UPA Central segue atormentando a vida dos pacientes
Serviço piora a cada dia, enquanto empresa que gerencia a unidade segue embolsando muito dinheiro
Mais uma semana extremamente difícil para as pessoas que dependem da rede de urgência e emergência em Santos.
Na UPA Central, o martírio de sempre: equipes reduzidas, muita procura por atendimento e incompetência da empresa gestora da unidade formam a equação do caos.
Que o diga o fiscal de contêiner Willian Tadeu Leite Boaventura. Ele sofreu um acidente de moto na manhã do dia 16. A queda exigiu analisar possíveis fraturas na perna, quadril e joelho.
Willian chegou na UPA Central de ambulância, recebeu a pulseira amarela, que indica o segundo nível mais alto de prioridade no atendimento. Mesmo assim, demorou duas horas para ser examinado pelo ortopedista e mais uma hora para fazer as radiografias.
“Se eu, que cheguei com dor, precisando de atendimento de urgência, esperei tudo isso, imagine as outras pessoas?”.
Para Wilian é complicado entender como a Fundação do ABC, a organização social contratada pela Prefeitura para administrar a UPA, recebe religiosamente repasses que somam R$ 21 milhões ao ano sem ter capacidade de atender as pessoas adequadamente.
“Muito dinheiro vai para a empresa, enquanto os funcionários estão trabalhando em número reduzido, sobrecarregados”.
Reflexões parecidas têm o controlador de acesso Eduardo de Jesus Alves. Ele foi até a unidade na última terça-feira (16), com pressão alta, mas depois de esperar duas horas e meia sem ser chamado, desistiu e voltou para casa.
“Eu recebi a classificação verde, que é mais prioritária do que a azul, dada para a maioria dos pacientes. Mesmo assim, demoraram. Desisti. Isso não é possível”, disse.
O filho de Eduardo também estava doente e foi com os pais na unidade. A criança teve de esperar cerca de duas horas e meia para ser avaliada por um pediatra.
Por conta do crescente volume de críticas oriundas das duas UPAs terceirizadas para organizações sociais (OSs) na Cidade, o inesperado aconteceu. A Câmara se mexeu e uma Comissão Especial de Vereadores (CEV) para abordar especificamente os problemas das duas unidades foi proposta na semana passada.
Também estavam sendo colhidas assinaturas para a criação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar as seguidas mortes suspeitas registradas na UPA Central e na UPA da Zona Noroeste. Até o momento o requerimento não foi concretizado. Não sabemos o motivo, mas sabemos que provavelmente haverá resistência por parte da maioria dos vereadores em concordar com uma CEI na saúde. Muitos são da base aliada do governo e apoiaram a aprovação da Lei das OSs em Santos, mesmo sendo alertados de todos os estragos que esse tipo de terceirização cara e irresponsável tem acarretado em centenas de municípios brasileiros.
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