os setores de urgências dos hospitais. Assim, estes últimos poderiam se concentrar no tratamento de casos mais graves.

Nas UPAs os médicos devem prestar socorro, controlar o problema e detalhar o diagnóstico aos pacientes. Os profissionais devem analisar cada caso e decidir se é necessário encaminhar o doente a um hospital com mais recursos ou se basta medicá-lo e mantê-lo em observação por 24h.

Na UPA Central de Santos os objetivos acima descritos parecem não ter sido absorvidos pela organização social que recebe R$ 21 milhões/ano para gerenciar o serviço. Inaugurada há quase três anos com a promessa de prover atendimento referência na região, a unidade é recordista de reclamações. Boa parte dos usuários tem relatado falta de resolutividade no atendimento e inconsistências nos diagnósticos.

Um exemplo é o caso do pai do motoboy Carlos Henrique Alves de Moura. Ele contou ao Ataque aos Cofres Públicos que o pai esteve várias vezes na UPA em estado bastante debilitado por causa de um câncer na língua e também problemas no fígado. Os médicos só encaminhavam para o soro. “Ele ficava algumas horas em observação e depois davam alta para que se recuperasse em casa. Mas ele sempre piorava. A gente voltava e de novo eles liberavam. Isso aconteceu até mesmo quando ele vomitou sangue”, lembrou.

Encontramos com Carlos Henrique na última segunda-feira, na porta da UPA. Era a última vez em dois meses que ele havia acompanhado o pai em busca de ajuda na unidade. Voltou porque o quadro mais uma vez se agravou. “Acredito que nessas idas e vindas, sem um encaminhamento para um tratamento adequado, ele acabou piorando”.

Soubemos na terça-feira (4) que o estado do paciente ficou tão delicado que desta vez admitiram a Carlos Henrique que seu pai precisaria de cuidados intensivos. Finalmente ele foi encaminhado para a UTI Santa Casa, onde permanece até o momento em que esse texto é escrito.

“A pessoas ficam lá abandonadas. Eles só dão soro, observam e mandam embora. Na segunda-feira passada (3), tinha um rapaz transtornado pelo tratamento que estavam dando a uma familiar. Parece um açougue”.

Outro paciente que se queixou foi João Paulo Mendes dos Santos. Desempregado, ele suspeita de que um caroço num dos testículos possa ser um tipo de tumor. O problema faz com que ele sinta muitas dores, inclusive nas pernas.

João Paulo tem dificuldades até mesmo para andar. Emagreceu nas últimas semanas e acabou perdendo o emprego como balconista numa padaria, devido a dificuldade de se manter de pé por muitas horas.

Quando encontramos com o jovem, ele estava apreensivo. “Vim agora do Hospital Guilherme Álvaro para UPA. Lá no hospital eles disseram que só poderiam me tratar com encaminhamento de algum serviço de saúde. Então me mandaram para a UPA. Aqui expliquei todo o caso para o médico e ele disse que não poderia fazer muito. Me orientou a ir atrás de um exame por conta. Pagar uns R$ 200,00 para saber o que eu tenho. Só depois disso eu poderia voltar na UPA para eles fazerem algum tipo de encaminhamento para algum hospital da região”.

Resultado: João Paulo segue com dor e como perdeu o emprego, não sabe quando poderá pagar pelo tal exame. Perplexo, não sabe o que fazer para resolver o problema. O caroço tem crescido e aumentado sua angústia. “Eles ficam jogando a gente de um lado para o outro. Não querem resolver o problema. Querem se livrar das pessoas”.

 

“Meu pai veio para UPA e está numa sala que não é repouso e nem enfermaria. Uma sala que eles arrumaram lá. Ele tem um tumor grau 4. Está desde ontem (2/9), às 10h30 da manhã, aguardando médico para orientar, para medicar. O médico tem um monte de pacientes, dezenas, centenas de pessoas numa situação também difícil. Meu pai está lá gritando de dor. Uma situação deprimente. Quem não tem condições de pagar plano de saúde vem pro SUS e se depara com essa situação deplorável. Meu pai é idoso, um cara que trabalhou 40 anos, se aposentou, contribuiu com todos os impostos e está aí nesta situação. Se disseram que o atendimento na UPA seria de excelência, não é o que está acontecendo. Não tem excelência onde centenas de pessoas esperam horas para serem atendidas. O número de profissionais é limitado. Meu pai está numa cadeira, não é nem uma maca. É uma cadeira que deita. Está assim desde ontem e só dizem que não tem vaga nem mesmo no repouso”.

tarcio-terras-sarabe

Tárcio Terras Sarabe, autônomo

“Quando a gente chega, o pessoal já avisa lá na frente que vai demorar. E acontece isso mesmo. De 4 a 5 horas de espera, para depois ficar nem 10 minutos dentro do consultório. Vejo excesso de gente para ser atendida e pouco profissional para atender. Não tem um dia que tá vazio isso aqui. Eu levei uma pancada na costela e tive dificuldade para respirar. Cheguei na UPA 11h20 e saí 15h29. É muito demorado. A empresa não coloca mais funcionários para atender para não ter custo. É assim que funciona. Quanto menos custo, mais dinheiro para pro bolso do empresário. E a população segue sofrendo. Infelizmente é assim que funciona”.

rubens-lino-dos-santossite

Rubens Lino dos Santos, caminhoneiro aposentado

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *