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19/06/2017     nenhum comentário

UPA Central de Santos: paciente é obrigada a comprar gesso para ser atendida

Na unidade terceirizada para a FUABC, vítima de acidente esperou mais de quatro horas por atendimento; até algodão estava em falta

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Na audiência pública de prestação de contas da Fundação do ABC, realizada no fim de maio, na Câmara de Santos, o secretário de Saúde, Fábio Ferraz, disse que a atuação terceirizada da organização social na UPA Central é satisfatória. Ele e seus assessores frisaram que os problemas que ocorrem no atendimento são pontuais e culpa das cidades vizinhas.

Menos de uma semana depois e as palavras ditas no evento pró-forma foram colocadas em xeque por fatos noticiados na imprensa e constatados por vereadores.

O Programa Hora Geral, da TV Santa Cecília, conduzido pelo apresentador e ex-vereador Douglas Gonçalves, destacou o martírio da paciente Givanilda de Jesus Souza. Ela se acidentou de moto e teve de esperar mais de quatro horas na noite do último dia 5 para ser atendida. O motivo? Não tinha gesso para imobilizar o pulso fraturado. Os funcionários da OS a orientaram a esperar para fazer a imobilização. O problema é que não deram um prazo para o reabastecimento do insumo na unidade.

Com dores e sem condições de sofrer mais, ela acabou pedindo para uma amiga comprar o gesso. Só depois disso o procedimento no braço foi feito.

Um jovem que também estava com fratura enfrentou a mesma dificuldade. Buscou atendimento no mesmo dia e foi informado que a unidade estava sem talas, sem gesso e sem condições de fazer a imobilização.

Cabe destacar que o programa de TV que fez a denúncia é conduzido pelo mesmo profissional que aprovou, em 2013, quando vereador, o projeto de lei de autoria do Executivo que autoriza a entrada das OSs e a terceirização na saúde de Santos. Na época, o Ataque aos Cofres Públicos tentou entrevistar o então parlamentar para entender o que motivou sua decisão. Ele se negou a falar com o site.

Importante ressaltar que o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) também está sendo desmentido semanalmente diante das denúncias da má qualidade no atendimento da UPA. Barbosa disse na inauguração da unidade, em janeiro de 2016, que o novo modelo de gestão por OSs seria a solução para todos os problemas da rede de urgência e emergência.

Na época, seus secretários de Saúde, Marcos Calvo, e de Gestão, Fábio Ferraz (hoje na pasta da Saúde) engrossaram o discurso, afirmando que além das entidades serem mais eficientes, a gestão terceirizada é menos burocrática e mais ágil na prestação dos serviços, já que consegue comprar mais rapidamente materiais, adquirir medicamentos e contratar pessoal.

Na imprensa e na boca do povo as promessas estão caindo por terra. São várias as reportagens mostrando a contínua piora no serviço da UPA gerida pela Fundação do ABC. Ironia do destino ou apenas mentiras deslavadas sendo desmascaradas? Uma coisa é certa: o Ataque aos Cofres Públicos alertou que o desperdício de recursos públicos iria acontecer.

Problemas com a OS começaram cedo

 Assim como equipes de TV, o vereador Fabrício Cardoso (PSB) foi até a UPA apurar a denúncia de falta de gesso no setor de ortopedia. Ele disse que foi marcado no Facebook por um munícipe que postou uma reclamação sobre o assunto.

No último dia 6 de junho, o parlamentar resolveu ir até o local e gravou um vídeo mostrando que as queixas dos pacientes procedem. Além do gesso, estava em falta até mesmo algodão.

Exatamente um ano antes do programa Hora Geral e demais veículos destacarem a precariedade da UPA Central terceirizada, o Jornal Diário do Litoral já destacava a quarteirização de médicos na UPA, mostrando ainda outros problemas no setor.

Em reportagem de 8 e junho de 2016, o então vereador Evaldo Stanislau (Rede) denunciava uma série de situações absurdas, entre elas o fato de a sala de gesso da unidade não permitir a passagem de cadeiras de rodas. Ou seja, as pessoas acidentadas tinham de ser carregadas por familiares para serem submetidas aos procedimentos de imobilização.

Doze meses depois, vem à tona a falta de materiais básicos. Uma situação que só não foi escancarada antes porque, conforme relatos de servidores dos Prontos Socorros, muitos insumos são remanejados de outras unidades para evitar um desfalque maior na UPA.

Cadê a propagada eficiência da UPA, que já recebeu mais de R$ 26,1 milhões desde que assumiu a unidade?

CEV e investigações não deram em nada

Algo de muito estranho acontece em Santos. As reclamações dos pacientes sobre a UPA Central e sobre a Fundação do ABC extrapolam as redes sociais e tem sido mostradas em jornais e até em veículos da imprensa local menos afeitos a criticar o Governo tucano.

No entanto, nada de prático acontece para reverter a situação. Pelo contrário, a OS deverá receber mais verba, em um aditamento contratual que está prestes a ser oficializado.

No ano passado, a Câmara de Santos aprovou a criação de uma Comissão Especial de Vereadores (CEV) para acompanhar o contrato firmado com a Fundação ABC, mas seus membros pouco fizeram para fiscalizar como o dinheiro público repassado à entidade de fato é gasto.

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A gestão terceirizada da UPA também está sendo investigada há mais de um ano pelo Ministério Público. No entanto, a 18ª promotora de Justiça de Santos, Marisol Lopes Mouta Cabral Garcia, que instaurou inquérito civil, ainda não tem prazo para finalizar a apuração de possíveis irregularidades na unidade. O inquérito foi aberto após um paciente ser encontrado em parada cardiorrespiratória no banheiro do equipamento. Ele acabou falecendo. Há indícios de que o idoso foi alvo de negligência.

A Fundação do ABC também é alvo de fiscalização de uma frente parlamentar na Assembleia Legislativa de São Paulo.

 

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