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18/02/2018     nenhum comentário

UPA dispensa pacientes que precisam de internação

Ao longo dos dois anos de funcionamento da unidade os repasses financeiros para FUABC aumentaram, enquanto o índice de resolutividade só cai

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A aposentada Maria Cristina Ferreira Siqueira e a vendedora Rosemeire Macena Lima não se conhecem mas têm algo em comum. Ambas procuraram a UPA Central de Santos no último dia 5 para tratar de problemas sérios de saúde. As duas retornaram para casa frustradas e muito preocupadas.

Ao chegarem na unidade, que deveria ser a porta de entrada para procedimentos e/ou tratamentos que demandam internação, ouviram justificativas como: “aqui não podemos fazer mais nada”.

Resumindo, elas não foram encaminhadas para outros serviços. Foram solenemente dispensadas sem qualquer perspectiva de melhora de seus quadros.

Como se sabe, a UPA é um equipamento público, mas foi inaugurada já sob o comando de uma empresa – a organização social Fundação do ABC. Segundo o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), a terceirização viria para tornar a unidade uma “referência” em atendimento de urgência e emergência na Baixada Santista.

Chamado de Pinóquio por boa parte dos santistas, o prefeito tucano não entregou o que prometeu há dois anos. A UPA está longe de ser referência e, como mostram as histórias de Maria Cristina e Rosemeire, fracassa no seu objetivo básico de acolher, estabilizar e encaminhar para a rede hospitalar os pacientes que precisam.

No caso de Rosemeire, os detalhes causam espanto pelo estado em que encontramos a moça na porta da unidade. Ela acabara de ter alta, mesmo se contorcendo com dores abdominais. A vendedora procurou a UPA com sangramentos e cólicas extremamente fortes. Também relatou estar perdendo muito sangue, na forma de grandes coágulos.

Apesar de ter sido medicada com Buscopan, continuou sentindo muita dor. Ela e a família suspeitavam de um aborto espontâneo. A médica preferiu apostar em um mioma ou cisto e deu alta após a medicação.

A irmã da jovem desabafou ao Ataque aos Cofres Públicos. “Eu acho que as pessoas só devem ter alta depois que os problemas forem realmente resolvidos. Nem um ultrassom foi pedido pra saber a causa da dor e do sangramento. Ela deveria ter ficado lá dentro até melhorar ou até conseguir uma remoção de ambulância para algum hospital que possa fazer exames. Mas a médica disse que não podia fazer mais nada”, relatou.

Indignadas, elas decidiram procurar por conta própria o Hospital dos Estivadores para tentar uma internação.

Descaso

Já a aposentada Maria Cristina procurou o Ataque aos Cofres Públicos para denunciar o que ela chama de “descaso com a vida”. Na denúncia ela explica que sofre com problemas cardíacos e que a qualquer momento pode ter um infarto se não for submetida a uma angioplastia.

Desde novembro ela tenta a cirurgia para colocação de um stent. “Há três meses fui submetida a um cateterismo na Santa Casa. O exame apontou uma artéria obstruída em 95%. Na época fui preparada para passar por cirurgia lá mesmo, mas desmarcaram em cima da hora, alegando que não tinha vaga para internação. Deram alta e me orientaram a procurar uma cardiologista da rede para solicitar o encaminhamento para uma nova tentativa de angioplastia.

Maria Cristina conseguiu agendar a consulta apenas para o dia 2 de fevereiro. A médica fez uma carta de encaminhamento, solicitando à rede de urgência e emergência a internação para realização do procedimento. Munida da solicitação, a aposentada compareceu na UPA três dias depois.

“Disseram que minha carta não era mais válida e que não poderiam solicitar minha internação. Mandaram começar o todo o procedimento de novo, ou seja, agendar uma consulta para obter outra carta de encaminhamento e só então voltar na UPA. E se eu enfartar nesse meio tempo? Quem se responsabiliza? Como eles podem agir com esse descaso? É uma vida em risco. Eles nos tratam como se estivéssemos pedindo favor”, desabafou a aposentada, decidida a procurar seus direitos enquanto espera mais alguns meses para recomeçar o processo.

A Fundação do ABC, que comanda a UPA, receberá este ano R$ 22 milhões dos cofres públicos. A terceirização do serviço, em substituição ao antigo PS Central, completou dois anos em janeiro. De lá pra cá, a baixa resolutividade e falta de humanização no atendimento só pioram. O desfalque nos cofres municipais também.

Veja mais relatos abaixo:

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