UPA Central de Santos fica sem Raio-X e pacientes ficam na mão

Há pouco mais de dois anos, um dos argumentos do Governo de Santos para a contratação de uma organização social na nova UPA Central era a agilidade da nova modalidade de gestão e a garantia da qualidade no atendimento.

São muitas as evidências cotidianas que mostram a falácia do discurso. Demora no atendimento, falta de medicamentos e insumos, equipes reduzidas, entre outros. Na semana passada tivemos mais um elemento a desmentir o blá blá blá de que OSs trazem eficiência ao SUS. Por cinco dias os pacientes da unidade de urgência e emergência ficaram sem Raio-X, algo básico em um pronto-atendimento.

Desde pelo menos o último dia 10, pacientes com fraturas e outros problemas ortopédicos ou respiratórios que procuraram a UPA foram atendidos pela metade. Todos que precisaram de radiografia foram orientados a se locomover para outras unidades por conta própria, já que a FUABC não conta com ambulância ou qualquer outro meio de transporte próprio.

No último dia 13, várias pessoas reclamaram da situação. Muitas ficaram indignadas em saber que a empresa contratada pela Prefeitura recebe R$ 21 milhões e não consegue proporcionar o básico.

A jovem Daniele Santos fraturou o pé e teve que se virar para conseguir uma radiografia. “Eu cheguei aqui e disseram que não tinha Raio-X. Me mandaram ir para o PS Central. Eu fui por conta própria. Não está certo. Fora a demora para ser atendido”, relatou.

A dona de casa Ângela Maria Costa também ficou insatisfeita com o atendimento que sua mãe, de 77 anos, obteve no local, na última segunda (13). “Mesmo ela chegando de ambulância com dor no peito e falta de ar, houve muita demora. O bombeiro circulou na papelada de entrada que ela precisava de atendimento imediato e nem assim adiantou. Chegamos 8h30 e só às 10h30 ela tomou medicamento”.

Já Darcelene Rodrigues desistiu de esperar por auxílio para a filha. A jovem buscava ajuda para minimizar uma cefaleia extremamente forte, que a fez até desmaiar do dia anterior. “Viemos apenas para ver se dão uma injeção para ela aguentar a dor, que é fortíssima, enquanto os exames que tivemos que fazer de forma particular não ficam prontos. Mas desistimos de esperar”.

“Está nítido que tem muita gente para ser atendida e pouca gente para atender. Poucos funcionários”, finaliza Maria Carmen Aguiar.

Veja o que dizem outros usuários:

“A minha filha está com problema no joelho, ela caiu e veio passar por atendimento na UPA. Fez o atendimento no ortopedista, mas ele falou que não tinha Raio-X. Apenas deu dipirona. A gente vai ter que procurar outro local para tentar fazer o que realmente precisa fazer. Quer dizer, de urgência não tem nada. Não é UPA? Não e urgência pra gente fazer uma radiografia, ver o que aconteceu? Quero saber com a Prefeitura o que aconteceu com o Raio-X. Eles põem na televisão propaganda da UPA, mas na hora que a gente precisa está faltando? Isso porque é uma pessoa de idade. E se fosse uma criança? Pra onde eu ia com essa criança? E se fosse algo mais grave?”.

Gilca Albuquerque Horta, dona de casa

“Me machuquei e vim na UPA, mas soube que Raio-X não estão fazendo. Me encaminharam para a Santa Casa. Eu não vim de transporte e não tinha como ir. Alegaram que pra ir de ambulância teria que esperar muito, que não tem horário pra sair. Então eu fui com dor à pé até a Santa Casa e voltei com o exame. O atendimento não está bom. Acho que isso não está certo. Tem que melhorar muito”.

Rair da Silva Santos, zelador

“Fui agredida na rua e dei entrada com uma urgência, na sexta (10). Foi solicitado um Raio-X, mas estava quebrado o aparelho. Além da espera para passar no médico, fiquei esperando bastante no setor de Raio-X. Depois fui comunicada que estava quebrado. Acabei dando entrada na internação e fui transportada depois para o PS Central, onde foi feito o exame. Além disso, na UPA é ruim o atendimento porque os médicos passam e a gente tem uma certa dificuldade para falar com eles. São médicos que vem só pra assinar a alta, médico só de passagem. Que eu saiba os médicos são pagos por uma carga horária, são obrigados a estar no hospital. Mas quando a gente precisa acontece essa ausência. Não vejo nenhum tipo de fiscalização”.

Gleidiselma Lima Moraes, dona de casa

“Estou aqui desde 9h30 da manhã e ainda não fui atendida. Estou com o número 43, já tive com três números na mão e nenhum saiu. Eu não estou entendendo como está isso aí dentro. E a moça ainda falou na minha cara que se me atenderem ainda vou ter que ir para a Santa Casa para fazer radiografia. Desisti do atendimento e estou indo embora. Sempre trabalhei com terceirizada. Sempre perdi. Tanto que me aposentei pelo Loas porque as empresas não pagavam corretamente as contribuições nos meus registros”.

Marilene Soares Pinheiro, aposentada