UPA Central de Santos: paciente é obrigada a comprar gesso para ser atendida
Na unidade terceirizada para a FUABC, a vítima de acidente de moto ficou esperando mais de quatro horas por atendimento. Vereador constatou que até algodão estava em falta.
Na audiência pública de prestação de contas da Fundação do ABC em Santos, realizada no fim de maio, na Câmara dos Vereadores, o secretário de Saúde de Santos, Fábio Ferraz, assim como seus assessores, disseram que a atuação terceirizada da organização social estava a contento e que os problemas que ocorrem no atendimento são culpa das cidades vizinhas.
Menos de uma semana depois e as palavras das autoridades foram colocadas em xeque por fatos noticiados na imprensa e constatado por vereadores.
O Programa Hora Geral, da TV Santa Cecília, conduzido pelo apresentador e vereador Douglas Gonçalves (DEM), destacou o martírio da paciente Givanilda de jesus Souza. Ela se acidentou de moto e teve de esperar mais de quatro horas na noite do último dia 5 para ser atendida. O motivo? Não tinha gesso para imobilizar o pulso fraturado. Ela estava com dores e os funcionários da OS a orientaram a esperar indefinidamente para fazer a imobilização. Para não sofrer mais ela acabou pedindo para uma amiga comprar o gesso e só assim o procedimento foi feito. Veja aqui a matéria, exibida em 7 de junho.
Um jovem que também estava com fratura, segundo a produção do programa, enfrentou a mesma dificuldade. Foi informado que a unidade estava sem talas, sem gesso e sem condições de fazer a imobilização.
Cabe aqui destacar que o programa que mostrou a denúncia é conduzido pelo mesmo vereador que aprovou o projeto de lei de autoria do Executivo que autorizava a entrada das OSs e da terceirização na saúde de Santos. Na época, o Ataque aos Cofres Públicos tentou entrevistar Gonçalves para entender o que motivou sua decisão e ele se negou a nos atender.
Cabe também ressaltar que quando o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) disse na inauguração da UPA que o novo modelo de gestão por OSs seria a solução para todos os problemas da saúde, pois além das entidades serem mais eficientes, a gestão terceirizada é menos burocrática e mais ágil na prestação dos serviços.
Há exatamente um ano antes do programa Hora Geral destacar a precariedade da UPA Central terceirizada, o Diário do Litoral destacava a quarteirização de médicos na UPA e mostrava outros problemas no setor. Na época, o então vereador Evaldo Stanislau (Rede) denunciava na reportagem uma série de situações absurdas, entre elas o fato de a sala de gesso da unidade não permitir a passagem de cadeiras de rodas. Ou seja, pessoas acidentadas tinham de ser carregadas por familiares para fazer os procedimentos de imobilização. Leia aqui.
Voltando a 2017 e à falta de materiais básicos, lembramos que o vereador Fabrício Cardoso (PSB) também foi até o local apurar a mesma denúncia. Ele disse que foi marcado no Facebook por um munícipe que postou uma reclamação sobre o assunto. Resolveu ir até o local e gravou um vídeo mostrando que as queixas dos pacientes procedem.
Além da falta de gesso, estava em falta algodão para curativos no setor de Ortopedia. Veja o vídeo aqui.